Em Pieces of a Woman, Martha (Vanessa Kirby) e seu marido Sean (Shia LaBeouf) são um casal prestes a finalmente ter seu primeiro filho. Mas, depois de um complicado parto, suas vidas desmoronam quando perdem o bebê.
O filme é dirigido por Kornél Mundruczó e roteirizado por Kata Wéber. Estreou na Netflix no dia 7 de janeiro de 2021. Vanessa Kirby, conhecida pelo seu papel de Princesa Margaret em The Crown, está indicada ao Oscar de Melhor Atriz.
O angustiante plano sequência
O filme já começa com uma carga dramática enorme com um plano sequência, ou seja, uma cena sem cortes. Martha e Sean decidem ter um parto caseiro. Vemos eles chamando a parteira, pois Martha está tendo contrações. Mas o que acontece é que a mulher com quem eles tinham tratado está ocupada e ela manda uma substituta em seu lugar.
Desde o início podemos perceber que há algo errado, pois Martha não se sente bem. A parteira, Eve, interpretada por Molly Parker, faz de tudo para tranquilizar o casal. Ela é cuidadosa ao máximo para que o bebê nasça com saúde, mas também parece atrapalhada. Eve chega a falar para o casal ir ao hospital, mas Martha se nega a ir. Depois de muito esforço o bebê nasce, mas falece logo em seguida.
O plano sequência nunca é algo fácil de se dirigir, mas aqui vemos uma competência enorme dos atores e do diretor. Além da fotografia, assinada por Benjamin Loeb. Após o término dessa sequência, temos finalmente um corte, uma quebra de toda a tensão. O vazio se instaura e o luto se torna protagonista.
O luto silencioso de Martha
A atuação de Vanessa Kirby nessa parte do filme é muito silenciosa. Sentimos sua melancolia, mas, ao mesmo tempo, parece que a personagem não está sentindo nada. Isso, no entanto, significa que Martha está em negação. A relação dela com seu marido, Sean, estremesse ainda mais. Sean sente muito a perda, enquanto Martha lida com a situação de forma diferente.
É importante notar que as pessoas sentem o luto de maneiras diferentes. Por mais que pareça que Martha não está sofrendo, ela vive aquele momento de sua maneira. Mas, ao mesmo tempo, nessa parte do filme, algumas cenas parecem ser muito aleatórias. Conversas sobre assuntos que não agregam muito a história.
Da metade para o final é que a história tem um ritmo melhor e as atuações se destacam mais.
Atuações em destaque
A pressão para que Martha sinta alguma coisa e lute para que a parteira que fez o parto de seu bebê seja julgada aumenta. Martha não tem interesse pelo julgamento, mas sua mãe, interpretada por Ellen Burstyn, entra em confronto com ela. Vemos que ela julga Martha pela sua decisão de ter um parto em casa. A atuação de Vanessa Kirby toma fôlego e a de Ellen Burstyn também é marcante.
As cenas no tribunal são ótimas. Um destaque para Molly Parker, que diz muito somente com os olhos. A dor dessa mulher nos afeta muito. Martha também acaba admitindo que ela que não quis ir para o hospital quando a parteira disse que eles deveriam. A carga dramática é grande e é a melhor parte do filme, poderia ter sido explorada mais.
O renascimento
Durante o filme, Martha desenvolve um interesse por germinação. Ela guarda maçãs e suas sementes e começa a plantá-las. Isso volta no final do filme quando vemos que Martha teve uma filha. Ela também tem um gosto por maçãs e vemos a menina subir em uma macieira. Provavelmente, a árvore fora plantada por Martha e isso pode simbolizar um renascimento da personagem. Mesmo perdendo um filho, no futuro, ela consegue finalmente virar mãe.
Pieces of a Woman nos mostra o quão importante é viver o luto da nossa maneira. Com uma potente interpretação de Vanessa Kirby, Molly Parker e Ellen Burstyn, o filme nos marca muito. Com destaque, claro, para o plano sequencia inicial, que é a melhor parte do filme.