Review: Bom Dia, Verônica: Um eletrizante thriller policial escrito em território nacional

Em Bom Dia, Verônica, acompanhamos o dia a dia da secretária da polícia Verônica Torres, que numa mesma semana se depara com dois momentos angustiantes e chocantes, ela presencia uma terrível cena de suicídio de uma jovem que havia acabado de sair da sala do seu chefe, um homem mala e machista. E ela recebe uma ligação anônima, de uma mulher cujo nome é Janete,  que vive em um ambiente de violência, controlada e oprimida pelo marido, ela vê Verônica na TV e decide ligar e implorar por ajuda.

Com muita determinação e foco, Verônica vê nessas situações, embora trágicas, uma oportunidade de mostrar para o departamento a sua competência como policial investigativa, e de ajudar as vítimas, decidindo sozinha se aprofundar e estudar os dois casos.

Tanto a construção da história de Verônica quanto a de Janete, embora essas construções surjam no livro de forma paralela, é interessante ver os pontos em que elas se chocam e se encontram, deixando o enredo ainda mais rico. Verônica é uma personagem que me surpreendeu, ela fugiu dos padrões de personagens de thrillers policiais, ela é “humana”, Verônica não é super heroína, ela trai, mente, é hipócrita e negligência tudo, por mais falhas que sejam essas características, ela aproxima o personagem da realidade, principalmente por vermos incansavelmente nos livros, os personagens policiais certinhos e com aparente faro perfeito para dedução de casos.

Bom Dia, Verônica/ Casoy & Montes. Darkside Books. Créditos da imagem: literaturapolicial.com

Os autores acertaram em cheio nas cenas em que mostram o ponto de vista dos antagonistas do livro, embora tenham violência, é algo necessário para uma maior compreensão sobre o funcionamento dessas mentes doentias, e se tratando de cenas escritas pela Ilana Casoy e Raphael Montes, podermos esperar que eles não nos poupem detalhes.

Na trama do livro nós vamos encontrar dilemas, violência (que pode ser pesada para algumas pessoas) e uma pitada amarga de realidade. A falta de credibilidade e apoio que a polícia dá as vítimas é uma dessas realidades que envolvem a ficção do livro e a nossa realidade, na trama é possível vermos Verônica solicitando apoio da polícia para a solução do caso e sendo completamente desacreditada. Vemos na figura da personagem Janete uma mulher que sofre com a violência domestica diariamente, mas, ao invés de ser acolhida e ajudada, as pessoas a julgam, desacreditam e desdenham dela.

Bom Dia, Verônica me pegou pelo inesperado. Na primeira publicação do livro, a capa trazia consigo um pseudônimo “Andrea Killmore“, e eu como curiosa que sou, bolei todos os estratagemas para descobrir quem era Andrea Killmore, meu primeiro chute foi meio certeiro, Raphael Montes, quando li pela primeira vez, eu senti um pouco dele em algumas cenas e falas, foi algo como “Isso parece muito os livros do Montes”, e não é que foi, mas, em Bom Dia, Verônica ele se juntou a ninguém menos que Ilana Casoy, o NOME da criminologia no Brasil. Não é à toa que Bom Dia, Verônica surpreendeu e deixou a pulga atrás da orelha, até que a Editora Darkside voltasse com uma nova edição, revelando que Andrea Killmore eram na verdade Casoy & Montes. E o que falar dessa nova edição? SENSACIONAL! A Darkside se supera a cada dia.
A edição em branco, preto e vermelho ficou muito bonita, uma capa minimalista em capa dura. Mas o charme e o ponto alto é a luva que simula uma caixa de madeira (muito importante pra história por sinal), a Darkside caprichou demais.

Bom Dia, Verônica/ Casoy & Montes. Darkside Books.

E para a alegria dos que gostaram do livro, em Setembro de 2019, a Netflix anunciou a adaptação para uma série na sua plataforma de streaming, ainda sem uma data divulgada de estreia, mas em breve podemos ser agraciados com noticias sobre esta adaptação. O elencon de Bom Dia, Verônica na adaptação na Netflix  conta com grandes nomes no elenco como Eduardo Moscovis (policial Brandão), Camila Morgado (Janete) e Tainá Muller (Verônica).