Análise – Platinum END (vol. 1)

Olá pessoas, como estão? De volta ao nosso quadro de análises, o escolhido para esta semana é o recentemente lançado Platinum END, da JBC, marcando o retorno da dupla Ohba Tsugumi e Takeshi Obata (autores dos sucessos Death Note e Bakuman) ao mercado brasileiro. Considerando que os dois dispensam apresentações, resta-nos discorrer sobre a qualidade desta sua mais recente obra. Sendo assim, passemos ao texto;

 

OBS: Como sempre, lembro a todos de que HAVERÃO SPOILERS DO MANGÁ.

 

Dados Técnicos:

  • Título: Platinum END
  • Editora: JBC
  • Preço: R$ 15,90
  • Roteiro: Ohba Tsugumi
  • Arte: Obata Takeshi
  • Formato: 13,5 x 20,5 cm
  • Acabamento: Brochura
  • Capa: Cartonada
  • Número de páginas: 192
  • Papel: Pisa Brite (papel jornal)
  • Lançado em: Abril de 2018

 

Sinopse

Kakehashi Mirai é um jovem que não tem mais vontade de viver. Além de perder a família em um terrível acidente, era maltratado todos os dias pela sua família adotiva.
Cansado da vida infeliz, o jovem se joga de um prédio no dia de sua formatura no Ensino Fundamental. Porém, neste momento, Mirai se encontra com um anjo que poderá mudar totalmente a sua vida!

 

O mangá começa com Mirai em sua sala, em meio a comemoração dos outros estudantes, alegres com sua graduação. Cabisbaixo, o jovem simplesmente sai de sala, compra um lanche, e vai em direção à um prédio, de onde se joga, tentando cometer suicídio. Entretanto, antes que ele chegasse ao chão, um anjo aparece e segura-o, salvando sua vida.

Este anjo (que possui a forma de uma garota) lhe diz que está lá para torná-lo feliz, já que desde a morte de sua família ele tem vivido como um escravo da tia que o adotou. Então, ela lhe dá a opção de alcançar liberdade e amor através de um entre dois artefatos: as asas de um anjo, que o fariam incrivelmente rápido, ou as flechas , que lhe dariam o poder de fazer alguém se apaixonar por ele por 33 dias. O jovem, sem interesse, diz querer os dois, e a garota lhe entrega ambos os equipamentos na forma de um colar e um bracelete invisíveis aos olhos humanos.

@ Obata Takeshi / Ohba Tsugumi / SHUEISHA / Panini

Ela também diz que outras pessoas que estejam associadas a um anjo poderão ver os equipamentos angelicais, e que existirão outros anjos até um “Deus” ser escolhido. Sem querer falar muito sobre o assunto, ela insiste que Mirai teste seus novos poderes, e ele acaba por ativar as asas e voa mundo afora, descobrindo uma sensação de paz que há muito não sentia.

O anjo conversa com ele sobre as possibilidades que se abriram para ele, e comenta que foram seus tios, que o adotaram, os responsáveis pela morte de seus pais e seu irmãozinho. Para confirmar, ele usa o poder da flecha em sua tia, e esta confirma que seu marido sabotou o carro da família Kakehashi, de forma que eles se tornassem os guardiões de Mirai e pudesse ficar com sua herança e com o seguro de vida dos pais deles.

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Desolado, Mirai fala que ela deveria morrer, e imediatamente ela enfia uma faca no pescoço, se matando. O jovem tem uma epifania, onde lembra de que o que sua mãe realmente queria, era que ele fosse feliz, e enfim pede ao anjo que lhe torne feliz.

Em seguida, é mostrado Deus comentando que seu tempo está se esgotando e que um novo humano deve ser escolhido para substituí-lo, ficando a cargo de 13 anjos escolherem 13 indivíduos dos quais um será o novo Deus. O tempo limite para essa seleção é de 999 dias, e o anjo que conseguir ter seu candidato eleito poderá viver junto a ele.

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A seguir, vemos Kakehashi dormindo em um hotel barato e tendo um pesadelo com sua falecida tia. Ao acordar, o anjo, que disse se chamar Nasse, lhe fala que ele não deveria se preocupar com aquilo e que usasse seus poderes para encontrar a felicidade. Ele questiona o uso destes poderes, pois não acredita que usá-los de forma ilícita possa lhe trazer real felicidade, algo que lhe foi ensinado por sua mãe.

Nasse distraída cita sobre ele se tornar Deus, e enfim explica ao jovem sobre a seleção e os demais anjos. Ele reage de forma fria sobre o assunto, e diz não ligar para alcançar o posto de Deus, pois tudo que deseja é uma felicidade advinda de uma vida normal. Em seguida, ele fala que precisa de trabalho para ter dinheiro, e a garota sugere que ele mate seu tio e primos usando uma flecha branca, que mata instantaneamente o alvo.

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Mirai recusa usar essa estratégia e diz que não usará as flechas brancas, concordando, entretanto, em usar a flecha vermelha para fazer seu tio se entregar à polícia. Tendo decidido isso, ele vai assistir TV e se assusta ao ver um comediante acompanhado por um anjo. Este comediante, Tonma Rodrigues, estava usando de suas flechas para arrumar casos românticos com outras celebridades, e Mirai consternado decide ajudar as garotas afetadas pelo comediante.

Nasse explica que as flechas tem precisão total, sendo superadas apenas pela velocidade das asas de anjo, o que torna impossível que pessoas normais possam esquivar destas. Enquanto isso, Rodrigues é atacado por uma figura vestindo um uniforme de combate, e é morto por este homem mascarado, que faz uso de uma flecha branca. Nasse e Mirai descobrem isso no dia seguinte, e o anjo fica assustado com o caso. Depois vemos o homem misterioso sem sua fantasia, dizendo que já tem em mente matar os demais onze para se tornar Deus.

@ Obata Takeshi / Ohba Tsugumi / SHUEISHA / Panini

Em seguida, é mostrado o homem uniformizado se preparando para atuar novamente. Na noite seguinte, Kakehashi e Nasse caminham pelo centro da cidade e veem em um telão uma entrevista desse homem, intitulando-se como Metropoliman, um antigo herói de séries de TV. É mostrado como ele resolveu uma situação de um assalto a banco com reféns, e Mirai nota que ele também é um candidato a Deus. Esse homem termina a reportagem dizendo que irá encontrar os “doze inimigos vindos do paraíso” e os derrotará.

O rapaz fica assustado com a possibilidade do homem ver Nasse junto dele e manda o anjo se afastar. Ao mesmo tempo, vemos que o suposto herói é na verdade um estudante colegial assim como Kakehashi, que passou a se sentir mal com seu posto de candidato. Ele pede a Nasse que retire-o dessa competição, mas o anjo fala que caso ele faça isso irá morrer, pois as asas e as flechas são agora uma prova de que ele “quer viver”, e retorná-las significa que ele desistiu da vida.

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Ele fica frustrado com isso, mas mesmo assim decide seguir com sua vida e ir para o colégio, porém sem a companhia de Nasse, para evitar ser descoberto. Ao chegar lá, ele se depara com um anjo que reconhece-o como candidato devido a seu comportamento. Esse anjo diz que seu candidato também é uma pessoa daquele colégio, e este se revela como sendo Saki, colega de infância e interesse amoroso de Kakehashi, que acerta-o com a flecha vermelha assim que encontra ele, sendo aqui onde o primeiro volume se encerra.

 

Como alguém que já leu Death Note, devo dizer que existe uma significativa diferença entre o roteiro desta e de Platinum END. Enquanto em DN vemos um começo mais lento, com uma preparação mais cuidadosa dos pontos de interesse do enredo, em PE já vemos tudo acontecendo mais rapidamente, desde as explicações básicas da “competição” até a definição de um antagonista inicial. Tal tratamento me pareceu um pouco apressado, me fazendo pensar que não houve interesse em manter algum ponto da estória “em segredo” para ser desenvolvida futuramente.

@ Obata Takeshi / Ohba Tsugumi / SHUEISHA / Panini

Em termos de personagens, claramente vemos que Mirai não é muito carismático. Demonstrando muitas preocupações e indecisões, ele seguiu com uma postura apática em várias cenas e agiu de forma exagerada em outras, fatos que podem até acabar irritando alguns leitores que esperem por uma atitude mais direta de sua parte. Entretanto, considerando que ele é um jovem completamente comum, suas ações podem ser consideradas perfeitamente plausíveis.

Nasse age bastante como conselheira do estudante, mas devido ao teor de suas palavras (advindas de uma linha de pensamento totalmente diferente da humana) ela acaba atrapalhando mais as decisões de Mirai do que ajudando. Seus poucos momentos de alívio cômico também são destoantes ao enredo e parecem ter sido usados como mero preenchimento para alguma cena.

@ Obata Takeshi / Ohba Tsugumi / SHUEISHA / Panini

O fato de já terem revelado muito sobre Metropoliman (faltando apenas dizer seu nome real) não me pareceu uma decisão interessante. Considerando seu modo de operação, acredito que agregaria mais não revelar seu rosto tão cedo após sua primeira aparição ou traços de sua vida cotidiana. Mantê-lo como algo incógnito poderia torná-lo mais atrativo ao público, caso o plano fosse tê-lo como antagonista por uma quantidade razoável de tempo. Sua personalidade peculiar ajuda a manter o interesse nele, e caso este ponto seja bem trabalhado, pode ser a razão para afeiçoá-lo ao público.

A competição em si não é muito diferente de um battle royale típico (muitos notarão similaridades com Mirai Nikki), com regras que impedem o abandono dos participantes e com um prêmio bastante atraente ao vencedor. As armas disponíveis e a participação dos anjos a tornam bastante interessante, dadas às possibilidades que cada uma delas pode trazer, especialmente o tipo de orientação que os anjos darão a seus parceiros, já que todos parecem possuir personalidades distintas.

@ Obata Takeshi / Ohba Tsugumi / SHUEISHA / Panini

Nos termos de arte, não há muito o que dizer sobre o trabalho de Obata. Consistente e bonito, seus traços mantem a qualidade vista em outros mangás onde trabalhou, permitindo passar de forma convincente os acontecimentos da obra bem como as expressões de seus personagens.

Por fim, devo dizer que este mangá me pareceu um pouco aquém das obras criadas pela duplas Ohba/Obata. Mesmo tendo uma arte bonita e uma premissa bastante atrativa, o desenvolvimento do enredo acaba parecendo corrido e os personagens falham por não serem muito carismáticos. Acredito que tais problemas possam ser corrigidos no futuro, então pode valer a pena apostar na obra.

 

Pontos Positivos:

  • Premissa interessante;
  • Arte bonita e consistente;
  • A competição em si demonstra grande potencial.

 

Pontos Negativos:

  • Apesar de interessante, a premissa não é original;
  • Roteiro aparentemente apressado;
  • Personagens pouco carismáticos;
  • Atitudes do protagonista podem irritar alguns leitores;
  • Momentos de alívio cômico mal colocados.

 

Nota Final: 3.0 / 5.0

 

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Bem pessoas, vamos encerrando aqui mais uma análise. Quaisquer sugestões, críticas e ódio gratuito podem ser deixadas nos comentários. Aproveitem o texto, e até a próxima.