A História dos Sebos – Série O Tesouro da Literatura

Caro leitor, cara leitora, preparem-se. Em uma breve coluna vamos dar início a uma série de puro conhecimento e imersão em uma realidade pouco valorizada: os sebos. Conheça hoje A História dos Sebos, um verdadeiro tesouro existente no mundo da literatura.

Os sebos existem há séculos. Por isso, passou por várias mudanças com o decorrer do tempo. Mas, mesmo assim, manteve uma essência que permeia por entre a história até hoje. E apesar de todos saberem que eles existem, apenas uma parcela dos consumidores são frequentadores e clientes.

UMA ESTRELA ALÉM DO TEMPO

TÁTATATATATATARAVÔ – A ANTIGA HISTÓRIA DOS SEBOS

Esta ilustração mostra um vendedor de livros do século XVI, referência a como a história dos livros e A História dos Sebos se misturam
©escola.britannica.com.br

Alguns historiadores dizem que os primeiros sebos surgiram na Europa em meados do século XVI. Ou pelo menos a ideia crua do sebo: vender livros usados. Mercadores vendiam a pesquisadores e estudiosos papiros e documentos. E esta prática de comércio foi evoluindo e se espalhando pelo mundo. Outros especialistas dizem que os sebos são bem mais recentes. Falam que eles surgiram da segmentação do mercado editorial e livreiro. O comércio foi se dividindo, se subdividindo e desvinculando-se uns dos outros. Foi então que surgiram livrarias especificamente para tratar de usados, definição essa vista de modo bem amplo.

Acontece que a história é confundida e modificada enquanto é passada pelas gerações. Então, como qualquer longa história, a história do comércio de uma das formas antigas de transmitir arte e conhecimento também varia.

UM NOME… DIFERENTE

A imagem representa A História dos Sebos, uma referência a como surgiu o nome Sebo
©depositphotos

Sebo? Um nome peculiar. Mas em qualquer lugar você pode encontrar explicações sobre o nome. Cada site, livro ou entusiasta te dará pelo menos duas possíveis histórias. E talvez elas sejam bem diferentes umas das outras. A primeira é uma história que fala de uma época anterior a energia elétrica. Os leitores se dispunham de velas feitas de gorduras. Aproximá-las das páginas ocasionavam em respingos dessa cera de banha. Os livros usados ficavam, portanto, sebosos. Outra história, a pior, em minha opinião, explica que antigamente os jovens eram ávidos pelo conhecimento e carregavam seus livros para todos os lugares… embaixo das axilas… o resto você pode imaginar. Existe uma simples que relaciona livros usados com livros que foram passados de mão em mão. Isso deixaria os livros gordurosos. Há mais uma que contarei daqui a pouco.

PONTO CULTURAL

Atualmente existem até sebos virtuais. Muitos sebistas se consideram prejudicados pela internet. Não é segredo que a internet apresenta para o consumidor inúmeras opções. Basta a busca por um título para ver que os preços variam consideravelmente. Para outros, mesmo prejudicados, souberam se inserir nesse meio para usufruir das novas ferramentas. Mas sebos vão além de puro comércio. Lá os livros são as estrelas principais. Nas livrarias, que hoje oferecem celulares, cafés, comidas, material escolar, às vezes os livros chegam a ser coadjuvantes. Nos sebos o ambiente é cultural. Lá temos apresentações musicais e poesias sendo recitadas. Outros eventos são com autores que vão para sessões de autógrafos e conversar com seus leitores, entre outros.

A HISTÓRIA DOS SEBOS: OS USADOS, A PÁTRIA AMADA E MR. SEBO

UM PASSADO BEM ATUAL

© opombo@fc.ul.pt

Os sebos eram extremante populares no Brasil no século XIX e XX. Mas precisamos levar em conta que, antigamente, era normal adquirir livros usados. Não existia preconceito. Na verdade, pode imaginar que, possuir livros, independente do estado físico dele, era visto com grande admiração. Por vezes definia status social. Para os nobres, eram definidos como cultos, intelectuais. Para classes mais baixas, que geralmente não tinham dinheiro para adquiri-los e na maioria das vezes nem mesmo sabia ler, era sabedoria. Ainda que não em grande escala, os livros usados traziam a oportunidade de conseguir educação, transmitir educação e almejar coisas que, antes dos livros, estavam à portas fechadas (um tanto familiar, certo?). Portanto os livros usados, para todas as classes socais, eram bem vistos.

UM LONGO CAMINHO DE GRANDES BENEFÍCIOS

©FICTIONCHICK

São muitas as qualidades dos sebos. Uma delas é permitir que títulos que já saíram de circulação das livrarias ou tiveram seus exemplares esgotados continuem disponíveis. Assim eles cumprem com uma necessidade inicialmente preenchida pelas bibliotecas. Aqui no Brasil sofremos com déficits no sistema de bibliotecas públicas. O que torna os sebos ainda mais importantes. É neles que podemos achar títulos que pararam de ser publicados, mas não deixaram de ser importantes.

O SOBRENOME DO DONO NO NOME DO ESTABELECIMENTO É O SEGUNDO NOME E O PRIMEIRO NÃO É O PRIMEIRO NOME DO DONO, MAS SIM DO ESTABELECIMENTO, ENTENDEU, GRINGO?

©overmundo

Uma história dos sebos, uma bem aceita, é mais recente – há mais de 60 anos. Um livreiro colocou a palavra Sebo no nome de sua loja de livros usados, seguido pelo seu sobrenome. Os estrangeiros entravam e liam o nome na porta do estabelecimento. Eles concluíam que esse também era o nome do dono. Isso ajudou a popularizar o nome Sebo pelo nordeste, lugar em que ficava tal livraria. Mas o termo logo se espalhou pelo Brasil.

Em todos os seus anos como leitor, se nunca tiver entrado em um sebo, o aconselho a ir. Procure os mais próximos de você e convide um amigo. Como disse anteriormente, alguns vendem online, o que também é ótimo. Mas visitar sebos pode acabar se tornando um agradável hábito caso tente. Outra dica é visitar sebos de outras cidades. Pois não é como entrar em livrarias comuns, já que em todas elas você encontrará praticamente os mesmos títulos. Livrarias fazem do ambiente e não do livros o maior motivo da visita. Nos sebos você ficará imerso em títulos diversificados de edições antigas, exemplares que já saíram de circulação e ainda encontrará os que ainda estão no mercado por serem recentes.

Clicando aqui você encontra minha última coluna sobre O Que Faz Uma História Ser Boa. Aqui você poderá ler minha coluna sobre Um Diário do Ano da Peste. Boa semana, boa leitura e até a próxima.