Como toda paixão, a literatura e o cinema criam em seus amantes fortes sentimentos. E, o que é bem comum, sentimentos distintos. Opiniões diferentes vindas de pessoas diferentes por motivos diferentes. Essas opiniões costumam a influenciar o destino das obras, sendo ele bom ou ruim, pois o trabalho de muitos neste meio é movido por amor, mas o amor nada é no mundo dos negócios sem uma boa verba, e um bom retorno. A mistura de amor e dinheiro dá resultados sempre incríveis, inovadores, evidentemente repletos de dedicação. Com as obras que são adaptadas não é diferente.
Ações geram resultados, que geram consequências que geram novas ações. Alguns escritores se perdem no meio desse processo, o que talvez tenha sido o caso de Rick Riordan, escritor responsável pela história dessa semana.
Roberto Donato e Grazieli Aquino (ambos com 24 anos) contaram um pouco sobre suas experiências com o segundo título escolhido, a primeira saga do semideus Percy Jackson, confiram:
Percy Jackson e os Olimpianos
Roberto Donato
Ocupação: Estudante
Remake Nele!
Minha nota pra o livro 8. Ele tem leitura fácil, linguagem atual e um tema adaptado para o público adolescente, com enredo envolvente e personagens bem desenvolvidos, porém o escritor está preso a um formato clichê de histórias juvenis, apresentando um problema que deve ser resolvido em um espaço curto de tempo. Já minha nota para o filme é 6. O filme tem uma pegada adolescente e apela para um tom de comédia romântica com aventura. São muitas as ocasiões que informações canônicas do livro são alteradas sem necessidade; como, por exemplo, a pelagem de Quíron que no livro era branca e no filme é castanha. Outro exemplo é Annabeth não se dar bem com Percy no livro e no filme apresentar um clima romântico entre os dois personagens logo no início. Apesar dos muitos personagens com personalidades boas, meu favorito é Grover Underwood.
Parcialmente, a escalação do elenco principal foi justa. Porém personagens chave, que aparecem durante a história do livro, na trama do filme acabaram tendo suas características alteradas, apenas por utilizarem de atores renomados para atrair o público. Os efeitos especiais foram muito bons em relação a escala em investimento para o filme, também contando com ótimos efeitos práticos. Achei as locações de cenários muito bons também, bem ambientados e suficientes para desenvolver a história. Sendo o lugar mais esperado por mim o acampamento meio sangue!
No segundo filme, Mar de Monstros, até ocorreu uma tentativa de corrigir algumas características de personagens. Como no caso de Annabeth, mas a melhor solução seria remake!
Pausa, Respira e Play
As maiores qualidades do livro em minha perspectiva são a linguagem atual, o natural desenvolvimento de personagens, a mistura de mitologia com elementos do mundo atual e o formato de aventura e fantasia apresentado. Entre os dois filmes o segundo filme foi o melhor, por ser mais fiel aos livros. Mas o meu livro favoritos da saga é O Ladrão de Raios, porque é onde é apresentada toda mitologia e personagens que compõem a história.
Houve várias discrepâncias no decorrer do filme. Mas as maiores diferenças entre o livro e o filme foram a descaracterização da Annabeth e o aparecimento da hidra no primeiro filme, sendo que ela aparece apenas em Mar de Monstros, e a característica de que Percy respira em baixo d’água, sendo que no filme ele apenas prende a respiração por 7 minutos.
Como fã estava muito ansioso para adaptação, como a maioria dos fãs, mas assistir algumas coisas me incomodou devido a fidelidade com a história, fora isso é um filme muito tranquilo de assistir.
E Aí Disney, Que Tal Uma Série?
Recomendo o livro por ser de uma leitura fácil que prende o leitor, apresentando vários elementos da mitologia grega. O livro acaba não só servindo como entretenimento, mas também como fonte de informações sobre a mitologia citada anteriormente. O longa é um bom filme para ver com a família, para se divertir, apenas.
A respeito dos três últimos filmes que “faltaram”, na verdade, acredito que o ideal para adaptar a história seria uma série. Isso devido à quantidade de acontecimentos, mas não vou negar que fiquei muito curioso para ver Cronos aparecendo.
Grazieli Aquino
Ocupação: Assistente administrativo
Num Tô Intendendo É Nada
10! Minha nota para o livro é 10! O livro é excelente. Tem uma narrativa leve e divertida. Aborda a mitologia grega de uma maneira mais fácil de ser digerida (convenhamos, quem decora tantos nomes de deuses assim?). Já o filme? 5! Foi por conta do filme que me interessei em ler o livro, mas os roteiristas não colocaram nem 1/3 da história. Detalhes importantes do livro não foram colocados no enredo do filme, o que dificultou muito a adaptação da segunda obra, que, para mim, também foi uma decepção. Em comparação com os dois filmes, o primeiro é bem melhor. Principalmente em relação aos efeitos especiais. Mas o segundo deixou a desejar, principalmente com o ciclope. O que me leva a citar outra questão, que no segundo filme alguns personagens surgem do nada, e quem não leu os livros acaba ficando perdido.
Minha personagem favorita sem dúvidas é a Annabeth! É uma personagem forte, inteligente, estrategista. Muito difícil de não admirá-la. Eu amo a saga toda, mas tenho um carinho especial pelo primeiro livro Percy Jackson e o Ladrão de Raios. Foi ele que fez eu me apaixonar pela mitologia.
Você Não Deveria Estar Lendo o Livro, Roteirista?
Como eu disse antes, assisti ao primeiro filme antes de ler o livro. A princípio tinha amado o filme e estava ansiosa pelo segundo. Depois de ler, mudei totalmente minha opinião. E fui assistir o segundo filme por teimosia, já sabia que iria me decepcionar.
Eu gostei muito dos atores, do Percy Jackson principalmente. Só que poderiam ter colocado a Annabeth loira, mas só no segundo filme que fazem isso. Não tiveram fidelidade com a obra: os personagens ficaram faltando, a idade dos personagens foi alterada (só para rolar um romance entre o Percy e a Annabeth logo no primeiro filme). A química instantânea entre Percy e Annabeth é ridícula, eles só têm 12 anos! Era para se odiarem logo de cara.
Os filmes também não foram muito fiéis à descrição dos cenários. Como, por exemplo, chalé do Percy Jackson, o cassino, o acampamento em si… São bem diferentes. A impressão que eu tive, foi que os roteiristas leram apenas a sinopse do livro e resolveram fazer o filme baseado naquilo. Sabemos que é uma adaptação e que não é possível colocar todos os elementos. Mas, como disse antes, mudaram as características da Annabeth, e colocaram o Grover como mulherengo e não incluíram a árvore da Thalia…
Aí Hollywood, Tá Mal na Foto
A história do livro é bem detalhada e cheia de aventura. A todo instante acontece algo para te tirar o fôlego. É o que te prende na leitura e faz querer terminar o livro, e, caso pare, tem a sensação que vai perder alguma coisa. Com toda certeza do mundo eu recomendo o livro! Para quem ama essas aventuras teen, esse livro é maravilhoso e vai se tornar um dos favoritos. Mas eu só recomendaria o filme caso a pessoa não tenha intenção de ler o livro, caso o contrário, é melhor colocar na lista de “filmes para nunca assistir”. A história é muito boa, merecia uma série (ouça-os Disney, as vozes dos fãs ecoam: série… série… série…). Mas a continuação dos filmes? De jeito algum!
Sobre a segunda saga de livros – Os Heróis do Olimpo: algumas pessoas não gostaram da forma como foi escrita, intercalando a história de cada personagem. Mas isso foi umas das coisas que eu mais curti na segunda saga. Pois despertava ainda mais a curiosidade para saber o que ia acontecer no próximo capítulo. Outro ponto que foi motivo de crítica, mas que eu adorei, foi a junção dos personagens e a mudança de característica dos deuses da mitologia grega para a romana. Um detalhe bobo, mas que me cativou, foi colocarem uma personagem vegetariana, a Piper.
Segunda Chance Perdida
A chance de redenção desperdiçada no segundo filme é de cortar o coração. Apesar das diferenças em alguns pontos opinados, todos concordam que a falta de fidelidade com basicamente toda a história, tanto nas coisas simples quanto nas partes essenciais, levou os filmes ao fracasso. Somando as colunas, já temos três filmes infiéis de grande fracasso por reprovação dos fãs leitores. Mas, em contrapartida, temos dois títulos literários infanto-juvenis de grande sucesso. A que conclusão isso vai nos levar? Será que é possível uma obra infiel, mas boa (na opinião de quem leu o livro)?
Por fim, vou encerrando a segunda coluna da série Livros e Suas Adaptações. Mas eu quero ouvir de você, deixe aí nos comentários, o que achou sobre os livros da saga Percy Jackson e os Olimpianos, ou os filmes, ou ambos. Siga @lanterna_de_tinta que informarei quando as próximas colunas forem publicadas.
Gostou do que leu? Confira a primeira parte na coluna da semana passada clicando AQUI. Nela eu falo sobre o livro O Lar da Senhorita Peregrine Para Crianças Peculiares e sua adaptação. Outra dica é a coluna em que entrevistei Raphael Draccon, onde falamos, brevemente, sobre sua carreira e sobre o mercado literário. O @raphaeldraccon postou em suas redes sociais esta semana (dia 30 de janeiro) que encerrou a escrita do seu quarto livro da série Dragões de Éter; Intitulado Estandartes de Névoa. A história se passa cinco anos desde os últimos acontecimentos do livro três, Círculos de Chuva, publicado pela primeira vez em 2014. Clique AQUI e conheça um pouco a respeito deste escritor brasileiro de fantasia. Boa semana, boa leitura e até a próxima.