Algumas das bibliotecas mais surreais do mundo

Voltamos para mais uma coluna sobre literatura aqui no NSV-Mundo Geek. E, porque sou uma lanterna de tinta, senti-me na obrigação de mostrar para vocês algumas (10, no total, divididas em uma série de duas colunas) bibliotecas bonitas, bibliotecas bem feitas, bibliotecas formosas que estão pelo mundo só esperando uma visitinha sua. Confira:

Biblioteca Pública de Seattle, nos EUA

Vista do lado de fora da Biblioteca Pública de Seattle, nos EUA

A Seattle Public Library tem capacidade para mais de 1,45 milhões de livros e outros materiais, sendo que, sua coleção atual, possui 1 milhão de itens em 9.906 prateleiras de livros. Em outras palavras, é um excelente exemplo da massificação da cultura em um único espaço. A biblioteca se destaca ao longe por sua belíssima arquitetura.  Fundada em 1890, foi a terceira vez que a Biblioteca Central foi inaugurada nesse mesmo local. Aconteceu em 2004, e recebeu a visita de mais de 8 mil pessoas por dia em seu primeiro ano de operação. Ela disponibiliza, de forma gratuita, recursos on-line grátis, onde o download de livros, filmes, música, jornais e revistas para seu computador ou celular ou outros dispositivos portáteis são permitidos.

Além disso, equipamentos e salas da biblioteca são disponibilizados ao público. Ela também oferece, ainda gratuitamente, programas, aulas e atividades diversas. Atividades que vão desde narração de histórias a audição com autores, chegando a ter aula de idiomas, grupos de estudo e muitos outros eventos. Para que aja toda essa vida cultural, ela é mantida pela verba pública e com a ajuda dos “amigos da biblioteca”, grupo de moradores sem fins lucrativos, que levantam fundos e patrocínios privados para a instituição.

Numeração das estantes da Biblioteca Pública de Seattle, nos EUA

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Biblioteca de Sainte-Geneviève, em Paris

Foto da Biblioteca de Sainte-Geneviève, em Paris
©USP Imagens – Foto: Wikimedia Commons

Não podemos deixar de mencionar nessa coluna a biblioteca Sainte-Geneviève. Incialmente construída como uma abadia, parte do acervo atual (que possui manuscritos até do século VIII) é, certamente, herança dessa primeira construção. Encorajado por Santa Geneviève, o primeiro rei Frances ergueu uma basílica dedicada a São Pedro e São Paulo. Onde monges de Santo Agostinho, que iniciaram o acervo, copiavam as Escrituras. Até que, em 1838, é decidido que a Bibliothèque Sainte-Geneviève (inaugurada em 1851) deveria sair dali e ter uma construção só dela.

Foi o primeiro edifício construído já com a função de ser uma biblioteca e, por isso, em 1992, é classificada como Monumento Histórico. Hoje ela abriga cerca de dois milhões de documentos em várias disciplinas, com ênfase seja em Ciências Humanas. Qualquer pessoa, sendo maior de 18 anos ou tendo prestado vestibular, pode frequentar a biblioteca. Ela recebe quase 400 mil pessoas por ano, cerca de 1500 a 2000 leitores por dia na época de maior movimento.

O acervo se reparte em três:

– Reserva, com documentos e obras raras e preciosas;

– Fundos Gerais, para os documentos e obras publicados entre 1830 até hoje;

– Bibliothèque Nordique, que começou a ser constituída em 1710, com a doação de volumes sobre os países escandinavos. Além de novas doações, em 1885 Henri Lavoix, administrador da biblioteca, partiu para a Escandinávia para enriquecer esse acervo, que, certamente, é o maior especializado nos países do norte da Europa, com mais de 160 mil documentos, fora da Escandinávia. Muitos dos documentos do acervo são digitais também, como periódicos online e e-books, por exemplo.

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Biblioteca George Peabody, nos EUA

Foto tirada no quarto andar da Biblioteca George Peabody, nos EUA

A Biblioteca George Peabody, conhecida como “Catedral dos Livros” de Baltimore, é constantemente classificada entre as bibliotecas mais bonitas do mundo. Sendo hoje uma biblioteca universitária (Universidade Johns Hopkins), ela foi projetada pelo arquiteto Edmund G. Lind e foi fundada em 1878 e “deveria ser (de acordo com a vontade do famoso comerciante, banqueiro, financeiro e filantropo George Peabody que queria criar uma biblioteca ‘para o uso gratuito de todas as pessoas que desejam consultá-la’.) bem mobiliada em todos os departamentos de conhecimento”.

As especificações arquitetônicas nada humildes de Lind exigiam uma enorme claraboia com seis andares de varandas de ferro fundido. Tudo isso para abrigar uma coleção de 300.000 volumes. Com livros particularmente voltados para religião, arte britânica, arquitetura, topografia, história, biografia, literatura americana, línguas, romances, história da ciência, geografia, exploração e viagens. A coleção principal reflete, como foi dito, amplos interesses, mas é focada no século 19. Embora, atualmente, a Biblioteca não ofereça visitas guiadas, ela é aberta ao público. Fora a isso, ela também sedia eventos e casamentos durante todo o ano.

Foto da Biblioteca George Peabody, nos EUA, vista de baixo para cima

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Real Gabinete de Leitura, no Brasil

Foto Real Gabinete de Leitura, no Brasil
©Foto: Thata Monteiro

O enaltecido Real Gabinete Português de Leitura tem quase dois séculos de histórias e memórias que acompanharam a vida da literatura brasileira.  Em 1837, um grupo de 43 emigrantes portugueses reuniu-se em uma casa e, como resultado, eles resolveram criar uma biblioteca para ampliar os conhecimentos de seus sócios e dar oportunidade aos portugueses residentes no Brasil. O atraente prédio da atual sede do Gabinete foi finalizado em 1887, mas só foi aberta ao público em 1900.

Em 2014, o Real Gabinete foi eleito pela revista Time uma das vinte bibliotecas mais bonitas do mundo. A lista inclui outras belas estruturas, que chamam a atenção por suas riquezas culturais e exuberância únicas, como a antiga biblioteca da Trinity College (a próxima biblioteca sobre a qual falarei), em Dublin, a biblioteca de Alexandria, no Egito, a famosa biblioteca pública de Nova York, entre outros.

Próximas à biblioteca é possível admirar quatro estátuas que representam: Pedro Álvares Cabral, Luís de Camões, Infante D. Henrique e Vasco da Gama. Os medalhões da fachada retratam, respectivamente, os escritores Fernão Lopes, Gil Vicente, Alexandre Herculano e Almeida Garrett.

A biblioteca do Real Gabinete possui cerca de 350 000 volumes, nacionais e estrangeiros. Encontram-se lá obras raras, manuscritos e muitas outras criações literárias.

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Biblioteca do Trinity College, na Irlanda

Foto tirada no segundo andar da Biblioteca do Trinity College, na Irlanda

É em Dublin que fica a Universidade Trinity. O lugar abriga a maior e uma das mais antigas bibliotecas da Irlanda. Conhecida como The Old Library, ela possui um acervo com mais de 200.000 títulos de livros e ainda tem o direito de receber gratuitamente uma cópia de todos os livros publicados na Irlanda e no Reino Unido.

O lugar também abriga o Livro de Kells, um manuscrito criado por monges celtas no final do século IX. O livro traz 4 evangelhos da bíblia em latim e é todo detalhado com ilustrações riquíssimas. O livro foi transferido para Dublin em 1661 por questões de segurança e permanece até hoje. Ele fica localizado em uma sala especial onde é proibido fotografar.

O The Long Room é a principal sala onde há todas as coleções manuscritas. Lá também há 48 bustos em mármore de importantes nomes da filosofia e literatura mundial como Aristóteles e William Shakespeare. Na mesma sala é possível também ver em exposição a Harpa de Briam Boru, a mais antiga harpa da Irlanda.

Foto tirada do primeiro andar da Biblioteca do Trinity College, na Irlanda

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Por fim, de estrutura a tamanhos surpreendentes, essas bibliotecas chamam a atenção. Diferentemente das comuns, elas se tornaram pontos turísticos e paradas obrigatórias nas viagens de muitas pessoas. De incontáveis livros a outras formas de arte, pode-se afirmar que tudo que envolve essas bibliotecas são de imenso valor cultural local. Mais para frente, antes do ano acabar, postarei a segunda parte dessa série. Vocês verão bibliotecas de uma preciosidade inacreditável. Clique AQUI e leia minha última coluna, onde falo sobre o livro Fahrenheit 451.  Acesse o Instagram @lanterna_de_tinta e confira os posts sobre literatura. Vou ficando por aqui, então boa semana, boa leitura e até a próxima.