Guerra Civil (livro) – Marvel Como Você Nunca Leu

Aos meus amigos e amigas fãs da Marvel, minha saudação. Sou a Lanterna de Tinta e pela primeira vez sobre uma das minhas paixões, a Marvel. Sendo mais especifica, vou falar sobre o livro Guerra Civil, de Stuart Moore (escritor e quadrinista norte-americano, participou de obras de Star Trek, Batman, Homem-Aranha).

Esse romance é adaptado dos quadrinhos de Mark Millar (outros trabalhos: O Velho Logan, Kick-Ass, Superman: Red Son, Ultimate Fantastic Four, O Legado de Júpiter) e Steve McNiven (outros trabalhos: Retorno de Wolverine, Fabulosos Vingadores: Ragnarok, Guardiões da Galáxia: Vingadores Cósmicos). Uma das maravilhas da atualidade é poder ter conteúdo dos quadrinhos no formato de livros e vice versa. Fora que hoje temos a Marvel representada em todos os meios artísticos. Por exemplo, clique aqui e veja uma violinista tocando o tema de vingadores! Devo enfatizar que hoje não vamos comparar as obras, ok? Hoje vamos falar sobre Guerra Civil, o livro!

Primeiro a Resenha

Um desastre causa uma cena apocalíptica em Stamford, Connecticut. De quem foi a culpa? A opinião para essa pergunta definiu inúmeras vidas a partir desse momento. E era apenas uma catástrofe como essa que faltava para uma bomba político-social explodir no mundo. Grupos massificados tomam um lado pra si e assim tem início uma Guerra Civil. Ódio, incompreensão, preconceito, corrupção, interesses “sujos”.

Dois lados (ou até mesmo três) agora irão colidir em uma batalha. Mas nada de bom resulta de uma Guerra. Ninguém sabe mais disso do que o Capitão América, mas, sem opção, ele lidera o lado da resistência. Já Tony Stark, o bilionário popular Homem de Ferro, fará qualquer coisa para provar que seu lado é o correto. Nada em sua consciência impedirá suas ações. Na verdade, tudo apenas inflamará seu desejo de seguir em frente. Mas a inconsequência orgulhosa sempre cobrará caro.

 

Os dois líderes de Guerra Civil

Dona Marvel, Tão Bela

Eu separei uma parte aqui para falar da edição em si. Temos a capa linda, claro, mas o melhor veio ao abrir o livro. Na terceira e quarta capa (as capas internas) vemos uma ilustração de uma cena no livro. Foi quase um presente. No meio da leitura eu vivia retornando à imagem para observá-la mais um pouco. Para mim, cada detalhe de uma obra faz a diferença. Comece a notar os pequenos detalhes das edições. Repare na capa, na escolha dos materiais, das fontes, o tamanho, em que posição da página está a numeração, a cor das folhas, a textura, o cheiro. Cada livro será diferente do outro. E quando se repara nos detalhes, as características evidentes ficam mais grandiosas ainda.

Ilustração que aparece no livro Guerra Civil

Uma Perspectiva:

Bem do Início

A história começa de um jeito interessante. Mas se pensarmos bem, não haveria melhor forma de começar um livro de Guerra Civil. Logo de cara você será apresentado a personagens mais “recentes” se compararmos com a criação dos heróis clássicos. Mas se você pesquisa sobre as histórias dos personagens da Marvel, provavelmente já ouviu o nome de algum deles. Como o Nova, cujo o terreno para sua entrada no MCU já foi preparado. Também temos a heroína Namorita – parente de Namor – que, no prólogo, aparece com sua equipe, os Novos Guerreiros (também um grupo recente, tendo sido sua primeira aparição em 1989), em uma missão. O narrador em terceira pessoa toma Speadball, o famoso comediante mor do grupo, para ser seu personagem principal.

Da Narração

Porém, ao avançarmos para os primeiros capítulos vemos a tática usada de narração. Nela a cada capítulo têm um herói diferente como principal. Então, apenas para terem uma ideia, veja como fica a ordem da primeira parte (sendo que o livro é dividido em 5): Speedball, Homem de Ferro, Homem-Aranha, Mulher Invisível, Homem de Ferro, Homem-Aranha, Capitão América.

Sendo honesta, essa forma de narração não me agrada. Mas um grande problema ao preferir uma narração em terceira pessoa e baseada no ponto de vista de um personagem, principalmente em um livro como esse, é que isso seria escolher um lado (mesmo que o escritor claramente não consiga esconder o dele em Guerra Civil). Escolhendo um lado você perde leitores, eu posso garantir que Team Cap ou Team Iron iriam ignorar sua obra se o lado deles fosse preterido.

É uma forma de narração clássica escolhida por escritores que precisam lidar com inúmeros personagens. Então ter vários principais lhes dá liberdade de narrar diversas frentes. Essa é uma forma confortável de narrar. Os escritores não caem no erro de ter a história mal explicada e conduzida. Além disso, o leitor não fica com a angústia de não saber o que está pensando ou fazendo tal personagem. Isso acontece porque no próximo capítulo ele pode explicar de outro ponto de vista. E Assim deixar evidente motivos de ações e também construção de situações ficam claras. Fora que leitores que não gostam de analisar terão menos motivos para reclamações e críticas.

Sobre o Conteúdo Com Quase Nada de Spoiler:

É Boa

A história é emocionante. Não diria surpreendente, mas emocionante. Em todos os sentidos. Foi como assistir aos melhores filmes da Marvel. Mas os acontecimentos que ocorrem são sombrios, tristes e impactantes. Fazem florescer um sentimento de que o caos é inevitável, incontrolável. Acompanhamos a vida dos heróis com intensidade. Vemos a quebra do glamour. A impotência que paradoxalmente vem com os poderes. É uma história sobre estar literalmente entre a cruz e a espada. É sobre perceber que uma dessas opções vale mais a pena que a outra. Mesmo as duas trazendo sérias e perigosas consequências.

Os Diferentões

Alguns personagens tinham as personalidades diferentes das quais estamos acostumados. Os conhecemos de outras histórias como as dos desenhos animados, filmes live action ou animados, séries live action ou animadas. Como por exemplo a Viúva Negra. Ela sempre está com uma personalidade ao menos levemente distinta das outras que eu vi até agora. Ou Maria Hill, facilmente amada em um, facilmente ignorada em outro, facilmente odiada nesse. Até mesmo vemos um segundo lado da personalidade do Tocha Humana; mais sensível e frágil (que orna com os acontecimentos).

Não se Mexe em Time Que Está Ganhando

Já outros personagens como Falcão, Demolidor e Luke Cage tiveram suas características marcantes preservadas, para a glória da obra. Mesmo como coadjuvantes, são personagens de personalidades que conquistam e que costumam receber pouca, ou nenhuma, opinião negativa.

Criticando o PP e a SS

No caso dos escolhidos pelo escritor para narrar de suas perspectivas, tenho duas pontuações.

A primeira foi a decepção de ver Peter Parker, alguns anos mais velho do que nos 7 live actions lançados até agora, sendo reduzido por uns e seduzido por outros. O Homem Aranha é um grande herói, com poderes admiráveis. E Peter Parker possui qualidades de sobra. A falta de arrogância, a gentileza, espontaneidade, humor “urbano”, a simplicidade, tudo que o aproxima intimamente dos fãs. Por exemplo, pra mim é, por isso, que na minha mente a dupla Tony e Peter não combina. O primeiro anularia as qualidades do segundo se agisse o influenciando por muito tempo.

©ComicBookNOW

Em segundo lugar, temos Susan Storm, ou melhor, Richards. Enquanto as personagens femininas são estilizadas, Susan é a melhor representação entre elas. O foco está nas suas ações e não na descrição da sua aparência. Dando a ela características grandiosas e valorosas. Sue era preocupada, esforçada, inteligente e sagaz, compreensiva e se posicionava estrategicamente. As outras foram retratadas como (e, acredite, essas palavras são mesmo usadas) belas, altas, esbeltas, formosas, graciosas, lindas e esculturais (nada contra, mas o autor fica “batendo nessa tecla” toda hora para retratar qualquer heroína). No começo eu pensei ser paranoia minha. Mas depois de um tempo passou a ficar até engraçado quando aparecia uma nova heroína (larga o osso, meu filho… hahah será que o senhor Moore estava precisando de uma namorada?).

Sue Storm, uma das protagonista do livro Guerra Civil
©StuartImmonen

Algumas Frases do Livro Guerra Civil (ditas pelos 4 protagonistas)

“ÁS VEZES, REFLETIU ELE, VOCÊ TEM QUE CONFIAR EM ALGUMA COISA. OU EM ALGUÉM.”

– Peter Parker

“PARECIA UMA CRIATURA DE UM FILME DE FICÇÃO CIENTÍFICA DOS ANOS 1950, UM SOBERANO ALIENÍGENA QUE VEIO CHEIO DE BONDADE GOVERNAR A TERRA… NÃO DEIXANDO NENHUM TRAÇO VISÍVEL DE SUA HUMANIDADE.”

– Susan Richards

“ENTÃO TEMOS DE SER ESPERTOS. TEMOS DE SER SORRATEIROS. TEMOS DE USAR TODOS OS RECURSOS QUE TIVÉRMOS À NOSSA DISPOSIÇÃO. SE QUISERMOS VENCER, SE QUISERMOS VIVER COMO HERÓIS, LIVRES PARA OPERAR DE ACORDO COM O INTERESSE PÚBLICO, ENTÃO TEREMOS QUE CONQUISTAR A NOSSA LIBERDADE. TEREMOS QUE CONSTRUIR O PAÍS EM QUE QUEREMOS VIVER, TIJOLO POR TIJOLO. ASSIM COMO NOSSOS ANCESTRAIS IMIGRANTES FIZERAM.”

– Capitão América

“ALGUNS DE NÓS PRECISAMOS CHEGAR AO FUNDO DO POÇO. OUTROS CHEGAM A UM PONTO EM QUE O ESTILO DE VIDA, OS EFEITOS CUMULATIVOS SOBRE SI MESMOS E SOBRE AS OUTRAS PESSOAS FICAM PESADOS DEMAIS PARA SUPORTAR. AINDA ASSIM, ALGUNS EXPERIMENTAM UM MOMENTO DE CLAREZA. UM BREVE E VÍVIDO LAMPEJO DE SEU FUTURO, DO DESTINO TERRÍVEL QUE OS ESPERA SE NÃO HOUVER MUDANÇAS.”

– Tony Stark

Após concluir a leitura dessa coluna vai aos comentários e me conta qual é o seu time! Qual o seu lado em Guerra Civil e o porquê. Acho que através do que eu escrevi você consegue descobrir o meu, certo? Porque eu tenho um.

OBS.: EVITE DEIXAR SPOILERS DO LIVRO. CASO COLOQUE ALGUM, ANUNCIE ANTES QUE VAI DAR UM SPOILER COM LETRAS BEM GRANDES, OK?

O Amor Não Esmorece

Sinto-me exposta quando eu falo de algo que gosto muito. Com a Marvel o caso é esse. Muitos nerds, geeks e otakus criam vínculos fortes com a arte que consomem, por diversos motivos. Talvez você bem saiba do que estou falando. Esse é o superpoder da arte, da literatura inclusive.

©Essie

A capacidade que alguém tem de conectar várias pessoas num mesmo sentimento é o que me encanta. Quando um autor consegue te fazer amar aquela leitura, aquela história e aqueles personagens. De fato é algo além do entendimento superficial do comportamento humano. O ser humano ama quando algo o alcança na alma. Quando partes mais frágeis, porém massivas e nucleares, de nossos cérebros são conectadas com nossos sentidos. E não tem poder maior que esse.

Falando em heróis, superpoderes e super habilidades, aqui você confere minha primeira coluna da série Livros e suas adaptações: opinião dos leitores sobre as obras. Nela, leitores fãs de carteirinha falam sobre o livro O Lar da Senhorita Peregrine Para Crianças Peculiares. E clicando aqui você lê outra parte dessa série, mas dessa vez os leitores nos contam suas observações sobre Percy Jackson e os Olimpianos. Então, é isso. Fique à vontade para nos contar o que achou da coluna ou se quer que algum tema faça parte de uma coluna futura. Também compartilhe o link com aquele camarada ou aquela miga fã da Marvel! Boa semana, boa leitura e até a próxima!