Lançada pela Darkside Books no ano de 2020, Blood Chronicles é uma HQ nacional que surgiu como um presente da banda brasileira de death metal melódico, “Semblant“, e tem como roteirista o vocalista da banda, Sergio Mazul em parceria com o artista André Meister.
A HQ nos arremessa num mundo pós-apocalíptico tenebroso e caótico onde vampiros caçam e escravizam os poucos seres humanos que sobraram. Na narrativa, somos apenas mais um sobrevivente observando o desespero e a luta dos personagens para se manterem vivos.
Com um ritmo acelerado, a trama nos deixa mais perguntas do que fornece respostas, somos apresentados logo de cara a um personagem cujo nome faz uma referência histórica a um dos pistoleiros mais famosos do século XIX. Billy “The Kid“, é um caçador-informante em busca de refúgio, abrigando-se num bar onde vários outros caçadores se reúnem e a quem ele precisa repassar informações sobre um campo de refugiados ao norte dali.
Numa reviravolta inesperada, o grupo de caçadores é reduzido ao trio composto pela espadachim chamada Kai, uma garota misteriosa que precisa ser protegida e levada para um grupo de caçadores em um local distante, e o Joe, um velho bêbado que residia no antigo bar de caçadores após ter perdido toda a sua família para os vampiros, e que não é tão inútil quanto aparenta. E nessa pequena jornada, vamos descobrindo um pouco mais sobre esse universo, até que chegamos no embate entre os mocinhos e um velho conhecido de Joe, um vampiro cujo nome é Malakai.
Blood Chronicles é uma HQ com uma arte diferenciada, onde é possível notar o uso de pinceis com cores fortes para diferenciar cenas e situações e se utiliza de referências de quadrinhos europeus, moldado ao próprio estilo do artista, assim como utiliza referências das capas dos álbuns da própria banda.
Porém, Blood Chronicles sofre de um mal que pode afastar muitos leitores, as bases do roteiro não são sólidas o suficiente para nos prender e instigar. Mesmo com uma ação bem desenhada e um plot central interessante, nós leitores não temos acesso a mais informações sobre o universo do quadrinho, assim como sabemos pouquíssimo a respeito dos personagens, ao final dos capítulos não me apeguei a nenhum deles, não consegui sentir “empatia” ou ligação. Na mesma rapidez que eles são apresentados, eles somem da trama. E até mesmo quando os personagens estão reduzidos, só temos acesso a parte da história de Joe, descartando as outras duas personagens, onde uma delas possui mistérios ainda mais interessantes para a trama. Assim, voltou a utilizar a frase “Bloood Chronicles nos deixa mais perguntas do que fornece respostas”, o que não será um problema se essas respostas forem respondidas nos próximos volumes da saga.
A Darkside anexou ao final da edição algumas ilustrações do quadrinho, e também alguns rascunhos mostrando o processo de criação, um story board com um rascunho de cada página da HQ, e isso foi um extra muito legal.
Semblant: Blood Chronicles é um prato cheio para quem gosta de quadrinhos com uma arte diferenciada, um ritmo acelerado e mundos pós apocalípticos e fica ainda mais interessante quando utilizamos as músicas da própria banda para procurar referências, que, segundo informações obtidas no site oficial da banda, todas as músicas da saga “Legacy of Blood” lançadas a cada álbum, inspiraram o nascimento da obra.
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