Clube das Mães: É Vish Atrás de Eita

O nome engana. Clube das Mães não é um dorama fofinho sobre a rotina de mães. Esse kdrama da Netflix é uma grande novela coreana com uma reviravolta para lá de exagerada. 

Basicamente, existem dramas coreanos em que muito se acontece ao mesmo tempo que nada. É confuso dizer isso, mas esse é o caso de Clube das Mães (Green Mothers’ Club). O que é bom e ruim ao mesmo tempo, depende do que se espera de um seriado de entretenimento.

Esse é o tipo de série que se enquadra muito bem naqueles momentos em que você só quer passar o tempo sem pensar muito. A partir do momento em que tentar achar uma lógica ali, o espectador pode se decepcionar.

Afinal, sobre o que é o tal Clube das Mães?

A sinopse oficial diz que o drama é sobre 5 mães que nutrem amizade e rivalidade em meio a um ambiente escolar competitivo (e bota competitivo nisso). Mas a realidade é que a história é centrada em Eun Pyo, a protagonista água com açúcar que mais queria ser uma estrela na vida. 

O que não é nem um spoiler visto que no primeiro episódio percebemos isso.

Clube das Mães não é um clube, não tem em momento algum esse conceito das 5 mães se juntando para algo. É só mais fácil dizer ser um clube de mães porque elas se reúnem, se encontram em diversas ocasiões e até existem clubes no meio. São realmente mães de olho na vida dos filhos. Agora ser presente é outra história, visto que para isso teriam que tentar compreender as criancinhas.

São mães de crianças do ensino fundamental envolvidas numa realidade em que o futuro parece obscuro se os filhos não forem os melhores. Podemos até comparar com SKY Castle (leia aqui o artigo sobre esse kdrama magnífico), como sendo uma versão bem menos estruturada, muito mais classe média, ainda barraqueira e com o elenco jovem mais novo ainda. 

Clube das Mães é uma farofa que acompanha o cotidiano das mães, com intrigas de donas-de-casa, perrengues de mães e filhos e até um mistério que fica mais absurdo quanto mais descobrimos novas informações. Podia bem que ser uma novela das 21 aqui do Brasil, sério. Com um alerta que a sucessão de eventos finais estão a nível de Os Mutantes.

 

Protagonismo e Antagonismo

 

Como a protagonista é uma ameba, uma mosca morta, uma folha sem desenho, a sacada dos roteiristas deve ter sido sempre dar uma antagonista para ela. Não dá para entender porque simplesmente fizeram uma protagonista assim, pois seria possível criar uma personalidade de mocinha para ela. 

Enfim, é muito mais interessante ficar pensando no que as outras personagens vão fazer a seguir e esse esquema traz mais dinâmica para o kdrama. Toda vez que o antagonismo muda de figura fica bem óbvio. Clube das Mães não tem vergonha nenhuma na cara de transformar uma personagem em malvadona só para atingir a protagonista. É esse o tipo de série. 

Obsessão dos pais

Está aí algo que esse kdrama acertou, provavelmente a direção aprendeu com os mestres da intriga. Quem faz drama com escândalo envolvendo pais cuidando da vida escolar dos filhos sem obsessão não está fazendo direito. O que não foi o caso dessa bela mistureba de 16 episódios.

Clube das Mães vai desde a pressão habitual que esses adultos fazem para realizar o desejo pessoal pelos filhos até ignorar o que está acontecendo dentro da própria casa. Não tem como assistir a essa pataquada e não ficar com dó das pobres criancinhas. Seja qual for a criação delas, nenhuma é perfeita.

A narrativa cheia de situações revoltantes

Apesar de ser uma série para assistir no automático, Clube das Mães tem que trazer algo para prender as dorameiras e dorameiros de plantão. É a essência de muitos doramas e novelas, não é mesmo? Aquele finalzinho chocante e uma sequência de eventos que nos faz não querer perder o que vai acontecer em seguida.

O problema é que na maioria das vezes o kdrama apela para um nível absurdo, trazendo situações que deveriam ser levadas a sério no mundo  real e muitas vezes não são. Exemplo disso é trazer a discussão sobre assédio e tratar como mais uma forma para “elevar o plot”. Dá para entender o que tentaram fazer ali, mas foi uma péssima escolha.

Não é a primeira vez e certamente não será a última em que vemos o tema sendo tratado como algo utilizado para chocar ou associado às vilãs da trama.  Parece que ficou comum  kdramas inserirem uma vilã que se aproveita de uma denúncia séria como essa e enfraquece a questão. Pois, convenhamos, quanto mais as pessoas verem gente fingindo ter passado por isso, mais vão achar que as reais vítimas não são vítimas mesmo. 

 

Vale a pena?

No geral, o Clube das Mães tenta mirar para vários lados e tem um poder absurdo de manter quem for que esteja assistindo curioso. São episódios longos que passam rapidamente. Por vezes com muitos acontecimentos e outras como uma série de slice-of-life. Apesar dos vários problemas, é um bom passatempo para fãs de novelas, principalmente as mexicanas.

Se for assistir, esteja pronta para tudo. Clube das Mães surpreende no quesito “não dá para ficar mais absurdo, ou dá?” e certamente tem muitos furos. Mas é uma série para quem está atrás de barraco e desligar o cérebro.