Carro chefe da Disney+ é Star Wars em sua forma mais pura, simples, extensa, e épica.
Sinopse: Em O Mandaloriano, Din Djarin (Pedro Pascal) é um guerreiro solitário que trabalha como caçador de recompensas. Ele embarca numa jornada pelos territórios esquecidos da galáxia, logo após a queda do Império e antes da criação da temida Primeira Ordem.
Spoilers a frente sobre a 1ª e 2ª temporada de O Mandalorian, siga por sua conta e risco.
Eu confesso que adiei por um tempo assistir O Mandaloriano, por diversos motivos. O serviço de streaming da Disney que ainda não tinha chegado no Brasil, a falta de tempo, ou por eu simplesmente não ser um fã de carteirinha de Star Wars.
“Fãs da força não me crucifiquem”.
Mas aqui está uma das grandes qualidades da série de Din Djarin, eu mesmo não sendo fã da franquia e um grande conhecedor do rico universo de George Lucas, eu consegui compreender a história do Mandaloriano e quando menos percebi já estava imerso e pesquisando mais a fundo sobre o passado de Mandalore e dos Mandalorianos.
A série é situada cinco anos após o filme O Retorno de Jedi, significando que o Império caiu e a Nova República está em ascensão, está aventura intergaláctica gira em torno do misterioso caçador de recompensas Din Djarin (Pedro Pascal), um órfão que foi resgatado e criado por guerreiros Mandalorianos.
O Mandaloriano, tem uma história interessante. Ele foi deixado em um abrigo quando um exército dróide Separatista atacou seu assentamento durante as Guerras, e ele foi salvo por um bando de Mandalorianos. Isso o levou a se juntar a eles, e também a nutrir um ódio por todos os andróides.
O ponto de partida da série se dá quando nosso protagonista se recusa a entregar um bebê poderoso conhecido como a criança, apelidada de Baby Yoda pelos fãs, para um cliente misterioso, Din Djarin se torna assim seu protetor.
O principal adversário de Mando, apelido como nosso protagonista é chamado, é o Senhor da Guerra do Império Moff Gideon (Giancarlo Esposito), que possui o sabre negro.
Com diretores consagrados na produção, como Favreau, Taika Waititi e Bryce Dallas Howard, o show parece tão lindo quanto diversos filmes, e é fácil de perceber isso quando vemos paisagens planetárias deslumbrantes a cada episódio.
O showrunner da série Jon Favreau estava determinado a criar uma saga mergulhada na tradição do passado enquanto apresentava personagens inteiramente novos, da mesma forma como ele fez no primeiro “Homem de Ferro” (2008), lançando o Universo Cinematográfico Marvel.
Uma das principais qualidades do programa é o seu humor. Que consegue manter uma linha tênue de comédia muito parecida com o dos filmes de Star Wars.
O Mandaloriano parece em certos momentos uma série clássica de faroeste com um alto orçamento, ambientada em uma galáxia distante. Cada episódio é como um filme de Star Wars de meia hora, e uma delícia de se assistir e saborear.
Mando construi um vínculo com Baby Yoda quase de pai e filho, os dois acabam viajando pela galáxia juntos, ele assumindo missões enquanto tenta proteger e aprender mais sobre seu adorável companheiro, com os Imperiais sempre seguindo seu rastro.
A estrutura central da série funciona de forma brilhante. O Mandaloriano segue uma abordagem mais tradicional de nos dar uma aventura completa de Star Wars toda semana, nosso herói pousará em um planeta, encontrará um problema, atirará em diversas coisas e irá embora.
O que une toda a série é o desenvolvimento da relação de Pai e Filho entre Mando e Baby Yoda, a atuação de Pedro Pascal realmente convence o telespectador disso, não podemos ver seu rosto sob o capacete, mas sua crescente afeição pela criança, e o conflito interno de um homem honrado sendo obrigado a fazer trabalhos sujos, são visíveis na maneira como ele se porta.
Os efeitos especiais são uma das coisas mais absurdas que vi na TV esse ano, não há diferença entre o que você vê em O Mandaloriano ou em um filme de Star Wars. O conjunto de ação estendida no final do episódio 1 é de cair o queixo. Isso me leva a pensar que é possível que a Disney tenha pensado em exibir os episódios da série nos cinemas antes que a pandemia acabasse com esses planos.
Se a primeira temporada da série parece ser articulada há trazer novos fãs para Star Wars, a segunda temporada de O Mandaloriano é voltada a recompensar os fãs mais velhos. Mas a segunda temporada, que encerrou com oito episódios na última sexta-feira, marcou um afastamento dessa abordagem. O Mandaloriano na sua segunda temporada se entrelaçou mais com o passado da franquia.
Havia Bo-Katan (Katee Sackhoff) no episódio 3 , Ahsoka Tano (Rosario Dawson) no episódio 5 , Boba Fett (Temuera Morrison) no episódio 6 e o maior de todos, Luke Skywalker no episódio 8. Os produtores da série tiraram os dois primeiros da série de animação Star Wars: The Clone Wars. E os dois últimos vieram da trilogia original de Star Wars.
A segunda temporada dá um salto de qualidade em comparação com a primeira. O formato de capítulos independentes deixou a série com um estilo de sitcom, onde você podia ver um capítulo sem ter visto o anterior. Já a segunda temporada faz muito mais sentido do ponto de vista, aprofundando-se nos personagens e com uma história mais linear.
Na segunda temporada descobrimos mais sobre a origem de certos personagens e nos conectamos com alguns até mesmo da saga de filmes e séries anteriores. O Mandaloriano se torna, sem dúvida, o melhor que a Disney já fez com esse universo desde que comprou a Lucasfilm em 2012.
Ahsoka e Luke são os primeiros Jedis a serem apresentados na série quando aparecem na 2ª temporada, nos episódios 5 e 8, respectivamente, mas o último nunca é identificado e simplesmente referido como “um Jedi”, enquanto apenas o nome de Ahsoka é falado. Ahsoka era o Jedi Padawan de Anakin Sywalker, isso é um grande negócio.
A 2ª temporada de Mandaloriano assume que o público sabe quem são essas pessoas, ou que eles estão dispostos a se envolver ainda mais com o universo de Star Wars assim que os pesquisar no Google.
O episódio 3 demonstra muito bem que Djarin acredita que há apenas uma maneira aceitável de ser um Mandaloriano. Sua interação com Bo-Katan é como plantar uma semente, e embora o Mandaloriano rejeite suas ideias, está claro que ele está começando a questionar tudo o que já conheceu e foi criado.
Após a conversa no episódio 7 da 2ª temporada da série com o ex-mercenário Mayfeld (Bill Burr) que questiona os princípios dos Mandalorianos, é natural supor que a decisão de Djarin de tirar o capacete e mostrar o seu rosto para cumprir uma missão, significa que ele está começando a rejeitar os valores extremistas que ele carregava.
E isso provavelmente tinha muito mais a ver com outra coisa: Grogu (Baby Yoda). Mando realmente criou laços com a criança, e é por causa de seu imenso carinho e amor por Grogu que ele estava disposto a cruzar todos os tipos de linhas na segunda temporada. Assim como Mayfeld observou no início daquele episódio, “as regras de Mando começam a mudar quando você fica desesperado” . Nesse sentido, O Mandaloriano também é um conto sobre paternidade.
Mas esse ângulo parental parece que será removido na 3ª temporada, agora que Grogu está sob os cuidados de Luke. O Mandaloriano pode lidar com o peso narrativo de seu título. Em conversas ao longo das duas temporadas, a série Star Wars nos contou sobre os sofrimentos sofridos pelos Mandalorianos.
Tudo isso poderia vir à tona na 3ª temporada da série, dado o que aconteceu no final da 2ª temporada. Mando não apenas concordou em reconsiderar ajudar Bo-Katan em sua causa para retomar seu planeta natal, Mandalore, mas agora ele está em uma posição privilegiada para liderar os dispersos Mandalorianos, tendo conseguido o Sabre Negro em combate com Gideon.
Mando não tem nenhum interesse em liderar ou ser um governante, e ele está mais do que feliz em abrir mão desse papel e do Sabre Negro para Bo-Katan, como vemos no episódio final da 2ª temporada. Mas uma sociedade de cultura guerreira como a dos Mandalorianos não vão aceitá-la se descobrirem que ela não é a portadora legítima do sabre, bem como Moff Gideon (Giancarlo Esposito) falou no final da 2ª temporada, não é a arma, mas a história por trás do Sabre que carrega o poder real.
O fato de Bo-Katan ser a única que não teve sua própria série spin-off anunciada, sugere que ela terá uma participação maior nos acontecimentos da 3ª temporada de O Mandaloriano.
Finalizando, O Mandaloriano é Star Wars no seu auge, capturando a beleza elementar da franquia de George Lucas com graça e uma disciplina narrativa que ecoa no espírito de seu personagem central.
As duas temporadas de O Mandaloriano estão disponíveis no Disney+.
Nota Final: 5 / 5