Tudo começou quando o gênero rougue like se casou com o manager simulator, e eles tiveram um filho : o último cordeiro do mundo, que cresceu em um mundo de falsos profetas e acaba sendo possuido e criando uma seita. Parece louco não? e é. Vi o primeiro trailer de Cult of the lamb em 2021, e desde então vinha contando os dias para jogá-lo, finalmente chegou o momento, e valeu a pena esperar para me converter.
O que é
Cult Of The Lamb é um rogue like, com características de manager simulator. Desenvolvido pela Massive Monster e publicado pela Devolver digital, o jogo chegou em 11 de agosto de 2022 para Playstation 4, Playstation 5, Xbox X/S, Pc e Nintendo Switch, console no qual joguei para essa review. Joguei em inglês, o game conta com legendas em português, mas houve um contratempo com a opção PT-BR exclusivamente na plataforma Nintendo Switch, dei uma jogada na versão para PC para dar uma olhada nas legendas pt-br e a localização está muito boa pelo que pude jogar. Essa é uma review sem spoilers da trama.
O começo de um son…seita!
Você joga como uma ovelhinha que é ressuscitada por uma entidade, e o preço a se pagar por sua nova vida é criar um culto para cultuar este ser. Unindo forças para derrotar aqueles que te mataram em um primeiro momento. Mas você começa do 0, tendo apenas sua ambição, um terreno baldio, uma coroa e um Rato que te passa algumas instruções. Toda a parte de recrutamento e manutenção do seu culto parte de você, seus fiéis trabalharão para ajudar, mas cuidado pois o excesso de trabalho sem reconhecimento pode gerar uma revolta. Então, além do roguelike, você vai trabalhar bastante no gerenciamento de sua comunidade.
Recrutando o rebanho
E como recrutar fieis? Nas masmorras você encontrará aqueles que estão prestes a serem sacrificados, ao salva-los eles se unirão ao seu culto, alguns monstros acabam voltando a forma humana e se juntam ao grupo, as vezes um de seus seguidores pode até lhe pedir convidar alguém ou para que você encontre alguém para sua comunidade. Se você já assistiu documentários sobre seitas, sabe que tirar a individualidade das pessoas é um mecanismo muito utilizado, então, quando você traz um novo membro, é possível mudar seu nome e aparência. Os integrantes também tem características próprias e isso afetará sua fé, por exemplo: alguns perder fé quando há sacrifícios humanos, outros são materialistas e sua fé se fortalecer ao ganhar presentes, outros são céticos por natureza e serão difíceis de upar.
Entre sermões e dejetos
Você é o lider, o centro desta seita, logo tudo tem que ser resolvido por você, todos os pedidos vem para você, e todo o progresso parte de você. Afinal, como um bom líder, é preciso prover para sua comunidade, seus fiéis irão cumprir suas ordens mas o desbloqueio de melhorias parte do seu investimento. A fé move o seu culto, adquirida tanto pela adoração a estatua e outros monumentos distribuídos pelo jogo, quanto pelos seus sermões no templo. Ela será necessária para melhorar a “árvore de habilidades” de sua seita, e gerar novas construções, tanto para melhorar a qualidade de vida, quanto produção de recursos,ou apenas decorativas.
Mas nem só de adoração vive o cordeiro, mesmo sendo o enviado de um deus, você terá que limpar muito cocô e vômito do chão, vai cozinhar, ir as masmorras para recrutar novos integrantes e coletar recursos, e lidar com as ideias sem noção de seguidores sem que eles te abandonem, as vezes deixar um deles comer cocô ou grama vai ser um tópico do seu dia de doutrinação.
Doutrinas
Por falar nas doutrinas, o jogo lhe pede para estabelecer uma seita e derrotar os sacerdotes da “antiga fé” para libertar seu deus, mas sua metodologia para liderar seu povo é algo que o jogo deixa bem livre, com várias opções de doutrinas pra se escolher. Você pode escolher o nome de sua seita, nome e aparência de seguidores,quer matar alguém para servir como exemplo? Acha que o dinheiro é a origem de todo o mal por isso seus fiéis devem abdicar lhe entregando tudo? Seus fieis tem fome, canibalismo é uma opção! Liderar na base da fé? Do medo? Ambos? Os dogmas e rituais dão bastante espaço para a criatividade (e sadismo).
Para aqueles que tem pressa de morrer
O jogo possui 4 níveis de dificuldade: Fácil, Normal, difícil e Muito difícil. O fácil é realmente fácil e o Muito difícil é realmente insano em certos momentos. Lembrando que estamos falando de um roguelike, então a morte andará ao seu lado, mas é possível mudar o nível de dificuldade a qualquer momento no menu de configurações.
Desbravando e espalhando a palavra
Ao entrar em uma masmorra você vai encontrar atributos aleatórios para ajudar nessa quest, por um lado, a aleatoriedade de itens te torna um combatente mais flexível, por outro lado, as vezes você acaba com um set que não te agrada e não atende seu estilo de jogo, e isso pode te matar caso não consiga se adaptar rapidamente ao set diponibilizado.
Nas masmorras você encontra NPCs que podem te ajudar com as cartas de tarot com atributos, recursos, fieis em potencial para resgatar e é claro: Hordas de inimigos querendo sua cabeça. Os inimigos até que variam bastante, a cada run naquele local eles se tornam mais fortes. As masmorras te oferecem diferentes caminhos, embora todos levem ao chefe ou subchefe, você pode optar pelo caminho com mais confronto, ou o com um fiel para resgatar, ou até pelo caminho com mais recursos para seu grupo.
Passar pela mesma masmorra várias vezes é uma necessidade, isso pode incomodar alguns, mas não me aborreceu pois o aumento da dificuldade dos NPCs e armas distintas ajudou a dar uma renovada a cada visita, e é claro, os “bispos”, que aprisionaram seu deus e a coroa em um primeiro momento, ah, eles também são os responsáveis por seu sacrifício, então se fé não te move, a vingança vai!
:3
O gráfico É muito fofo e adiciona uma nova camada de obscuridade ao jogo, porque você é um cordeirinho fofo em um momento e em outro seus olhos sangram enquanto conjura feitiços para sacrificar outro bichinho fofo de forma brutal. Os cenários são bem cheios mas não o suficiente para poluir a tela, cores vivas e olhinhos esbugalhados tornam tudo uma gracinha, mas o design dos adversários mais fortes é realmente monstruoso, destaque pra a forma final dos bispos e o último chefe. A trilha sonora transita entre o macabro e o eletrizante, acompanhando os momentos de tensão com maestria. Sem dúvida a sonoplastia é ideal para lutar com um deus
O veredito
The cult of Lamb mistura com maestria aspectos de vários gêneros. A arte adorável se une a narrativa perturbadora e cativante para te deixar vidrado no jogo por horas. Gerir minha própria seita foi muito divertido e com certeza vou jogar novamente para criar mais seitas (devo contar isso pra minha psicóloga?). Fiz duas runs e cheguei a finais diferentes pois uma escolha em certo momento crucial muda tudo. É um jogo muito carismático e cheio de personalidade, um prato cheio para amantes de roguelike de longa data e bem amigável para aqueles que vão se aventurar no gênero pela primeira vez.