Mulan: O novo Live Action da Disney

O mais novo live action da Disney, o tão aguardado Mulan, é a aposta do serviço de streaming da Disney+, tendo em vista que o lançamento nos cinemas se tornou inviável por conta da COVID-19.

Baseado na animação de 1998, esse live action foi lançado em 4 de setembro de 2020, e recebeu elogios de críticos que falaram bem das sequências de ação, do figurino e performances.

A história de Mulan já é bem conhecida, baseada na lenda chinesa de Hua Mulan. A família de Mulan consiste de seu pai, mãe e irmã. A sua família não possui herdeiros homens e, desde pequena, Mulan não se enquadra no que é esperado de uma menina. Sendo ágil, corajosa e tendo muito potencial para o combate, ela não pensa em casamento, mesmo que seus pais insistam em apresentá-la para uma casamenteira, junto de sua irmã. Sua irmã já é o “esperado” de uma moça daquela época e fica ansiosa quanto ao encontro com a senhora da aldeia que arranja os casamentos.

Quando pequena, vemos o pai de Mulan dizer para ela que ela não deve demonstrar suas habilidades, já que elas foram feitas somente para guerreiros. Mesmo vendo o potencial da filha, seu pai ainda assim reprime o potencial de Mulan e sua mãe também concorda, dizendo que as pessoas a julgarão se ela sair do padrão.

©Walt Disney Studios

Logo após esse fato, os invasores, liderados por Bori Khan, começam a ameaçar a paz do império e um homem de cada família deve se voluntariar para lutar na guerra. Como na família de Mulan, o único homem é seu pai, ele se despõe, mas ele está ferido já de uma guerra anterior e possui uma prótese na perna que o ajuda a andar, mesmo que com dificuldade. Mulan fica aflita, mas acaba aceitando que seu pai tome essa decisão.

Sua mãe e irmã mais tarde conversam dizendo que desta vez o pai delas talvez não volte para casa. No meio da noite, então, Mulan rouba a espada e armadura de seu pai e vai se voluntariar no lugar dele para lutar na guerra. (Não, não temos a famosa cena em que Mulan corta seu cabelo. Confesso, senti falta, mas é algo bobo que não muda nada na história. Até porque, naquela época, até homens chineses usavam cabelo comprido e isso não entregaria a identidade de Mulan como mulher).

O filme segue a premissa que já conhecemos, mas houve algumas mudanças como, por exemplo, nessa versão de Mulan não existem as canções e também não temos a participação do dragão Mushu. Isso foi dito como feito para deixar o filme mais sério, e isso realmente acontece. A partir da ida de Mulan para a guerra, vemos a dificuldade dela de manter seu disfarce e aprendendo ainda mais a lutar. Vemos o quão habilidosa ela é, até mais que muitos dos homens. Mulan se mostra muito poderosa e recebe a admiração de seus companheiros de guerra. Isso, enquanto a sua imagem masculina está intacta.

©Walt Disney Studios

É fácil dizer que o que mais se destaca nessa versão de Mulan são as lutas, interpretações e figurinos, que são muito coloridos e remetem bem a China. Os azuis e vermelhos, principalmente, são muito vivos e lindos de se ver. Outro fator positivo é também a fotografia, a composição das cenas e principalmente os cenários são muito bem aproveitados. Um destaque de uma cena muito bonita é a de quando Mulan e Chen Honghui se encontram pela última vez. É curioso que nessa versão a relação dos dois não foi tão explorada. Há uma tensão e interesse de um pelo outro, mas nada se desenvolve para além disso. (Faltou a cena da avó de Mulan dizendo para ele ficar para sempre e não só para jantar, uma cena muito divertida que poderia ter sido aproveitada. Lembram dela?).

É importante também levar em consideração os pontos negativos do filme também e ver o filme pelos olhos de pessoas que são chinesas (aqui há uma thread no Twitter muito interessante sobre o filme do ponto de vista de uma moça chinesa), por exemplo, e como alguns aspectos do filme não são consistentes com o que realmente é da cultura chinesa. Um exemplo é o “chi” que o pai de Mulan fala que é só para guerreiros, dando a entender que as mulheres não o teriam, sendo que o chi é uma energia que existe em todas as pessoas.

Dá para criticar o filme também pela sua falta de representatividade por trás das telas. Sim, é um mérito enorme termos um elenco totalmente de asiáticos, mas os roteiristas (além da diretora), por exemplo, são todos brancos, o que faz com que a fidelidade com a cultura chinesa fique falha. A história em alguns momentos parece bagunçada, mas, mesmo com alguns problemas, Mulan entrega um filme que serve para o entretenimento e diversão de quem assiste.