Kingdom Two Crowns: A Jornada de um Reino em Progresso

Kingdom Two Crowns é o terceiro jogo da série Kingdom, série essa que teve seu primeiro jogo lançado em 2015, tendo como seu principais desenvolvedores Thomas van den Berg (Também conhecido como noio) e Licorice, além da parceria da Raw Fury Games, um estúdio de jogos Sueca que possuí em seu portfólio a publicação de diversos jogos Indie, como o belíssimo Dandara, produzido pela brasileira Long Hat House, o jogo Bad North, desenvolvido pela Plausible Concept, e o mais recente, West of Dead, produzido pela Upstream.

Depois do sucesso de Kingdom, a dupla de desenvolvedores e o mesmo estúdio não ficaram parados, e lançaram no ano seguinte, a sua sequência, Kingdom: New Lands, que tinha como proposta não só melhorar alguns pontos que foram alvo de reclamações no jogo anterior, mas também adicionar mais conteúdo, como por exemplo, a possibilidade de poder explorar novas ilhas, com um aumento no grau de dificuldade entre elas. 

A partir daí, depois de 2 anos após o lançamento, houveram pequenas mudanças na casa (ou melhor, no reino), a Raw Fury, no decorrer desses anos, adquiriu os direitos sobre a marca Kingdom, sendo agora o novo responsável por desenvolver a série, o co-fundador da Raw Fury Games e colega de noio desde o primeiro jogo, Gordon Van Dyke, que agora no terceiro jogo da série Kingdom, tem como responsabilidade não só manter a tocha que foi passada para ele, mas também de aumentar ainda mais essa brasa, com o lançamento do terceiro jogo, Kingdom Two Crowns, que procura melhorar e adicionar ainda mais sobre os títulos anteriores, mas, será que esse desejo foi concretizado?

NARRATIVA

A narrativa principal de Kingdom Two Crowns é bem simples, você é um rei que, depois de um certo conflito, acaba sendo responsável em reerguer um novo reino, quase que do zero, tendo que recrutar pessoas para conseguir povoar e fazer erguer o seu reino. Mas, ainda sim, nem tudo são flores para o rei ou rainha, porque a noite, criaturas sobrenaturais e misteriosas irão partir para saquear o seu reino em progresso, sendo necessário você se preparar para o combate, construindo barreiras e forças de ataque, para poder sobreviver mais um dia e assim, continuar na sua busca de construir um reino. Em suma, é possível definir a narrativa como a frase que lhe é dita no começo do jogo “Construir, Expandir e Defender”, sendo esses os seus principais objetivos durante o jogo.

JOGABILIDADE

A jogabilidade de Kingdom Two Crowns assim como sua narrativa, bem simples, porém, com o passar do jogo, ela se mostra bem mais profunda do que parece.

Ao começar o jogo, você acompanha um fantasma, que lhe informa todos os passos sem nenhum mistério ou segredo, primeiramente, é necessário encontrar pessoas que estão em meio às florestas e cantos desconhecidos do local, depois, ao encontrá-las, você irá jogar moedas, para então recrutá-las para o seu reino, ao chegar lá você terá construir o equipamento de seus novos plebeus em estalagens específicas, como uma casa de arcos para formar arqueiros, e uma casa de martelo para formar ferreiros.

Conforme o tempo for passando, o dia irá passar para noite, e como afirmado anteriormente, o seu reino será invadido por criaturas da noite, que tem como o objetivo atacar o rei ou rainha, e roubar dele ou dela sua coroa, por isso, é sempre importante se manter protegido, sendo necessário saber bem investir suas moedas onde é mais importante, ou guardá-las para um uso futuro. https://travelwithgirls.com/

Há diversas formas no jogo para se obter moedas, sendo possível consegui-las ao mandar um mercador partir  durante o dia, e depois voltar a noite com moedas, quando os seus arqueiros conseguem caçar algum animal silvestre, e até mesmo ao encontrar baús de moedas em suas explorações.

Ao conseguir essas moedas, como afirmado anteriormente, é preciso saber bem administrá-las, não só porque você só pode ter consigo uma certa quantia limitada delas, mas também se você for surpreendido por um ataque durante sua exploração, há o risco de perder todas elas em meio ao ataque.

MODOS DE JOGO

No jogo, é possível acessar diversos modos e expansões, que foram desenvolvidas ao decorrer, não só na forma de desafios, como também em expansão que mudam completamente a atmosfera e a ambientação do jogo, não só visual como sonora, além de outros detalhes, como por exemplo a Shogun, que tem como foco a ambientação do estilo feudal japonês.

Gostaria de destacar aqui, a expansão mais recente do jogo, a Dead Lands, que tem como tema principal os personagens e o mundo de Bloodstained: Ritual of the night, jogo que foi sucesso no KickStarter, e que teve o envolvimento principal de Koji Igarashi, um dos produtores chefe da série Castlevania antes de ter saído da Konami.

Nessa expansão, você ao invés de controlar um rei ou imperador sem nome, você comanda Miriam, protagonista de Bloodstained, em um mundo sombrio, em que ela não só tem como objetivo reconstruir o reino, mas também resgatar os personagens de seu jogo, como Zangetsu, Gebel e Alfred.

O interessante da expansão também, e que diferente das versões anteriores, é possível alternar entre os personagens ao resgatá-los, e cada um terá uma habilidade diferente e única, que se assemelham e muito com seu jogo de origem, Gebel por exemplo, pode virar um morcego, o’que irá lhe permitir atravessar o território de maneira mais rápida, já Alfred, pode fazer um clone luminoso que irá ajudá-lo.

Essas características não só ajudam a definir uma estratégia diferente caso seja necessário, mas ajuda também a deixar a expansão mais única, porque caso você já tenha jogado ou conhecido o jogo anterior, esse modo de fato é diferente o bastante para dar uma boa rejuvenescida na fórmula, mas ainda sim não perdendo a essência principal do jogo.

TRILHA SONORA

A trilha sonora do jogo foi composta em boa parte pelo músico Amos Roddy, sendo suas principais composições do jogo, musicas do gênero Eletrônica, mas que possuem o estilo Chillout, que é um estilo que como o nome indica, é mais calmo e tranquilo comparado aos estilos mais populares da música eletrônica.

As músicas no jogo não são tocadas o tempo todo, só em alguns momentos, como quando você explora os terrenos que não tinha visto antes, ou quando você está voltando para o seu reino, durante esses momentos em que a música não está tocando, é possível ouvir todo o ambiente, como o vento soprando as árvores e as plantas, a respiração do animal que está te acompanhando, e até mesmo as marteladas dos trabalhadores do reino, dando no conjunto geral, um ótimo resultado, principalmente nos detalhes.

Por fim, dependendo da expansão do jogo que está sendo jogada, a trilha vai mudar um pouco para se adequar a mesma, na Dead Lands por exemplo, a música se adequando mais ao jogo Bloodstained, com tons que procuram dar um ar e uma ambientação mais sombria e sobrenatural na trilha.

VISUAL

O visual do jogo é em Pixel art, e sem exageros, o jogo é belíssimo, principalmente na animação. É correto afirmar que o visual do jogo procura manter uma aparência mais minimalista, mas ainda sim ela é cheia de detalhes, como o reflexo dos personagens na água, o efeito Paralaxe que é muito bem executado, as transições de dia pra noite, sendo possível perceber o amanhecer ou o entardecer, as cores são bem vivas e marcantes, principalmente para os ambientes que possuem mais natureza. Em suma, a animação e os cenários são cheios de vida, tanto no ambiente quanto na animação, e isso é ótimo.

OUTROS DESTAQUES

Durante o jogo, é possível trocar de montaria, sendo que cada uma possui uma habilidade que os diferencia uma da outra, além da aparência.

É possível, antes de começar uma nova campanha, mudar o visual do seu rei ou rainha.

O jogo permite jogar de modo cooperativo com tela dividida, tanto nas versões para PC e Consoles, quanto nas versões de IOS e Android.

QUALIDADES VS DEFEITOS

Bom, um ponto que eu considero um problema a primeira vista é sobre o começo do jogo, quando lhe são introduzidas as mecânicas e como funciona o jogo, a explicação acaba sendo muito vaga, por exemplo, o jogo lhe ensina no começo como recrutar, e como fazer para o seu reino progredir, mas depois disso, não lhe é informado sobre os perigos da noite, sobre os portais de onde vem as criaturas, de mais nada.

Eu entendo e acho até charmosa a simplicidade do jogo, mas acredito  que para alguns, aprender sem ter uma mão amiga a primeira vista, ou aprender por conta própria e acabar apanhando pode ser um pouco frustrante.

Também, no jogo é muito satisfatório progredir e fazer o seu reino ficar cada vez maior e expandir cada vez mais o território, mas toda essa satisfação pode acabar virando tristeza se você não se preparar ou for pego de surpresa em um ataque inimigo, fazendo assim você ter um pouco de medo ao invés de ser incentivado ao explorar o mundo a fora.

Por fim, o jogo é divertido, porém, ao jogar por muito tempo, o jogo se mostrou um pouquinho cansativo e enjoativo, não me entenda a mal, de longe o jogo possui um problema de ritmo, mas de fato não será em um dia ou em poucas horas que o seu território irá virar um enorme império, e querer fazer isso imediatamente pode se tornar uma tarefa cansativa, porque o processo de expandir, defender e construir acaba um pouco repetitivo com o tempo, ainda mais se você não consegue achar alguma novidade perto do seu terreno.

CONCLUSÃO

Kingdom Two Crowns é um ótimo jogo Indie. No todo, a jogabilidade é viciante, intrigante e divertida, além de trazer uma experiência diferente, ao ter como proposta fazer um reino reerguer praticamente do zero. No quesito técnico, a parte sonora é boa, e a visual é linda.

Se você gosta de jogos únicos, desafiantes, ou com uma experiência diferente, mas que ainda sim é bem divertido, recomendo checar.

Aqui também faço uma nota a mais, se você já conheceu ou gostou do jogo Bloodstained; Ritual of the Night, também recomendo checar o Kingdom Two Crowns, porque essa expansão talvez seja a melhor porta de entrada para conhecer mais sobre esse jogo.

Kingdom Two Crowns está disponível para Android, IOS, Playstation 4, Xbox ONE, Nintendo Switch e PC (em Microsoft Windows, Linux, e até mesmo Mac)

NOTAS:
Gráficos: 4/5
Jogabilidade: 3/5
Diversão: 4/5
Som: 4/5
Narrativa: 3/5
Geral: 3,6/5