Per Aspera, o Primeiro passo rumo ao novo lar

Se tem um tema que frequentemente acaba aparecendo uma hora ou outra nas narrativas de ficção científica, mesmo que não seja em todas elas, é a colonização de outros planetas, principalmente Marte, o Planeta Vermelho. 

Na verdade, é inegável afirmar que o nosso interesse neste planeta, em conhecê-lo, visitá-lo, e até mesmo de transformá-lo na “2ª Terra” deixou faz tempo de ser um assunto da ficção científica, e se tornou real, para você ter uma ideia, é só pesquisar “Marte” no Google que além de se deparar com a sua descrição, e várias outras curiosidades, você também encontrará várias notícias sobre como estamos mais perto de conquistá-la, como por exemplo, como os cientistas descobriram recentemente uma forma de ter oxigênio em Marte, qual o lugar ideal para começar a viver em Marte, e até mesmo de que a SpaceX já tem planos para levar pessoas a Marte em 2024, esse sonho da conquista deixou de ser uma ficção, e está virando realidade a cada segundo que vivemos (Isso se já não virou, dependendo da data em que você está lendo isso!).

Porém, oque significa para nós, seres humanos, nos tornarmos a primeira espécie interplanetária? Quais serão os impactos dessa ação? Será que isso é correto? E oque isso diz sobre nós?

Eu não esperava trazer, nem parar para pensar nessas perguntas ao jogar Per Aspera, um jogo de simulação e construção de base desenvolvido pelo estúdio Indie Tlön Industries, e distribuído pela Raw Fury Games, porém, eu acredito que essa experiência que eu tive com o jogo, é um dos melhores exemplos que eu poderia trazer para começar a informar sobre ele, e principalmente, que ele é um pouco diferente do que eu esperava de um jogo do seu estilo, mesmo que não tenha sido perceptível à primeira vista. 

Narrativa

A premissa de Per Aspera é simples e direta, aqui, você controla AMI, uma inteligência artificial que foi mandada a Marte com um objetivo bem claro, preparar o planeta vermelho para a sua colonização, que acontecerá em breve. 

Porém, AMI não é uma simples Inteligência Artificial, na verdade, ela é bem especial. A AMI foi concebida com uma consciência artificial, que lhe torna literalmente um ser pensante, podendo tomar suas próprias decisões, definir o melhor caminho para as ações, e até mesmo ter opiniões e pensamentos próprios, sobre si mesma, sobre Marte, e até mesmo sobre sua missão, que não será simples.

Para prosseguir nela, AMI não estará sozinha, já que ela irá receber diversas ligações da Terra, lhe ajudando e lhe informando como andam os planos, e como vai a situação, tanto de Marte, como da Terra, e essas informações serão bem importantes para a progressão do resto da narrativa do jogo. 

E sobre o resto da narrativa? Então, a partir daí eu acredito que as próximas informações que eu poderia passar seriam consideradas Spoiler, e como o jogo mesmo indica antes de iniciar a campanha, não seria uma experiência agradável a outros jogadores espalhar as surpresas que a narrativa possui, mas saiba que ela é sim bem interessante, com personagens bem interessantes, momentos que poderão gerar dúvidas e questionamentos marcantes, e até mesmo, o jogo possui finais alternativos, dependendo principalmente de suas escolhas como AMI, então, eu quero deixar claro que, mesmo eu tendo que ser um pouco raso na descrição da narrativa, ela não peca em conteúdo!

Jogabilidade

De maneira simples e direta, a jogabilidade de Per Aspera é bem voltada na administração da colônia marciana. 

AMI terá que montar diversas fábricas, tanto de mineração de recursos naturais, como Carbono, Cobre, e etc, como fabricação de ferramentas para a construção e manutenção dessas fábricas, fornecendo ferramentas de auxílio, e até mesmo energia, e muito mais, sendo as construções vitais não só para auxiliar na colonização, como também a protegê-la de alguns perigos que podem surgir para atrapalhar seus planos. 

Como afirmado anteriormente, colonizar Marte não é uma tarefa fácil, e isso se deve ao fato de que os recursos do planeta, e até mesmo do que AMI pode fazer são limitados, sendo necessário o pensamento bem planejado e uma estratégia bem feita para não acabar sem recursos, ou sem opções de como progredir, sendo esse um perigo tão grande, que pode até mesmo acabar com o jogo, resultando em uma missão falha.

Mas além de construir, você também terá que decidir! Como também foi afirmado anteriormente, AMI irá receber ligações, e elas serão bem importantes não só para evitar o fracasso da missão, mas também o rumo que ela terá, já que a cada conversa, AMI começara a ter a sua personalidade moldada, e serão suas escolhas que irão fazer isso acontecer. Por exemplo, AMI pode ser questionada em como prosseguir caso algum erro ocorra, ou também pode ser perguntada a sua opinião sobre o andar do jogo, e dependendo de sua resposta, AMI pode ser alguém mais direta, inspiradora, ou até mesmo arrogante, fazendo com que até mesmo o “Modus Operandi” (O modo em como ela irá chegar ao seu objetivo) mude, podendo até mesmo ser contrária a decisões da Terra.

Além das escolhas definirem a personagem de AMI, elas também poderão definir quais as suas possibilidades, já que é possível desbloquear mais funções, construções, e até mesmo possibilidades de gerenciamento, pela personalidade da IA, ou seja, aqui, suas escolhas importam.

Mas tudo isso no modo campanha, já que o jogo também possui outro modo disponível, caso você esteja bem mais interessado na simulação e administração do jogo, do que em sua narrativa. O Segundo modo do jogo é literalmente um modo Sandbox, para que você se preocupe somente em administrar e cuidar do seu ambiente, sem ter que se preocupar com o andamento da missão. Este modo é ideal para você que quer jogar no seu próprio ritmo e estilo, sendo até mesmo o fato de que você não precisa colonizar o planeta, um exemplo claro disso, tornando o jogo bem mais tranquilo.

A jogabilidade de Per Aspera é um ponto bem legal do jogo, já que ela é feita na medida certa para ser algo único, mas ainda sim não tão diferente do que se espera do seu tipo de jogo, possuindo assim um bom equilíbrio. O fato do jogo também possuir dois modos é bem legal também, já que caso você não se interesse pelo lado da narrativa, há um modo para você, podendo ser aproveitado pelos jogadores que querem uma história interessante, ou os que só querem se divertir pela jogabilidade em si, o’que é bem agradável para quem curte jogos de simulação e administração, mas de forma tranquila.

Visual

O visual de Per Aspera é bem feita, sendo ao mesmo tempo bem simples e bem detalhado.

Essa afirmação pode parecer estranha, e até mesmo contraditória, mas acredito que é a melhor afirmação que eu posso dar para a parte visual do jogo. Os seus menus são bem simples, mas se encaixam bem com toda a temática de ficção científica do jogo, já que é bem tematizada com elementos que remetem a tecnologia, com algumas figuras geométricas, e até mesmo com alguns gráficos e números no fundo.

Já o visual fora dos menus, são bem bonitos e bem detalhados. O mapa do jogo pode ser visto de maneira bem próxima, ou bem distante, sendo possível até mesmo ver o planeta como um todo, e isso é um detalhe bem interessante porque, ao mesmo tempo que é possível ver tudo de forma mais simples a distância, quando você aproxima para ver todo o cenário, é possível ver os detalhes. Marte está como deveria estar, ou seja, um local desértico, e com um terreno rochoso, mas é bem detalhada, principalmente no seu solo, com um terreno rochoso. Mas, os destaques aqui vão para as construções de AMI, que são muito bem feitas e construídas, desde as estruturas e mecanismos, até mesmo pelas estradas que são formadas, e os carrinhos que levam os elementos e recursos de um local a outro, realmente passa uma boa impressão.

Outro destaque do visual também são dos personagens da Terra, que são apresentados nas conversas com retratos, mas bem feitos, no formato de Pixel Art, e demonstrando bem cada personagem.

 Em suma, o visual de Per Aspera é bem bonito, e o mais interessante é que, mesmo ele não variando muito, já que você sempre vai estar no mesmo planeta, fazendo as mesmas construções, ele não cansa muito, já que não é muito chamativo, mas não deixa de ser bem feito.

Trilha Sonora e Dublagem

Um ponto também que vale a menção é a trilha sonora, que é bem feita também.

O ponto que eu mais reparo na trilha sonora, é que ela tem um ar bem similar aos filmes de ficção científica que tem como foco principal o espaço, sendo possuindo músicas eletrônicas e músicas instrumentais, com elementos orquestrados, mas que dão muito bem o clima “espacial” do jogo.

Mas na parte sonora, o destaque com certeza vai a dublagem, que é espetacular.

Os personagens com quem você conversa da Terra, são muito bem interpretados, com vocês que se encaixam muito bem, e até mesmo possuindo uma energia bem satisfatória quando necessário, dando para sentir cada personagem e os seus sentimentos pela fala.

Não é atoa que esse trabalho foi bem executado, já que não só ele possui um ótimo elenco, como a presença de Troy Baker, Laila Berzins, entre outros, como também era necessário que ele fosse bem feito, já que como a principal presença dos personagens é pela voz e pelos seus retratos, a dublagem não poderia falhar, e com certeza não falhou.

A parte sonora de Per Aspera é muito bem feita, com músicas muito boas, que passam muito bem todo o clima da narrativa, e com uma ótima dublagem, não há reclamações aqui.

Positivos VS Negativos

Em relação aos pontos negativos ou que podem atrapalhar o jogo, não há muito aqui, mas isso não quer dizer que o jogo seja perfeito.

O principal ponto negativo na minha opinião, foi a falta de um tutorial no início da campanha, ou um modo que lhe explique como jogar de forma certinha antes de você começar, já que, ao começar o jogo, lhe são designados os objetivos para começar o seu trabalho, mas ele não informa o “Como” fazê-los. Na prática, isso não é um problema tão grande, já que esses processos não são tão complicados, e conseguir realizá-los por meio da experimentação não é algo difícil, principalmente porque no começo do jogo você tem pouca liberdade do que fazer, e essa liberdade vai se expandindo quando você começa a progredir no jogo, ou seja, você progride e aprende a jogar junto da AMI, quando lhe é pedido para fazer algo, e isso é sim um toque legal na experiência, mas acredito que realmente pode causar estranheza caso você seja um jogador bem casual, ou que esteja acostumado a visitar o tutorial antes de partir rumo ao jogo.

E por fim, por mais que o jogo tenha sim diversos níveis de dificuldade, e até mesmo um modo para jogar sem se preocupar com situações urgentes e de narrativa, o jogo pode vir a ser um pouco difícil se você é um jogador que tem dificuldade de administrar recursos, ou tem dificuldade em saber que tipo de ação ou atividade priorizar, já que a boa administração da colônia é fundamental para se dar bem no jogo, fazendo com que um erro de falta de uma boa administração, ou atenção nas suas construções, custe toda a sua operação, mas não é nada impossível de aprender a fazer bem caso você não seja bom, só haverá uma dificuldade a mais.

Outros destaques

É possível adquirir o jogo na edição padrão, ou na Deluxe, que vem com a trilha sonora, a arte do jogo, e um Audiobook.

Conclusão

Per Aspera é um jogo que me surpreendeu, por trazer de uma forma bem genuína uma experiência bem interessante, com uma jogabilidade bem feita, com bons aspectos técnicos, e uma trama realmente bem interessante.

Eu não vou mentir aqui, eu adoraria falar mais sobre a narrativa do jogo, já que eu tive que ser bem raso para evitar Spoilers, e também não quero estragar as surpresas, mas com certeza esse é um jogo que me fez pensar, e que me deu o interesse em jogá-lo de novo, para ver se consigo pegar outro dos finais disponíveis.

Se você gosta de jogos de simulação e administração, ou se você é um entusiasta de narrativas de ficção científica, Per Aspera é uma ótima pedida!

Per Aspera é um título que no momento se encontra exclusivo para PC, podendo ser adquirido pela Steam, ou pela GOG.

Nota

Gráficos: 4

Jogabilidade: 4

Diversão: 4

Som: 4

Narrativa:  4

Geral: 4