Análise: Black Clover – Panini

Olá pessoas, bem-vindos ao nosso espaço de reviews de mangás. Desta vez, faremos a análise de de Black Clover, da autoria de Tabata Yuuki trazido ao Brasil pela editora Panini, no mês de julho. Uma obra que originou um dos animes mais controversos dos últimos anos, amado por uns, odiado por outros, mas que sempre aparece em discussões sobre os grandes sucessos atuais. Então, sem mais delongas, vamos análise;

OBS 1: Apesar do vol. 2 já ter sido lançado, analisarei apenas o primeiro volume da série aqui.

OBS 2: Como sempre, lembro a todos de que HAVERÃO SPOILERS DO MANGÁ.

Dados Técnicos:

© Shueisha / Panini
  • Título: Black Clover
  • Editora:  Panini
  • Preço: R$ 21,90
  • Roteiro/Arte: Tabata Yuuki
  • Formato: 13,7 x 20 cm
  • Acabamento: Brochura
  • Capa: Cartonada
  • Número de páginas: 192
  • Papel: Off-white
  • Lançado em: Junho de 2018

 

Sinopse:

“Em um mundo onde magia é tudo, Asta é um garoto que, mesmo incapaz de utilizá-la, almeja o posto de “Rei Mago”, o maior entre os magos, a fim de provar sua força e cumprir a promessa que fez com seu amigo! Abrem-se as cortinas dessa fantástica e mágica aventura!!”

©Shueisha/Tabata Yuuki/Panini

O volume inicia-se mostrando uma grande comemoração pelo triunfo do Rei Mago e seus Cavaleiros Mágicos ao impedir a invasão de um exército vizinho ao reino de Clover. Ao longe da capital real, em um pequeno vilarejo rural, somos apresentados ao escandaloso Asta, que tenta novamente (e sem sucesso) pedir a mão da Irmã Lily em casamento. Após insistir mais um pouco, ele é impedido por Yuno, amigo de infância possuidor de um grande talento para magia.

Os jovens acabam discutindo, ainda que de forma unilateral, e depois de ser novamente ridicularizado pelas crianças da Igreja onde vivem, devido a sua inaptidão para uso de magia, Asta sai correndo para um bosque próximo, onde treina arduamente seu corpo na esperança de despertar algum poder mágico, sendo observado sorrateiramente por Yuno.

©Shueisha/ Tabata Yuuki/Panini

Passado algum tempo, chega o dia em que os jovens do reino recebem um grimório para auxiliar em seu aprendizado mágico e, para a surpresa de todos, Asta não recebe um grimório, o que o torna motivo de chacota para as demais pessoas no local. Yuno, por outro lado, recebe um grimório de Trevo-de-4-Folhas, artefato lendário que é dito ter pertencido ao primeiro Rei Mago, e diz que vai ser o próximo líder do magos. Asta o confronta, mas o rapaz apenas ignora o amigo, que mesmo assim não desiste de sua rivalidade e de seu sonho de ser o Rei Mago.

Enquanto divagava sobre os acontecidos, o jovem observa seu amigo em frente à torre onde receberam seus grimórios, e sai em seu socorro após o mesmo ser atacado pelo ex-Cavaleiro Mágico LeBuchy, que planeja roubar o grimório de Yuno para vendê-lo a colecionadores. Asta acaba sendo preso pelo bandido, que lhe revela que ele nasceu sem qualquer magia no corpo, e que portanto, jamais poderia usar um grimório. Diante dos insultos do ladrão, Yuno  defende o amigo, afirmando que ele é seu único rival, e elevando a moral deste, que milagrosamente recebe um grimório de aparência sombria, de onde é invocada uma enorme espada negra.

©Shueisha/ Tabata Yuuki/Panini

Atônito, LeBuchy recebe um ataque poderoso de Asta, descobrindo-se que o poder de seu grimório de Trevo-de-5-Folhas (ao qual é dito conter a maldade de um demônio) é a anti-magia, capacidade de anular qualquer propriedade mágica. Com a derrota do ladrão, os dois voltam a jurar que um deles irá se tornar Rei Mago e partem para a capital, onde será realizado o teste de seleção para Cavaleiro Mágico. Lá, Asta acaba arrumando confusão com o capitão da Ordem dos Touros Negros, Yami, sendo também apresentados Finral e Gordon, membros do esquadrão de Cavaleiros.

O teste é iniciado pelo capitão William, líder do Alvorecer Dourado, mais famoso esquadrão de Caveleiros do reino, e obviamente Asta vai mal em todas as avaliações. O último exame é um duelo, e o garoto é desafiado por Zeke, um jovem que busca criar uma imagem grandiosa às suas custas. Porém, devido a seu poderio físico e sua anti-magia, Asta vence-o com facilidade, provocando espanto em todos os presentes, por sua habilidade e sua conduta séria diante das provocações.

©Shueisha/ Tabata Yuuki/Panini

Finalizados os testes, os candidatos são postos em avaliação pelos capitães, sendo que no caso de nenhum deles demonstrar interesse, o candidato é eliminado. Yuno é preterido por todos os esquadrões, mas escolhe o Alvorecer Dourado por ela trazer maior proximidade à realização de seu sonho. Já Asta, é inicialmente recusado pelos capitães, mas após algumas palavras duras de Yami, acaba convencendo-o de seu caráter e da pureza de suas aspirações, fazendo o capitão chamá-lo (ou talvez seja melhor dizer forçá-lo) a integrar os Touros Negros.

O rapaz é levado para o QG do esquadrão, e fica assustado com a baderna e indisciplina de seus colegas, membros do considerado pior esquadrão do reino. Dentre seus colegas, Magna fica encarregado de sua “cerimônia de iniciação” ao grupo, onde ele deve se esquivar ou bloquear um de seus ataques mágicos. Ao conseguir o feito, Asta faz com que Magna e os demais, inicialmente desconfiados de sua capacidade, o reconheçam e o aceitem como membro do esquadrão, recebendo também o robe que o identifica como Cavaleiro Mágico.

©Shueisha/ Tabata Yuuki/Panini

Após conhecer as instalações dos Touros Negros, Asta é apresentado a Noelle Silver, uma nobre que foi alocada para o esquadrão e que não parece muito feliz em estar lá. Na verdade, descobre-se que ela não sabe controlar direito sua magia, e por isso foi recusada no esquadrão das Águias de Prata, onde os membros de sua família são alocados. Durante um treino noturno, ela acaba perdendo controle de sua magia, e cabe a Asta salvá-la, sendo que para a surpresa da garota, nenhum de seus companheiros zomba de sua pouca habilidade mágica, o que lhe dá um pouco de confiança neles.

Em seguida, eles são levados para sua primeira missão: caçar um javali no vilarejo de Sochy (missão obtida por causa de dívidas de jogo de Yami). Porém, ao chegarem lá, Asta, Noelle e Magna percebem que há algo estranho, pois a vila está cercada por um estranho nevoeiro, que ao ser atravessado revela os moradores sendo mantidos reféns por um mago desconhecido. Apesar de inicialmente salvá-los, eles entram em conflito com o homem, que age de forma discriminatória com os moradores, por terem poderes limitados.

©Shueisha/ Tabata Yuuki/Panini

A luta prossegue com o trio tentando proteger os aldeões dos incessantes ataques do mago inimigo, e Noelle desperta uma nova habilidade quando sua determinação para proteger o povo da vila como Cavaleira Mágica aflora. Com isso, Asta consegue aproveitar um momento de distração do oponente e lhe acerta em cheio com sua espada, sendo aqui onde o volume se encerra.

 

Muita da polêmica gerada em torno de Black Clover se deve ao fato da mesma seguir a conhecida “fórmula Jump” de desenvolvimento de enredo, bem como faz uso de vários elementos vistos anteriormente em outros mangás. Asta é apresentado como um jovem sem qualquer habilidade, rival de um amigo talentoso, e que com o passar do tempo vai adquirindo novos poderes para alcançar seu sonho de ser o Rei Mago.

©Shueisha/ Tabata Yuuki/Panini

Tal conceito é facilmente associado a obras como Bleach, Katekyo Hitman Reborn, Fairy Tail (pelo uso expressivo de magia), Naruto (por usar um esquema similar de “jornada do herói”), entre outros, o que faz muitos pensarem que o mangá se trata de uma colcha de retalhos de elementos apresentados em obras anteriores.

Porém, por muito mais que utilize-se de elementos conhecidos, Black Clover tenta construir seu próprio mundo de forma única, esquivando-se das demais obras citadas. O roteiro dos capítulos é bastante simples, desenvolvendo o necessário e focando bastante nas cenas de ação, que são um tanto apressadas, mas conseguem ser convincentes. As cenas cômicas possuem um timing interessante e não são exageradas, mas o uso contínuo do elemento da comédia pode incomodar alguns leitores.

©Shueisha/ Tabata Yuuki/Panini

Em termos de personagens, eles são em sua maioria carismáticos e possuem motivações pontuais (até mesmo clichês), com desenvolvimentos também rápidos, e sucintos. Como são apresentados de forma rápida, demora-se um pouco para criar afeto, ou interesse, com alguns deles, mas isso é algo que pode ser melhor explorado em volumes futuros. Entretanto, personagens com traços mais marcantes, como Yuno, Yami, Magna e Noelle, acabam saltando bastante aos olhos, sustentando bem a narrativa em que são inseridos.

Em comparação a versão animada, algo que pode até ser considerado uma vantagem, é não ouvir os gritos constantes de Asta. Por se tratar de alguém muito energético e escandaloso, muitos espectadores se sentiram incomodados por sua comunicação exagerada, algo que é percebido pelos leitores da obra, mas que é minimizado por não se tratar de algo vocalizado (apesar de que, tal como um amigo meu citou, é praticamente impossível não ler os balões de fala sem imaginar a gritaria do Asta).

©Shueisha/ Tabata Yuuki/Panini

O estilo de arte utilizado é simples, e até certo ponto desleixado, com personagens desenhados de forma decente, mas ambientações não tão detalhadas, bem como um uso constante de fundos brancos em várias situações. Todas as cenas demonstram iluminação exagerada, ao ponto de não haver grande diferenciação entre os períodos de dia e noite, e elementos naturais, como o nevoeiro do capítulo 7, são mal desenhados ao ponto de ser possível achar que sejam chamas em vez de névoa.

Verificando-se como um todo, BC é um mangá tipicamente criado para o público de battle shonen tradicional. Sem conter nenhuma estória complexa nem uma arte elaborada, a obra caracteriza-se como um leitura leve e descompromissada para fãs do gênero que desejem ler algo similar às demais grandes obras da Jump. Mesmo não sendo algo que vá ser do agrado de leitores mais exigentes, a obra ainda é um passatempo entretido, e vale a pena conferi-la, mesmo que seja apenas esta parte introdutória.

 

Pontos Positivos:

  • Enredo simples e sucinto;
  • Cenas cômicas entretidas;
  • Personagens em sua maioria carismáticos;
  • Não se ouve o Asta gritando.

 

Pontos Negativos:

  • Muitos elementos vistos em obras passadas;
  • Personagens com motivações clichê;
  • Alguns erros de português podem ser encontrados no volume.
  • Estilo de arte pouco detalhado e muitas vezes desleixado;
  • A simplicidade do roteiro pode afastar leitores mais exigentes.

Nota Final: 3.0/ 5.0

Lembrando a todos que tanto Black Clover como qualquer outra obra publicada no Brasil pode ser adquirida na Anime Hunter com desconto usando o cupom “NSV“.

E é isso pessoas, encerro aqui mais uma análise, pedindo, como sempre, que deixem nos comentários suas opiniões, sugestões, críticas ou ódio gratuito. Aproveitem o texto, e até a próxima.