Análise: Made In Abyss (vol. 1) – NewPOP

Saudações pessoas. Voltando após algum tempo ao nosso quadro de análises, hoje trago a vocês o mangá que deu origem àquele que foi considerado o melhor anime de 2017: o glorioso Made in Abyss, da autoria de Tsukushi Akihito e lançado no mês de julho pela editora NewPOP. Sem muitas delongas, vamos ao texto;

 

OBS: Como sempre, lembro a todos de que HAVERÃO SPOILERS DO MANGÁ.

 

Dados Técnicos:

  • Título: Made in Abyss
  • Editora: NewPOP
  • Preço: R$ 21,90
  • Roteiro/Arte: Tsukushi Akihito
  • Formato: 15 x 21 cm
  • Acabamento: Brochura com costura
  • Capa: Cartonada
  • Número de páginas: 168
  • Papel: Off-set
  • Lançado em: Julho de 2018

 

Sinopse:

Em um mundo que já foi explorado de ponta a ponta, a única área misteriosa remanescente é o grande buraco chamado de “Abismo”. Criaturas muito estranhas e bizarras habitam as profundezas desse imenso buraco do qual não se conhece o fundo e também encontram-se relíquias que não podem ser feitas pelos humanos atuais. Os mistérios do Abismo fascinam as pessoas e as levam a buscar aventuras. Com o tempo, esses aventureiros que desafiaram esse grande buraco inúmeras vezes passaram a ser chamados de “exploradores de cavernas”. Riko, uma órfã que vive na cidade de Orth, à beira do Abismo, sonhava em se tornar uma grande exploradora de cavernas como sua mãe e desvendar os mistérios do Abismo. Certo dia, Riko encontrou e acolheu um robô com a forma de garoto enquanto fazia explorações…

 

O mangá começa com Riko tentando mostrar a seus amigos do orfanato a utilidade de uma ferramenta chamada Star Compass, usada para direcionamentos dentro do Abismo. Eles acabam não dando muita atenção e preferem ir atender a um serviço de entregas de correspondência destinado aos “Apitos Vermelhos” (classe iniciante de exploradores do Abismo). Em seguida, somos apresentados a várias informações sobre o local, e vemos a garota observando criaturas pelo telescópio da casa de  sua “tia”.

@ Tsukushi Akihito/Takeshobo/Newpop

Ambas conversam sobre como Havo, marido dela e amigo de Riko, quer se tornar um “Apito Branco”, o maior nível de exploradores, e ao sair a jovem revela que possui o mesmo sonho. Para alegria dela, as crianças recebem instruções sobre uma exploração a ser realizada no dia seguinte, com a diretora a prevenindo que não toleraria que as relíquias do Abismo ficassem na posse de algum deles (algo que Riko faz com alguma frequência). Ela pede a Jiruo, seu instrutor, que permita que ela vá em uma profundidade que os demais Apitos Vermelhos, pois quer se tornar uma exploradora Apito Branco logo para encontrar sua mãe, ao passo que ele diz que considerará se ela conseguir o artefato mais valioso da exploração.

No dia seguinte, ela e seu colega Nat seguem para sua área de exploração, e a jovem consegue vários achados interessantes. Entretanto, quando estava para voltar, ela vê que seu amigo estava sendo atacado por um Benichikawa, monstro que habita as camadas inferiores do Abismo, e chama a atenção da criatura, que passa a atacá-la. Para sua surpresa, assim que o monstro iria devorá-la, alguma coisa o acerta e o machuca gravemente, fazendo-o fugir. Nat, sem grandes machucados, aparece para socorrê-la, mas ela consegue despistá-lo por alguns momentos para investigar o que foi aquilo.

@ Tsukushi Akihito/Takeshobo/Newpop

Então, ela encontra um colar e, logo em seguida, um garoto em vestes incomuns, que aparenta estar esgotado. Usando de sua percepção, Riko descobre que a criança é um robô, e que ele foi o responsável por salvá-la, perguntando-se de onde ele teria vindo.

Ao levar o robô de volta para o orfanato, ela e seus amigos conseguem reanimá-lo com o auxílio de uma cadeira elétrica, porém ele não lembra de nenhuma informação sobre si. Para completar, o processo para recobrar a consciência do garoto faz com que toda a energia do orfanato seja desligada, fazendo com que o instrutor venha ver que tipo de problemas o grupo de Riko criou. O robô consegue evitar ser visto e, enquanto Riko é levada para seu castigo, ele examina-se, levantando a questão dele realmente ser um ser mecânico.

@ Tsukushi Akihito/Takeshobo/Newpop

Somos apresentados em seguida à chamada “Maldição do Abismo”, uma série de graves sintomas que afetam os exploradores durante seu retorno do local, e que pioram conforme a profundidade que descem. Riko diz que como o robô não é totalmente humano, ele não é afetado pela Maldição, e por isso deve ter vindo da camada mais profunda do Abismo, e mesmo ao procurar em um inventário de relíquias, não conseguem maiores informações sobre ele.

Considerando que ele seja um Aubade (relíquias de maior valor do Abismo), eles bolam um plano para evitar que o robô seja levado embora. Disfarçado com roupas velhas, ele se apresenta ao líder como um órfão chamado Reg, que não possui lembranças sobre sua família e que foi encontrado na cidade por uma garota que o criou como irmã. O plano funciona, e Reg é aceito no orfanato, onde passa dois meses em preparação para se tornar explorador.

@ Tsukushi Akihito/Takeshobo/Newpop

Nesse meio tempo, o grupo de exploração de Havo retorna do Abismo trazendo um Apito Branco que pertencia a Lyza, a Exterminadora, uma famosa exploradora que também vem a ser a mãe de Riko, ao qual somos apresentados durante um festival que é realizado em sua homenagem. Havo encontra com a garota e entrega o apito da mãe para ela, bem como uma carta selada endereçada a ela.

Jiruo conversa com a garota sobre Lyza, e revela que a exploradora estava grávida de Riko quando precisou fazer uma incursão à quarta camada do Abismo, situação onde o pai de Riko, Torka, faleceu, e a menina nasceu. Devido ao uso de uma relíquia que protegia contra os efeitos da maldição, Riko nasceu apenas com um problema de visão, mas descobre que sua mãe acabou por desistir de trazer seu maior achado para poder trazê-la com vida para fora do Abismo.

@ Tsukushi Akihito/Takeshobo/Newpop

A conversa encoraja a menina a seguir os passos de sua mãe, e pouco tempo depois ela recebe permissão das autoridades para ler a carta endereçada a ela. Acompanhada por Reg, ela vai até o QG da Guilda de Exploradores, e enfim vê aquilo que sua mãe enviou, sendo várias imagens e anotações sobre criaturas e relíquias, dentre elas uma que parecia bastante com Reg. Além disso, uma mensagem extra foi mandada, dizendo que Lyza a esperava no fundo do Abismo.

Após vermos as informações deixadas na carta da exploradora, é mostrada a primeira exploração de Reg, e toda a sua felicidade em encontrar seus primeiros artefatos. Entretanto, tal como Riko, ele demonstra quer ir para as profundezas do Abismo, onde acredita que encontrará informações sobre quem ele é, coisa que irrita Nat, que já na noite anterior havia se mostrado contra o plano da menina de ir até a sétima camada do Abismo.

@ Tsukushi Akihito/Takeshobo/Newpop

Depois de voltarem à cidade, Reg volta a pensar sobre quem ele é, e quando Riko diz que no dia seguinte irá partir em expedição, ele decide ir junto, para a alegria da garota. Shiggy, seu colega mais inteligente, questiona o fato do robô não ter conhecimento o suficiente do local para poder seguir exploração ao mesmo tempo que protege Riko. Então ele mostra um mapa do Abismo que roubou da sala da diretora, e explica em detalhes sobre cada uma das camadas e os tipos de perigos que podem ser encontrados lá.

Depois da explicação, Nat volta a dizer para que eles não sigam com sua aventura, pois considerando a chance quase nula de um Apito Branco sobreviver após cruzar a sexta camada, a mãe de Riko já devia ter morrido há muito tempo, algo que teria sido confirmado pela entrega de seu apito. A declaração faz Riko ir embora muito chateada, mas não muda suas intenções de ir para o Abismo.

@ Tsukushi Akihito/Takeshobo/Newpop

Próximo ao amanhecer, a menina e seus amigos se preparam para partir, sendo que Reg fica para trás para se despedir do pequeno Kyui, mais novo dos membros de seu grupinho. Ele acaba sendo visto por Jiruo, mas consegue “enrolar” o instrutor, que diz para ele cuidar de Riko e observa-o com atenção ao sair.

Os garotos seguem Nat, que a contragosto os ensina um caminho para irem à borda do Abismo, atravessando as favelas onde este nasceu, e enfim chegando à entrada do buraco. Eles tem um despedida cheia de lágrimas, e Riko acaba acordando os moradores ao falar muito alto, fazendo com que eles tenham que se apressar. Pouco depois, e trocadas as últimas palavras, Reg e Riko seguem para a escuridão do Abismo, iniciando sua jornada, e terminando o primeiro volume da obra.

 

Na leitura inicial, já percebemos uma diferença no ritmo da obra em relação à sua adaptação animada, tendo alguns momentos seguido um passo mais rápido (como o ataque da Benichikawa a Riko), e ocorrendo maior desenvolvimento em partes consideradas informativas (ou até mesmo didáticas), e em situações de desenvolvimento específico dos personagens, tais como as apresentações sobre o Abismo ou as discussões entre Riko e Nat.

@ Tsukushi Akihito/Takeshobo/Newpop

Diferenças quanto à algumas situações também podem ser notadas,  como uma menor censura em cenas mais fortes, como os castigos de Riko, ou a mudança na ordem de alguns acontecimentos, como o encontro inicial entre os protagonistas, que demora um pouco mais a ocorrer.

O caráter dos personagens também é muito bem expressado no mangá, onde podemos ver de forma bastante direta o quão zeloso Nat é em relação a seus amigos, como Jirou tenta educar, ainda que subliminarmente, seus estudantes, a curiosidade genuína de Riko e Reg sobre o Abismo e o desejo de saberem mais sobre suas origens. Tal cuidado em expor os sentimentos e intenções mostrou-se extremamente favorável para a criação de afeto entre os leitores e os personagens, bem como para criar expectativa sobre seus próximos passos.

@ Tsukushi Akihito/Takeshobo/Newpop

O trabalho de arte de Tsukushi pode ser dito impecável em MiA. Mesmo seguindo um estilo mais próximo ao “chibi” no núcleo principal (algo que acaba afastando alguns leitores, que erroneamente pensam se tratar de uma obra leve), a aparência amigável e traços sutis nos personagens ajudam a desenvolver o carisma destes, bem como o traço leve e detalhado do cenário cativa e impressiona quem vê os ambientes onde a trama se desdobra, com um destaque maior para o grande trabalho de iluminação dado às localidades.

O roteiro mostra-se bem escrito, sem nenhum tipo de furo aparente, e com cortes e composições de situação bastante precisos. Com isso, ocorreu uma melhor dosagem do enredo nos capítulos, evitando que a leitura ficasse maçante e intensificando o interesse em sua continuidade. Os momento cômicos da obra também tiveram ótimo encaixe narrativo, contribuindo para aliviar alguns momentos mais fortes da narrativa, e para humanizar mais os personagens.

@ Tsukushi Akihito/Takeshobo/Newpop

Em resumo, Made in Abyss apresentasse inicialmente como uma trama até leve e interessante sobre duas crianças se aventurando em um local cheio de perigos. Claro que aqueles que já tiveram contato com o anime sabem que a obra não é nem de longe algo bonitinho, e após esta ótima introdução, o autor nos brindará, nos próximos volumes, com cenas marcantes e até agoniantes envolvendo uma gama de situações e pessoas que com certeza fazem valer a leitura.

Sem sombra de dúvidas uma obra digna de seu sucesso, e que vale a pena de ser acompanhada.

 

Pontos Positivos:

  • Enredo consistente, com um bom desenvolvimento;
  • Cortes precisos de cena;
  • Timing correto para momentos de alívio cômico;
  • Excelente trabalho artístico, sobretudo de iluminação;
  • Personagens bem desenvolvidos e carismáticos;
  • Informações adicionais em relação ao anime.

 

Pontos Negativos:

  • O estilo de arte dos personagens principais pode dar uma ideia errada sobre a obra;
  • A falta de censura em algumas cena pode incomodar alguns leitores.

 

Nota Final: 4.5 / 5.0

 

Lembrando a todos que tanto Made in Abyss como qualquer outra obra publicada no Brasil pode ser adquirida na Anime Hunter com 15% de desconto usando o cupom “NSV“.

E é isso pessoas. Como sempre, não deixem de comentar, sugerir, criticar ou hatear sobre o texto nos comentários. Boa leitura, e até a próxima.