Para ser sincero, acreditei por um bom tempo que a historia do lendário Yakuza, Kazuma Kiryu teria se encerrado em Yakuza 6: The Song of Life, quando anunciado Like A Dragon Gaiden: The Man Who Erased, fiquei realmente bem cético, mas fico muito feliz em estar errado.
Apesar do nome gigantesco, ele é o game mais curto de toda a franquia porem isso não o torna nem um pouco inferior, aqui é explorado bastante as decisões pessoais de Kiryu, trazendo mais aproximação com o jogador.
O game é uma compilação abrangente que reúne os aspectos mais notáveis da franquia, desde a refinada técnica de luta do protagonista até uma diversidade de atividades secundárias envolventes, todas entrelaçadas pelo drama marcante da narrativa da Yakuza. Discutir este jogo de forma isolada é desafiador, pois está profundamente entrelaçado com a jornada contínua da franquia, o que o torna profundamente impactante para os seguidores que acompanharam essa trajetória ao longo do tempo, especialmente à medida que se aproxima de uma conclusão emocionante. Nesse contexto, Yakuza: Gaiden se destaca como uma contribuição tanto típica quanto notável para o vasto universo da Yakuza.
Tá, mas e o game? Like A Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name Review
Novamente Kiryu é protagonista, o combate em tempo real retorna, existem renovações na gameplay visíveis. O novo estilo de luta se torna mais dinâmico, agora Kiryu obtem alguns gadgets estilo agente secreto durante a jornada, para complementar a habilidade de luta corpo a corpo. Conforme avança na história principal, você gradualmente desbloqueará habilidades como os drones que enxameiam e prejudicam os inimigos, propulsores a jato em seus sapatos que permitem que nosso protagonista se mova rapidamente durante os combates e ataque os adversários, e cigarros explosivos que funcionam como granadas para explodir grupos de inimigos. Kiryu também incorpora uma energia real do Homem-Aranha com a habilidade habilmente chamada de ‘Spider’, onde ele lança um fio de seu relógio para laçar inimigos, lançá-los pela arena ou puxar armas de longe.
Além disso, a adição do mecanismo de parry para evitar ataques implacáveis alivia a constante necessidade de desviar de inimigos poderosos ou enfrentar derrotas inevitáveis. E quando todas as outras estratégias falham, o modo Extreme Heat no estilo agente se destaca por derrubar rapidamente os oponentes mais resistentes, potencializando os combos com o auxílio de gadgets. Esse contraste é visível em relação à série tradicional de Yakuza, que se concentra nos estilos clássicos de luta de rua de Kiryu, caracterizados por golpes robustos e movimentos brutais.
Assim, no que diz respeito ao combate, o novo Yakuza apresenta um arsenal diversificado e cativante de ferramentas para serem exploradas e aplicadas nos desafios mais intensos. As cutscenes são um espetáculo a parte, mesmo tendo a possibilidade de pular, dificilmente você vai fazer isso
Mesmo não sendo um grande conhecedor da série, é fácil compreender a trama deste jogo. Há uma diversidade de personagens, cada um com sua história envolvente, o que instiga a vontade de explorar mais e mais o jogo. Conforme avançamos, a trama se torna ainda mais intrigante a cada capítulo, tornando a experiência do jogo cada vez mais cativante.
Às vezes, é hilário como a história retrata Kiryu como um agente secreto chamado Joryu, trabalhando para a facção Daidoji, uma organização sombria que influencia o Japão por trás dos bastidores. É especialmente engraçado, já que ele deliberadamente não mantém um perfil discreto e acaba se envolvendo novamente nos negócios do clã Tojo e da aliança Omi, tudo enquanto insiste que não é realmente Kiryu. É um pouco bobo, mas aponta para um tema maior sobre ele estar em conflito com suas escolhas de vida, mais do que em histórias anteriores.
Gaiden percorre território familiar, onde Kiryu tenta escapar de sua vida anterior desaparecendo e vivendo isolado em outro lugar no Japão – o enredo de Yakuza 5 e o final de Yakuza 6 -, mas este jogo é um lembrete de que já experimentamos praticamente todos os momentos cruciais na vida de Kiryu até agora, e enquanto ele estiver vivo, ele nunca desaparecerá. Ele sempre foi o cara durão que raramente deixa algo o abalar, mesmo quando à beira da morte ou lutando com unhas e dentes por aqueles que ama. Isso é uma grande razão pela qual Gaiden impacta tanto, não porque revisitamos algumas dessas memórias ao longo do caminho, mas porque essas memórias são usadas de forma a dar a Kiryu um nível de profundidade emocional que nunca vimos antes.
Uma vida discreta não tão discreta assim.
A história principal é bastante curta, possui qualidade, mas desliza por aspectos que poderiam ter sido mais aprofundados. O interessante é que se torna um jogo que vai direto ao ponto, deixa alguns personagens secundários e pontos da trama ligeiramente de fora, apenas citados. Porém ainda assim, oferece tempo suficiente para entender a trama como um todo, e quando a trama principal atinge o clímax, é uma experiência que só a esta serie consegue proporcionar.
O jogo se desenrola principalmente em Sotenbori, um ambiente familiar aos fãs da série. A adição de The Castle, uma área luxuosa similar a Vegas construída em um navio naval abandonado, traz frescor à experiência. Com cassinos para minijogos e uma boutique de roupas para personalizar trajes, o local desempenha um papel crucial na história, sendo uma fortaleza de yakuzas e palco para batalhas cinematográficas.
A missão principal guia os jogadores pelo Castelo, entrelaçando algumas atividades extras. O destaque é o Coliseu, um clube de luta subterrâneo com uma variedade de desafios, incluindo torneios um contra um e o Rumble do time do inferno. Recrute NPCs para enfrentar desafios, evolua sua equipe e aprimore habilidades no bar. Os desafios platinum testam suas habilidades e há uma subtrama desafiadora com os quatro líderes do Coliseu, com recompensas extras pela conclusão.
Gaiden traz vários minijogos clássicos da série, como o Circuito de Bolso, onde Kiryu customiza carros de controle remoto para corridas locais, e karaokês com canções memoráveis como “Sayonara Silent Night” e “Like a Butterfly”, além do querido “Baka Mitai”. O Clube de Cabaré retorna como um minijogo de simulação social, embora a transição para cenas de vídeo seja um pouco estranha. O Coliseu destaca-se como um conteúdo elaborado, com torneios e desafios, oferecendo uma experiência divertida e desafiadora.
O mais interessante é a quantidade de jogos retrô que são totalmente jogáveis dentro de Gaiden, como Sonic the Fighters e Fighting Vipers 2, que estão disponíveis nos fliperamas. E há as versões originais de jogos do Master System, como Fantasy Zone 2, Alex Kidd in Miracle World, e Alien Syndrome, também – é um benefício interessante e destaca ainda mais a tradição da série e da Sega de preservar jogos clássicos dentro de seus títulos modernos.
Não seria um jogo da franquia Yakuza/Like A Dragon sem as icônicas sub-histórias da série, que mais uma vez oferecem missões secundárias cômicas e muitas vezes comoventes, dando vida à cidade, enquanto proporcionam a Kiryu alguns de seus momentos mais memoráveis.
Em Gaiden, as sub-histórias giram em torno da nova personagem Akame, que opera a Rede Akame. Ela é crucial para a história principal como alguém que serve como informante de Kiryu e utiliza sua reputação nas ruas para mantê-lo conectado ao submundo, mas também é uma osakana carismática e enérgica que trabalha nos bastidores para defender e apoiar a população sem-teto de Sotenbori. Através da Rede Akame, você aceita pedidos para ajudar diferentes pessoas no mundo aberto ou investigar relatos de coisas estranhas acontecendo nas ruas.
Um belo exemplo dessas subtramas é quando você encontra um streamer ao vivo que vai aos extremos absolutos por atenção, o que então se transforma em uma paródia dos tropos de histórias de terror.
A Rede Akame é uma forma mais organizada de empacotar sub-histórias, mas elas também vêm com recompensas mais substanciais, como toneladas de dinheiro e pontos Akame, ambos necessários para atualizar as habilidades de combate de Kiryu.
É um sistema de progressão um pouco estranho, mas ele te incentiva a completar esses pedidos, o que não me incomodou, já que as histórias secundárias são quase tão essenciais quanto a história principal. E quanto mais pedidos você termina, melhor é sua posição social com Akame. Isso resulta em oportunidades de sair com ela no bar e iniciar conversas genuinamente interessantes sobre sua vida e motivações, enquanto também mostra a habilidade de Kiryu em ser um ótimo amigo.
Assim que você encerra a história principal, obtém acesso ao demo de Infinite Wealth que está incluído com o Gaiden.
Like A Dragon Gaiden: The Man Who Erased é uma experiência emocionante e direta, entregando uma dose certeira de ação e narrativa envolvente. Apesar de ser uma jornada incrível, é triste que ela chegue ao fim. Sentir essa sensação gratificante ao concluir é ótimo, mas ao mesmo tempo deixa aquele desejo de explorar mais. Este é um jogo que deixa um impacto duradouro, me deixando ansioso para mergulhar novamente na trama e descobrir novos detalhes que podem ter passado despercebidos na primeira jogada. É um título que equilibra habilmente ação e emoção, e sua brevidade, embora permita uma experiência concisa, deixa aquele gosto de querer mais.