Análise | | AI: The Somnium Files – Uma Visual Novel Diferente

Introdução

AI: The Somnium Files é uma “visual novel” desenvolvida e publicada pela Spike Chunsoft. No jogo você controla Kaname Date, um investigador policial que se vê envolvido na trama de um assassinato em série em que o olho esquerdo das vítimas é removido. AI: The Somnium Files está disponível para PC, Xbox, Playstation, Nintendo Switch e mais recentemente passou a integrar o catálogo do gamepass. Confira abaixo o trailer de lançamento:

Um Serial Killer está a Solta

O jogo começa com o assassinato de Nadami Shouko, que foi brutalmente assassinada com um perfurador de gelo, teve seu olho arrancado e então exposta em um carrossel. Kaname Date, o protagonista, chega na cena e começa a investigar o caso. Além das capacidades e habilidades de um detetive, Date conta com a assitência de Aiba, sua parceira IA que reside em seu olho prostético. Coincidentemente, a prótese de Date também reside no olho esquerdo (“o que será que vem aí?”).

Shouko Nadami brutalmente assassinada e exposta em um carrossel

Para investigar os casos, Date pode examinar o ambiente e seus diversos elementos para encontrar pistas ou desbloquear ações. Além disso, ao interagir com alguns desses elementos, Aiba se intromete na linha de pensamento do protagonista para complementar a história e contribuir com os fatos.

Toda vez que um suspeito ou possível culpado é encontrado, o foco muda de Date para Aiba. Começam então as sessões de Psync.

Psyncing in

Já no começo de AI, no primeiro caso do jogo, Date encontra uma velha conhecida, uma garotinha chamada Mizuki, Por ela estar presente na cena do crime e possivelmente ter visto alguma coisa útil para o caso, ela se torna o primero caso de Psync do jogo.

O Psync é um procedimento em que um investigador e um suspeito interagem via sonho. Ambos são ligados a uma máquina, em que o suspeito fica inconsciente e dorme. Enquanto isso, o investigador, ligado ao outro lado da máquina entra no subconsciente do suspeito e investiga uma espécie de sonho.

Date e Mizuki ligados à máquina de psync

Assim como os sonhos da vida real, no jogo nada faz sentido. Ao controlar Aiba, o jogador pode interagir com vários elementos do cenário, porém as opções são sempre bem bizarras, como é de costume em um sonho. Opções como rezar, chutar, espancar, rasgar, abraçar, beijar, são algumas das muitas disponibilizadas ao jogador. O melhor de tudo é que são sempre ações que não condizem com o objeto (Ex.: Flor –> Espancar, Beijar ou Conversar?).

Nos sonhos nada faz sentido

Vale dizer que cada ação tem um preço. O “preço” nesse caso é o tempo. Date pode passar apenas 6 minutos no somnium (mundo dos sonhos), porém esse tempo não condiz com o da realidade do jogador. O tempo passa vagarosamente dentro do Somnium e é possível encontrar itens que reduzem o custo das ações (Ex.: Algo que custaria 100 segundos pode custar apenas 1).

Dentro de cada Somnium, Aiba deve resolver desafios e quebra cabeças para desbloquear “trancas mentais” (mental locks). Essas trancas representam pedras no caminho para a descoberta de pistas importantes no subconsciente dos suspeitos. Ao resolver os desafios, mais da índole de cada suspeito é revelada, incluindo acontecimentos que levariam aos desfechos apresentados pelas pistas.

O Poder das Escolhas

Assim como outras visual novels, AI tem várias rotas. No início o jogo não deixa isso bem claro, sendo inicialmente chocante para o jogador chegar em um final ruim e os créditos rolarem. Porém, a partir da primeira jogada completa, o jogador desbloqueia uma espécie de flowchart, onde é possível revisitar acontecimentos anteriores e voltar em pontos onde a história diverge.

Sim, a história tem várias ramificações com vários desfechos. Em alguns momentos o jogo te expulsa da história porque você ainda não visitou pontos chaves no flowchart que seriam pré-requisitos. É assim que AI guia o jogador. Ele incentiva a exploração livre mas sempre orientando por onde seguir para que as surpresas e revelações sejam mais impactantes. Em alguns somniums é possível escolher entre uma ação e outra, debloqueando finais diferentes para cada rota.

Uma narrativa única

Ao jogar AI: The Somnium Files, a narrativa me lembrou bastante 13 Sentinels: Aegis Rim. A narrativa é não-linear e ramificada. Cada rota é como se fosse uma história separada. No começo parece estranho, mas o protagonista se lembra do que aconteceu em cada uma, como se fossem mundos paralelos (o próprio jogo menciona a teoria) em que a mesma história se repete com desfechos diferentes. Para conseguir o final verdadeiro, é necessário percorrer todas as rotas e esgotar todas as possibilidades.

Apesar de causar estranheza no começo, Ai: The Somnium Files apresenta uma narrativa bem amarrada, coesa e coerente para o universo contruído.

Animações e humor de cair o queixo… num mal sentido

Para mim, os principais pontos negativos do jogo encontram-se na tentativa de fazer piadas ou criar situações de humor, bem como as animações dos personagens (especialmente em cenas de ação e expressões faciais).

O “humor” do jogo é ridículo, constrangedor e machista. Nada de novo sob o sol ao se tratar de um jogo japonês, é claro. Mas o que mais incomoda são algumas situações ridículas, como a que envolve escapar de uma troca de tiros destraindo os atiradores com uma revista pornô. Sim, isso aconteceu no jogo, eu vi, eu estava lá. Além dessa pérola, temos várias outras nesse mesmo nível.

Para complementar o humor ridículo, temos as animaçoes igualmente ridículas. A forma como os personagens correm, atiram e se movimentam é um tanto “não-natural”. Alguns dos problemas envolvem a velocidade de deslocamento, movimento de pernas e braços, etc. Em algumas cenas mais críticas, é até mesmo difícil de entender o que aconteceu (esses são raríssimos). Nesse sentido senti um descaso grande dos desenvolvedores

Conclusão

AI: The Somnium Files é uma boa opção para quem gosta de Visual Novels ou para quem se interessa pelo gênero e não sabe por onde começar. A narrativa do jogo e a loucura da gameplay são os pontos altos do jogo. Os personagens, apesar de estereotipados, são interessantes e misteriosos, cada um levando a uma pista nova na narrativa. O título deixa a desejar no aspecto gráfico, animações, e nos pontos relacionados a humor e solução de situações tensas na narrativa. Ainda assim, é um jogo que eu recomendo pela sua excentricidade.

Notas

História: 3,5/5

Jogabilidade: 5/5

Arte: 3/5

Trilha Sonora: 2,5/5

Diversão: 5/5

Total: 3,8

*Para mais análises, fiquem ligados na NSV