River City Girls: Diversão e pancadaria

River City Girls é um jogo do gênero Beat’em up publicado pela Arc System Works e desenvolvido pela mesma e em parceria com a Way Forward, que possui em seu portfólio a produção de jogos licenciados, mas também produz títulos próprios e aclamados como a série de jogos Shantae. Já sobre a Arc Systems Works, é importante citar que, mesmo sendo bem mais reconhecida pela sua excelência em jogos de luta, também possui em seu portfólio séries clássicas como Double Dragon por exemplo, que por mais que não seja um jogo de luta, tem suas doses de violência.

Sobre River City Girls, ele é um Spin-off da série de jogos Kunio-kun, conhecida ao redor do mundo como River City Ransom, que contam as histórias de Kunio e Riki, delinquentes juvenis que passam por altas aventuras e brigas em suas escolas e na cidade como um todo, mas, se eles são os protagonistas da série principal, que são os protagonistas dessa vez?

Narrativa

A narrativa dessa história são protagonizadas pelas duas protagonistas Misako e Kyoko, que, ao receberem uma misteriosa mensagem de celular que os seus namorados Riki e Kunio foram sequestrados, elas partem para resgatá los a todo custo.

A premissa da história é bem simples, as duas garotas vão aos vários cantos da cidade super agressiva, atrás de pistas e pessoas que podem ajudar no paradeiro dos sequestrados, e encontrando amigos, inimigos e gente estranha no caminho.

Mas não se engane, por mais que a premissa seja simples, e o motivo sendo um sequestro, a história segue uma batida bem mais cômica e divertida do que se espera.

Misako e Kyoko

Ao acompanhar a história das protagonistas, conhecemos cada vez mais sobre elas. Misako é a namorada de Kunio, sendo uma personagem bem séria e centrada parte do jogo, em maioria das vezes acaba até mesmo ajudando a sua parceira e melhor amiga, Kyoko, a não se distrair muito na cidade e focar na missão, mas ainda sim aproveitar alguns momentos para ser sarcástica e se divertir dependendo da situação.

Kyoko por outro lado, é a namorada de Riki, e o que a sua amiga tem de séria, ela tem de brincalhona e descontraída, às vezes até mesmo parecendo meio perdida ou distraída em algumas situações.

A dupla na minha opinião fazem uma ótima química, porque ambas conseguem não só equilibrar a seriedade e a diversão das duas, mas também elas se destacam muito bem, principalmente nos diálogos.

Durante o jogo, vamos conhecendo mais sobre até mesmo o passado das duas, de como elas se conheceram e algumas histórias de infância, sendo todos os trechos de “flashback” apresentados em um estilo mangá.

Porradaria e… humor?

Um traço que eu acabei adorando e me surpreendendo no jogo é seu lado humorístico, não só nas personagens, mas em toda a atmosfera em si. É bem perceptível os momentos em que as personagens não levam uma situação a sério, presenciando algo absurdo ou ridículo, ou até mesmo quando estão fazendo piadas sobre a própria situação, a cidade e etc.  

Essa mistura, por mais que pareça estranha para alguns, eu acredito que foi mais que bem vinda, porque por mais que seja incomum, não só equilibra bem para não deixar as sequências de luta muito cansativas e repetitivas, mas também em alguns casos esse contraste acaba se tornando o mundo do jogo mais vivo, principalmente pelo fato das protagonistas serem jovens estudantes, sendo mais plausível ainda a inclusão de tiradas e piadas vindo delas.

Jogabilidade

Modos de jogo

River City Girls conta com um modo Co-op (cooperativo), possibilitando você e um amigo ou amiga a participar da brincadeira. 

No jogo, também é possível trocar livremente pela dificuldade normal ou difícil antes de iniciar a partida, mas não se engane, para novatos ou jogadores não muito experientes, o modo normal já pode propor um bom desafio.

Por fim, entre as opções, está a possibilidade de habilitar ou desabilitar o Friendly fire, que em suma, possibilita a opção de você não só poder acertar os inimigos, mas também o seu companheiro de brigas. Essa escolha eu achei muito interessante, porque não só é uma referência aos Beat’em up antigos, que possibilitaram isso na época, mas também pode causar mortes ou ataques propositais ou não ao seu parceiro, o’que dependendo com quem você está jogando, pode causar risos ou frustrações.

Aprendendo a jogar

Em suma, seu objetivo principal é descer a porrada em todo mundo que cruzar seu caminho, mas o jogo possibilita várias maneiras de fazer isso, seja pegando tacos de beisebol, mesas, cadeiras, yo-yos, o’que estiver por perto.

É possível conseguir ao decorrer da aventura, novos equipamentos e peças de vestuário para as garotas, sendo que essas compras dão vantagens e benefícios para o combate.

Sempre perto das lojas, vão estar lugares para você comprar comida ou algum consumível, sendo que ao você consumir qualquer produto novo pela primeira vez, irá aumentar alguma habilidade da personagem, seja força ou agilidade por exemplo. 

Também é possível aprender novas técnicas e habilidades em dojos durante o jogo, que são chefiados por Billy e Jimmy Lee, da série Double Dragon. Essas técnicas, por mais que sejam simples de executar, são bem variadas, e boa parte delas ajudam a distinguir as personagens Misako e Kyoko, sendo que o mesmo comando de ataque pode resultar em um ataque que terá resultados diferentes dependendo de quem é sua personagem.

Mas no jogo, para você ficar mais forte, você não deve somente comprar técnicas e acessórios, mas o jogo possui em sistema de Level, ou seja, quanto mais inimigos você derrubar, mais experiências você consegue, mais forte você fica, bem no estilo RPG.

Sons

Trilha sonora

É inegável afirmar que a parte sonora de River City Girls tem destaques, e não são poucos, porém não é nada que seja muito surpreendente.

A trilha sonora é composta em boa parte por Pop, Rock e Eletrônica, e aí vale uma nota importante, parte das trilhas eletrônicas, principalmente as de algumas fases, são puxadas para um estilo mais “retrô”, puxando bastante de Beat’em up clássicos, com algumas composições que fazem lembrar da época dos arcades e até mesmo do NES e SNES, mas claro que com rearranjos musicais mais completos.

Um destaque muito positivo na minha opinião, é que nas músicas mais puxadas pro Rock, algumas possuem vocais, que são cantadas no jogo pela vocalista ficcional “Noize”, uma personagem do jogo, o’que não só ajuda a enriquecer o mundo do jogo, como também acaba sendo uma curiosidade legal.

Dublagem

O jogo inteiro possui diálogos dublados em inglês, sejam em falas, conversas, ou cutscenes mais específicas, um ponto muito positivo, por mais que o jogo não tenha tantos diálogos assim, é muito agradável ver que todos os personagens possuem vozes com uma personalidade bem marcante e que os diálogos são bem expressivos, incluindo até mesmo personagens que aparecem só uma vez durante o jogo inteiro.

Uma curiosidade, é que o jogo não possui uma dublagem em japonês, mesmo sendo lançado no japão e mesmo possuindo um pouco do estilo mangá. 

Visual

O visual tanto das personagens como os dos inimigos são bem coloridos e como possuem uma ótima animação, além de serem bem expressivos e chamativos.

Em relação aos cenários, eles são grandes e possuem vários objetos, sendo que alguns você pode usar para bater nos adversários, também no cenário existem algumas pessoas (não agressivas) que ficam presentes enquanto rolam as brigas, sendo que quando você chega perto delas e tenta agredi-las, elas só vão desviar ou se assustar, mas ainda sim deixa o cenário bem vivo.

Qualidades VS Defeitos

Por mais que o jogo tenha muitos pontos positivos, ainda creio que ele possui uma parcela fatores que valem mencionar.

Bom, o jogo incentiva muito a jogar com um amigo no cooperativo, o’que não seria um problema ou uma questão por si só, mas ao incentivar tanto assim o cooperativo, o modo de somente 1 jogador acaba não só pouco incentivado, mas também ao escolher esse modo,  a experiência acaba se tornando muito solitária, principalmente porque na história inteira há sempre a participação das duas protagonistas na narrativa, mas somente uma na tela batendo nos oponentes.

É inegável que a história não é o foco e nem o ponto mais forte do jogo, porém, muitos momentos se resumem a somente ir ao ponto A para ir ao ponto B, para depois ir ao C e etc, tornando a experiência um pouco cansativa, além de que, se você não for pego pelo humor dos personagens, ou pela narrativa, o jogo vai cansar muito mais rápido do que deveria.

A dificuldade, principalmente se você for um novato ou estiver jogando sozinho, pode ser um pouco desafiadora nas primeiras fazer, principalmente porque você não vai ter muitas técnicas ou recursos no começo do jogo, independente da dificuldade, porém, essa questão acaba sendo melhorada à medida que você progride.

Por fim, todos os chefes são muito divertidos, carismáticos e bem legais, contudo, não posso negar que alguns deles podem te deixar perdido em como lutar com eles ou causá-los dano, gerando um ou outro momento de frustração.

Outros destaques

O jogo é cheio de referências, principalmente em relação aos jogos Beat’em up antigos, e essas referências acontecem tanto nos cenários, como nos diálogos. Há até a presença de alguns personagens que pra muitos serão obscuros, mas ainda sim se você conseguir reconhecer eles, torna a sensação bem divertida.

As referências não ficam só nos personagens e cenários também, direto, ao você receber dicas conforme segue aprendendo sobre o jogo, irão surgir sprites do personagem “Kunio”, no estilo que foi apresentado nos jogos da série em seus lançamentos do NES.

Em relação às referências, há também a participação de algumas web celebridades, influencers e produtores de conteúdo norte americanos, um exemplo deles é a participação do ProZD fazendo a voz de um dos NPCs, e até mesmo a participação do grupo Game Grumps em um dos cenários.

Por fim, por mais que não seja o meu lugar de fala, eu adorei o fato de que as protagonistas são duas garotas que vão salvar seus namorados, porque, não só acaba brincando com o estereótipo da “Donzela indefesa”, que é bem comum nesse tipo de jogo, como também acaba sendo um tipo de representatividade para as garotas, o’que sempre é ótimo.

Conclusão

River City Girls foi um jogo que me surpreendeu bastante, principalmente porque ele me entregou bons momentos de risadas, uma boa jogabilidade, e bons personagens, que acabam tornando a aventura bem mais divertida.

Se você quiser um jogo com bastante diversão, um bom visual, e principalmente, para jogar com seus amigos ou família, esse jogo é uma boa pedida. Mas, se você quiser uma história envolvente e complexa, ou vai querer jogar o jogo sozinho, talvez não seja a melhor recomendação, mas ainda sim vale a pena dar uma checada se possível

River City Girls está disponível para PC, Nintendo Switch, Xbox One, e PS4.

Notas:
Gráficos: 4/5
Jogabilidade: 3,5/5
Diversão: 4,5/5
Som: 4/5
Narrativa: 3/5
Geral: 3,8/5

Bom, muito obrigado pela leitura e pela presença, agradeço demais, espero que tudo esteja bem com você e com as pessoas ao seu redor, que você esteja passando bem sua quarentena. Não se esqueça de se manter saudável, lavar as mão, beber aguá, e FICAR EM CASA!