Sendo uma das HQs da Image Comics mais premiadas nesses últimos anos, Saga é o quadrinho lançado pela editora Devir aqui no Brasil. A história conta com dilemas morais que se ambientam em uma aventura no espaço, além também de personagens bastante cativantes.
Assim, Saga é classificada como space opera, subgênero do gênero ficção científica com ênfase em batalhas interplanetárias. A história é escrita por Brian K. Vaughan e ilustrada por Fiona Staples. A HQ é fortemente influenciada pela franquia de Star Wars e inspirado nas próprias experiências de Vaughan, sobre ser pai, para criar o casal principal, Alana e Marko. Os dois personagens, que são de duas raças extraterrestres distintas, fogem das autoridades de seus planetas-natais que estão em guerra entre si. Alana e Marko ainda lutam para conseguirem cuidar de sua filha recém-nascida Hazel, personagem que também é narradora da história.
A primeira edição de Saga foi publicada em 2012 nos Estados Unidos. Em outubro, foi informado que a editora Devir iria reimprimir os volumes esgotados, começando pelo segundo volume. Os volumes 3 e 4 também ganharão reimpressão antes do final do ano.
Inspirações e temas debatidos em Saga
Contando de uma forma pessoal, nunca fui muito fã de HQs. Sempre dei mais prioridade a minha coleção de mangás do que outros produtos. Assim, surgiu a oportunidade de ler os dois primeiros volumes de Saga que a Devir disponibilizou e me impressionei, tanto pela arte, como a história.
Um dos fatores que mais se destacam na trama com certeza é o universo que se passa a história. Provavelmente, graças a inspiração de Star Wars, Vaughan concebeu que o universo ficcional se Saga se passasse no espaço. Além de Star Wars, a Image Comics já chegou a descrever a série como um encontro entre Guerra das Estrelas com Game of Thrones.
Assim, o universo de Saga, ambientado no espaço, tem pontos de conflitos muito bem definidos relacionado a guerra que se passa aquele universo. Alana vem de Aterro, o maior planeta da galáxia e o mais avançado tecnologicamente. Já Marko vem de Grinalda, o único satélite de Aterro. Uma vez que a destruição de um arruinaria a órbita de outra, a guerra ocorre de forma terceirizada em outros planetas.
No entanto, vale ressaltar que Saga tem outros pontos interessantes e se destaca por retratar a diversidade étnica na história, onde a discriminação vem de fatores genéticos e culturais que são inexistentes na nossa realidade, mas que causa uma grande reflexão. Além também de retratar diversidade “sexual, estética e de comportamento de gênero entre seus personagens.”
Análise do enredo e os personagens
A trama de Saga já começa com um dos momentos mais interessantes da história, o nascimento de Hazel, como se fosse uma história de momentos felizes das aventuras entre aquele casal. Nessa cena, o que chama atenção é como o nascimento e cuidado da garota é retratado de uma forma “crível” nas páginas iniciais, com a naturalidade necessária, onde são vista com pouca frequência em histórias deste gênero. Portanto, na cena, o pai corta o cordão umbilical do bebê com os dentes e sua mãe com a amamentação da criança, com um certo close na cena.
Com o nascimento da Hazel, além do cuidado, preocupação e amor que os pais têm por ela, e por ela fazer a história movimentar, ou seja, por os pais passarem problemas por procurarem um lugar mais seguro para a garota, o que chama atenção é a narração da história feita pela própria Hazel, se tornando um ponto muito forte para a fluidez da história.
Já o relacionamento de Alana e Marko, para alguns críticos, pode ser considerada como um “Romeu & Julieta interplanetário”. Tanto o relacionamento, como as características dos dois personagens chamam a atenção. Marko pode ser caracterizado como pacifista, com uma mente mais aberta, enquanto Alana é mais racional, com uma personalidade mais forte.
No entanto, além dos dois personagens e da filha Hazel, os personagens coadjuvantes chamam a atenção do leitor também. Temos o matador freelancer O Querer, que tem como sua assistente uma Gata que pode captar mentiras que pessoas contam, e o Robô IV, membro da família real. Ambos estão atrás de Alana e Marko mas que acabam tendo seus conflitos internos apresentados nesses dois primeiros volumes e provavelmente trabalhados durante a trama. Outras personagens que ganham destaque são Izabel, fantasma de uma adolescente que é considerada a babá de Hazel, e Gwendolyn, ex-noiva de Marko que trabalha para o alto comando de Wreath.
Em suma, Saga não é necessariamente uma história com grandes inovações, onde sua trama segue propostas bem semelhantes a histórias do mesmo gênero. No entanto, a forma como a história é contada, com certa sensibilidade com seus personagens, além de características muito marcantes dos mesmos, traz um certo interesse ao acompanhar a história. Portanto, Saga consegue trazer bastante entretenimento e encanto para o leitor que gosta do subgênero space opera.