Castlevania Symphony Of The Night: O Spin Off Que Mudou Tudo

Castlevania é uma franquia clássica da Konami, com seu primeiro jogo lançados de 1986, a adaptação de Castlevania III: Dracula’s Curse, para a Netflix trouxe uma nova onde de fãs para a franquia e deu mais conteúdo para fãs, nesta clássica franquia com vários jogos, um deles se destaca por surgir inicialmente como um spinoff despretensioso, mas se tornou um dos maiores jogos da quinta geração de consoles e sendo um dos percursores de um novo gênero, estamos falando do Castlevania Symphony of The Night.

Para entender a importância deste jogo e como ele surgiu, precisamos entender o contexto no qual ele nasce e o sucesso de seus antecessores. Na saga Castlevania o Castelo do Drácula aparece a cada 100 anos, quando o vampiro ressuscita, e a família Belmont é responsável por matá-lo antes que ele consiga executar seus planos de vingança contra a humanidade, a cada jogo acompanhamos um Belmont diferente nesta batalha (pois Belmonts são humanos, e não viveriam por 100 anos para matar o vampiro). Em 1995 foi lançado Drácula X para Super Nintendo, um dos jogos mais aclamados da franquia, a Konami decidiu trabalhar em um próximo jogo da franquia para o 32x da Sega, esse projeto era o Castlevania The Bloodletting, mas  foi rapidamente cancelado, pois o PlayStation 1 chegou ao mercado e decidiram migrar o projeto para esta plataforma, não há muitos detalhes sobre esse projeto; Os desenvolvedores se dividiram em duas equipes, a primeira trabalharia em um spinoff e a outra focou os esforços no próximo jogo principal.

Richter Vs Drácula

O jogo é uma sequência direta a um “patinho feio” da franquia, em 1993 a Konami lançou Castlevania Rodo of Blood para o PC engine (turboGrafx-16) o jogo foi bem recebido pela crítica e por jogadores, mas não foi lançado fora do Japão, Rondo of Blood se passa em 1792, o jogador estará ao lado de Richter Belmont, novamente o castelo de Drácula apareceu, mas dessa vez 4 moças foram sequestradas: Tera, Íris, Annette e Maria (sendo as duas últimas a noiva e irmã de Richter respectivamente), ao finalizar o jogo, Drácula é derrotado, espera-se que o castelo apareça novamente daqui há 100 anos, após finalizar a rota principal do jogo, é possível jogar com Maria, ela usa bichos bonitinhos para atacar, é uma jogabilidade interessante.

Symphony Of The Night foi lançado em 1997, a primeira cena do jogo é justamente a batalha de Richter com Drácula de Rondo Of Blood, o jogo se passa em 1797, vamos para um breve resumo sem grandes spoilers: O castelo de Drácula voltou muito antes do previsto, então, em teoria, Richter ainda estaria vivo para derrotar o vampiro novamente, certo? Bom, mais ou menos, Richter na verdade desapareceu, e quem vai para o castelo descobrir o que está acontecendo é Alucard, o Dampiro filho de Drácula com sua segunda esposa, a humana Lisa, ao chegar ao castelo vemos que os generais de Drácula estão tentando ressuscita-lo e que Richter na verdade está no castelo, mas por algum motivo ele está do lado de Drácula desta vez, Maria também está lá, procurando por seu irmão.

A Morte recepciona Alucard

A produção do jogo durou cerca de 3 anos, e por ser um spinoff, a Konami deu maior liberdade para roteiristas e diretores, já que um spinoff não afeta a saga principal, a primeira grande diferença é nosso protagonista, pela primeira vez na franquia, estamos controlando um ser místico, os desenvolvedores aproveitaram ao máximo o potencial de Alucard, buscando inspiração na mitologia de vampiros, Alucard pode se transmutar, virando lobo, névoa ou morcego, todas estas transformações são bem aproveitadas pelo jogo, e necessárias para acessar diversas áreas.

Por falar nas áreas do jogo, ele não possui o sistema de fases que devem ser vencidas para acessar as próximas, na realidade o jogo é um grande labirinto aberto para ser explorado, algumas habilidades permitem acessar novas áreas em lugares nos quais o jogador já esteve, então voltar no mapa é inevitável, esse estilo de mapa já havia aparecido anteriormente em o Xanadu: Dragon Slayer II,lançado pela Nihon Falcom lançou na década de 80, mas ficou mais conhecido em Metroid, jogo da Nintendo para NES, lançado em 1986, Castlevania acrescenta elementos de RPG a esta jogabilidade, esse “gênero” acabou se popularizando e sendo carinhosamente apelidado de MetroidVania, em homenagem aos jogos que popularizaram o gênero, alguns jogos neste estilo são: Salt and Sanctuary (PlayStation 4), Ori and The Blind Florest (Windows e Xbox One), Hollow Knight, da TEAM Cherry (Nintendo Switch, PlayStation 4, Xbox One, Windows, macOS e Linux.) entre outros

Mapa do Castelo

Cada lugar percorrido no mapa conta como uma porcentagem, completar o mapa é uma das vitórias do jogo, a porcentagem de um mapa completo e sem uso de bugs ou cheats é de 200.6%, essa porcentagem interfere na sua gameplay e no seu final, já 4 finais possíveis na rota principal, dois dependem de derrotar um falso último chefe (com ou sem um acessório específico), um terceiro é sobre derrotar o verdadeiro chefe final mas com uma menos de 196% do mapa concluído, e o final verdadeiro, ao derrotar o chefe final com mais de 196% do mapa concluído, após finalizar o jogo, é possível começar um novo jogo com Richter.

Symphony Of The Night foi um jogo em 2D na era dos jogos 3D, por isso seu lançamento não foi tão aguardado, as empresas e o público viam o 3D como o futuro, ledo engano dúvidas dos jogos em sprites, SOTN trouxe gráficos deslumbrantes, cenários de cair o queixo, inimigos altamente detalhados e uma jogabilidade fluida, o jogo rapidamente atraiu a atenção da mídia e do público e se tornou um dos queridinhos da geração, mas o jogo demorou a chegar no ocidente, pois a Sony possuía um regimento interno que proibia o lançamento de jogos 2D (com exceção dos jogos de luta) já que a onda do momento eram os 3D, e jogos 2D eram tidos como inferiores, mas o sucesso de SOTN não poderia ser ignorado, e depois o jogo chegou no ocidente.

A batalha contra Beelzebub

As Artworks dos jogos também são uma obra de arte a parte, Ayami Kojima foi a ilustradora e artista conceitual dos jogos, e as arte são magníficas, consideradas por muitos as artes mais bonitas de toda a franquia; E um jogo chamado “Sinfonia da noite” precisa de uma trilha sonora adequada para a ambientação e imersão do jogador neste imenso castelo, Michiru Yamane é a compositora por trás da obra prima que é a trilha sonora deste jogo, cada ambiente possuiu uma música tema, são 68 minutos de músicas originais e distintas, já que alguns cenários da “segunda parte do jogo” possuem as mesmas músicas, é uma trilha sonora magnífica, com influências de músicas eruditas, clássicas e rock, músicas tão boas que até hoje são aclamadas pelo público, ainda em 1997 foi lançado um vinil com a trilha sonora do clássico de PS1, e felizmente hoje a trilha sonora completa está disponível nas plataformas YouTube e Spotify.

O jogo também recebeu uma versão pra Sega Saturno em 1998, esta versão conta com áreas exclusivas e músicas novas, mas peca em sua jogabilidade, que é mais travada do que a original, está versão foi exclusiva para o Japão; Atualmente, o jogo está disponível para PlayStation 1, Sega Saturno, PSP, PlayStation Network e em Março deste ano ele chegou para Android e IOS, custando R$10,00 na Google e App Store.

Artwork Por Ayami Kojima

Castlevania Symphony Of The Night era inicialmente um jogo para manter a franquia viva enquanto o próximo jogo da franquia não era lançado, mas tornou-se tão grande e consagrado que acabou gerando outra linha do tempo dentro da franquia, por ousar em manter gráficos 2D na era do 3D, com seu plot twits ao desbloquear a segunda área, gráficos esplêndidos e trolha sonora impecável, Castlevania é um dos melhores jogos de PlayStation 1, e caso você ainda não tenha jogado está obra prima, talvez seja hora de aproveitar seus ports e se aventurar no castelo de Drácula.

Notas:
Gráficos: 5/5
História: 5/5
Jogabilidade 5/5
Diversão: 5/5
Som: 5/5
Geral: 5/5