“Destrua toda a humanidade. Ela não pode ser regenerada”.
Subete no Jinrui, conta a história de Hajime Kanou, um estudante do segundo ano do Ensino Médio em 1998. Podemos definir o Hajime como um “gênio narcisista”. Ele tem excelentes notas, mas uma atitude muito arrogante junto. Apesar disso, não tem amigos em sua turma por gostar muito de jogos e ser um bom exemplo da “síndrome da oitava série”.
A trama central gira em volta do Hajime descobrir que sua rival na escola, Sawatari Emi, também joga Magic The Gathering, então sua rivalidade e a relação entre os dois evolui a um novo nível.
Um mangá sobre jogadores de Magic, simplesmente incrível. Mas não é o padrão do anime de cartas, ou infantil no geral, em que o brinquedo/esporte da vez é a coisa mais importante do mundo e forças místicas agindo. É somente um romance slice of life em que uma parte significativa da vida dessas pessoas é o Magic.
Sobre Magic
Não é necessário ser um grande entendedor de MTG para aproveitar Subete no Jinrui, mas claro, há um charme a mais para quem conhece sobre o jogo.
Por conta do contexto no passado, o mangá mostra o lançamento de coleções clássicas e como elas impactaram o jogo. Isso através da reação e interações entre os personagens sobre o assunto.
Por exemplo, em Magic há 5 cores de mana (Branco, Azul, Preto, Vermelho e Verde) e os baralhos são construídos a partir de uma delas ou de combinações. Algo que para quem não conhece o jogo pode ser meio confuso ao início da história, mas logo há uma contextualização.
Um dos meus pontos favoritos imitam poses e expressões faciais de algumas cartas um para os outros e a carta aparece o fundo. Além de um pequeno fan service, mostra como esses personagens são apegados ao jogo.
O ambiente amigável da loja de cartas, os experientes ajudando os novatos, as partidas, todas coisas tão cativantes de presenciar.
A dramatização dos duelos transmite a intensidade na medida certa através dos aspectos visuais. Não tem um sistema de hologramas, mas há uma representação visual do que ocorre, uma forma de simular o que se passa na cabeça dos jogadores.
A Dualidade em Subete no Jinrui: Hajime e Emi
Os protagonistas certamente são o Hajime e a Emi. A famosa relação de cão e gato, sempre farpando um ao outro.
O Hajime é o “jovem edgy” e que presa e “legal”, o “maneiro”. Em um momento ele se apelida de “Cloud”, por causa do protagonista de Final Fantasy VII. Outro ponto muito bom da obra, ele não apresenta só o magic da época, mas também outras mídias que saíram por essa época e interessam aos personagens.
Isso se reflete muito no baralho do Hajime, é um baralho de apenas uma cor: Preto, pois ele acredita, nas palavras dele, ser a mais legal e máscula.
Entretanto, apesar de ser o segundo melhor aluno de seu ano, por conta de seu jeito arrogante atrelado a síndrome da oitava série, não tem a melhor fama da escola.
Opondo o Hajime, temos Sawatari Emi, a melhor aluna do ano deles, uma estudante dedicada, popular, mas que não vai com a cara do nosso protagonista.
No quesito Magic, esse antagonismo apresenta-se a partir do baralho dela ser apenas Branco. Sendo contextualizado desde o início, as cores são contrárias e uma não tem muito como lidar com a outra.
Quando finalmente Hajime acha que pode superá-la em algo, ao descobrir que ela também joga. Ele ganha a primeira rodada, mas a superior habilidade de Emi faria com que ela ganhasse, se o jogo não fosse interrompido.
Mas, novamente a oposição, enquanto ele demonstra para tudo e todos do que ele gosta, ela esconde esse lado dela para o mundo, para manter a imagem da aluna perfeita.
Sobre o título: Destrua toda a humanidade. Ela não pode ser regenerada
O nome é uma referência a uma carta de Magic: Cólera de Deus, cujo efeito é: “Destrua todas as criaturas. Elas não podem ser regeneradas”. Entretanto, não apenas isso. A escolha do título está intimamente ligada a Profecia de Nostradamus. “No sétimo mês de 1999, descerá dos céus o grande rei do terror”. Os personagens vivem em um contexto em que isso é dito nas mídias desde que eles eram crianças.
No One-Shot original isso é bem pouco explorado, aparecendo somente nas últimas páginas. Na serialização há todo um contexto desde o capítulo 1, com os amigos do Hajime trazendo o assunto e ele refletindo sobre.
Enquanto o pensamento dele envolve o que ele estará fazendo ou com quem estará. A ideia de fim do mundo, para a Emi é um escapismo da realidade e uma forma de ter liberdade. Algo que fica claro ao desenvolver da história de Subete no Jinrui.
Dito isso, o romance dos dois é muito fofo, somente.
Por fim, vale ressaltar que a tradução em português ainda está muito atrasada em comparação a em inglês.