Nova série da Netflix apresenta uma Hollywood que nunca foi, mas que deveria ter sido.
Pode ler essa crítica sem medo porque ela é sem spoilers.
Sinopse: Hollywood acompanha um grupo de aspirantes a atores e cineastas em Hollywood após a Segunda Guerra Mundial, enquanto tentam chegar a Tinseltown – não importa o custo. Cada personagem oferece uma visão única por trás da cortina dourada da Era de Ouro de Hollywood, destacando os sistemas injustos e preconceitos de raça, gênero e sexualidade que continuam até hoje.
A série Hollywood foi criada por Ryan Murphy e Ian Brennan que juntas já trabalharam em sucessos como Glee e Scream Queens. A Netflix que apostou alto em Ryan, fez um acordo de 300 milhões de dólares, para que Ryan Murphy produzisse conteúdo exclusivo para a plataforma de streaming por 5 anos.
No início da série vemos a cidade que é um ímã para os jovens sonhadores da América, que querem fazer parte do glamour dos filmes de Hollywood.
A obra retrata uma Hollywood da década de 1940, a chamada era de ouro da indústria cinematográfica, mas se fosse realmente uma era de ouro para todos? Em outras palavras, se negros e gays tivessem participações em grandes filmes, e se novatos ganhassem o seu primeiro papel no cinema?
Hollywood é uma fantasia sobre um grupo de amigos que lutam constantemente contra uma sociedade preconceituosa e discriminante, e que sonham com o sucesso no ramo cinematográfico.
Um desses sonhadores é Jack Castello (David Corenswet), um jovem ingênuo, bonito e musculoso, recém-saído da guerra e com uma esposa grávida para sustentar.
Apenas um dos milhares jovens que perambulam por Hollywood, em busca do mesmo sonho de fama e estrelato, sua decepção inicial por não conseguir nenhum papel é rapidamente corrigida quando ele conhece uma figura excêntrica, Ernie West (Dylan McDermott), um sujeito empreendedor que administra um posto de gasolina com serviço especializado em fornecer prostitutos masculinos para a elite de Hollywood.
Jack é correto e ama sua esposa, mas quando vê seus sonhos desmoronando rapidamente e sua família precisando de dinheiro, ele aceita a proposta de Ernie e aceita esse novo trabalho, apesar de se sentir culpado de está mentindo e traindo a sua esposa. No novo emprego Jack descobre que o sexo é o caminho mais fácil para que ele adentre na indústria do cinema.
O enredo principal de Jack se entrelaça com um monte de narrativas paralelas: há o escritor gay negro Archie (Jeremy Pope), que trabalha no mesmo posto que Jack como prostituto; Raymond (Darren Criss) um jovem diretor em busca de sua primeira chance e namorado de Camille (Laura Harrier) uma jovem negra que deseja atuar em um papel de destaque, diferente dos estereotipados por negros; um ator gay e meio lerdo chamado Rock Hudson (Jake Picking).
O enredo principal da série segue a produção do controverso filme chamado Peg, sobre Peg Entwistle, uma jovem que se matou pulando da placa de Hollywood após não conseguir ser uma estrela do cinema.
O grande destaque da série vai para sua gigantesca gama de personagens, cada um oferece uma visão única de Hollywood. Todos são muito bem desenvolvidos e os atores dão um show de atuação nos fazendo torcer e sofrer junto de cada um.
Chama atenção a atuação de Jim Parsons (The Big Bang Theory) como o viscoso Henry Willson, um agente duplicado que coloca o jovem Rock Hudson sob suas asas e fará de tudo para que seu novo associado seja um astro de Hollywood.
Depois de 13 anos fazendo o Sheldon, protagonista de The Big Bang Theory, é muito bom vermos Jim Parsons em uma outra obra, esse ator brilha independente do estereótipo de seu personagem, sua atuação em Hollywood é digna de Emmy.
Nesta versão da Era de Ouro de Hollywood, todos os velhos preconceitos estão em jogo: racismo, anti-semitismo, envelhecimento, homofobia. Tais coisas, no entanto, não impedirão nossos jovens heróis e heroínas da trama. Quando eles se reúnem com seu filme sobre Peg Entwistle, eles não apenas realizarão seus sonhos como mudarão para sempre a história do cinema.
Isso faz da série uma história alternativa, quase que ficcional, em que um punhado de escritores, atores, diretores e produtores de Hollywood corajosos romperam as barreiras sociais, raciais e de gênero, realizando essa tarefa em um momento mundo mais difícil que o atual. No ano atual 2020, essas mesmas as barreiras ainda se mostram invioláveis e permaneceram assim por mais alguns anos.
O resultado final é divertido, mas confuso. O que começa como uma crítica a mídia de se apegar às mesmas narrativas, as poucas chances dadas aos negros e gays no cinema, se torna uma revolução nunca antes vista da sétima arte.
Nota Final: 4.0 / 5