No meio de tantas séries juvenis que são lançadas, é difícil de achar uma que fuja do modelo já saturado que é mostrado a cada novo lançamento, das problemáticas que são abordadas sempre da mesma maneira, mas Euphoria veio para mostrar que é possível fazer uma série jovem abordando temas já batidos com um olhar diferente e um aquém de originalidade.
Sinopse: Euphoria segue “um grupo de estudantes do ensino médio enquanto exploram o amor e a amizade num mundo de drogas, sexo, trauma e redes sociais”.
Euphoria é uma série da Hbo baseada em um programa israelense de mesmo nome, a protagonista Rue que é interpretada por Zendaya, luta contra o vício as drogas em meio a euforia de uma mente jovem. A ex-estrela da disney alcança o ápice de seu trabalho depois de pequenas participações nos filmes do Homem-Aranha e na série The OA.
Rue é uma adolescente viciada em drogas, que após uma overdose e passar um bom tempo internada, está de volta à escola e precisa adaptar-se a uma vida nova, livre de vícios. Porém, apesar de os esforços de sua família ela não consegue ficar longe das drogas.
As viagens na mente da Rue faz o telespectador viajar junto da personagem deixando o público vidrado, afinal quem nunca bolou uma teoria aleatória na mente. Em alguns momentos Rue diz que não é um narrador confiável, sua visão modificada dos acontecimentos a sua volta fazem você se perguntar se aquele momento realmente aconteceu do jeito narrado pela protagonista ou se houveram modificações feitas pela mente euphorica dela.
A chegada de uma nova jovem na cidade irá abalar as estruturas de Rue, Jules, que logo após conhecer Rue às duas engatam uma amizade eufórica, que faz nossa protagonista se perguntar se a ama.
Todos os personagens de Euphoria são muito bem trabalhados e desenvolvidos e isso é um dos grandes trunfos da série, Rue a protagonista que luta contra seus próprios demônios, Jules uma garota trans que busca se afirmar como mulher através de encontros casuais, Nate o atleta que desconta toda a pressão de ser o melhor sendo abusivo com a namorada, Maddy a jovem que apesar de estar num relacionamento abusivo, continua apaixonada por Nate.
McKay o jovem que se deixa ser influenciado pela sociedade e amigos, Cassie que é afetada por várias dificuldades durante a infância que a moldam como pessoa, Kat que por ser gorda é excluída por alguns amigos e vê na internet uma oportunidade de ganhar dinheiro e ser verdadeira.
A cada início de episódio, nós ouvimos a história de um personagem dando uma nuance a porque eles são do jeito que eles são, a série tenta mostrar que somos o reflexo da nossa infância, moldados desde pequenos e qualquer acontecimento que venha a impactar nossas vidas, pode fazer surgir uma nova característica, uma nova personalidade, fazendo com que em determinadas histórias o público venha a sentir clemência aos priores personagens da obra, em detrimento a sua infância caótica.
As cinco personagens femininas principais são muito importantes na história, e apesar das diferenças, a amizade feminina prevalece, em vez de brigas superficiais comuns entre personagens femininas, a série vai pelo mesmo lado que outra série juvenil famosa: Riverdale, onde as mulheres se unem sempre que uma precisa de apoio, elas se preocupam uma com as outras e a amizade feminina prevalece.
Euphoria trata de temas juvenis como a exposição online, drogas, gordofobia, aborto, pornografia, abusos e o sentimento de expectativa de os pais perante seus filhos que estão entrando na fase adulta. Com o fim de trazer uma nova abordagem a temas muito saturados, o roteiro brilha mostrando toda a realidade nua e crua do mundo de maneira tão visceral que parece que você está tomando um soco de realidade na cara.
A última série juvenil que mostrou a realidade nua e crua de jovens foi Skins de 2007, de lá pra cá já foram 12 anos, 13 Reasons Why tenta mas peca pelo preciosismo, o que demonstra muito a superficialidade desse gênero nos dias atuais, focando no lado mais cômico e tentando agradar diversos públicos, as séries juvenis acabam por se repetir umas às outras.
A fotografia e a direção de Sam Levinson são a chave e a verdadeira protagonista da série, que impacta e eleva os diálogos e pontos chaves da obra. A fotografia sempre tem uma dualidade incrível mesclando cores quentes e frias, seja ela azul e rosa, verde e laranja, além de câmeras giratórias e imensos planos sequências bem trabalhados.
A música tem um papel importante na obra, com nomes de peso como Drake e Labrinth na produção, as músicas são incríveis e contribuem para contar a história de cada personagem.
Além de uma grande atriz, Zendaya mostra que também sabe cantar ao emprestar sua voz para uma performance final chocante e apoteótica que virou um dos melhores videoclipes do ano.
Portanto, Euphoria é uma historia verdadeira sobre o que é a juventude, com personagens cativantes e bem trabalhados, além de uma fotografia única, fazem dessa uma das melhores séries do ano.
Nota Final: 5 / 5
A primeira temporada de Euphoria conta com oito episódios e todos estão disponíveis no HBO GO.
Obs: Euphoria é uma série +18, com cenas pesadas e que aborda temas pesados, não assista se estiver em passando por algum transtorno mental.