Beleza Eterna – O que é normal?

O novo filme com a grande atriz de A Forma Da Água, Sally Hawkwins, Beleza Eterna, lançado em outubro de 2019 no BFI London Film Festival, estará disponível ao público em breve pela Sony Pictures nas plataformas digitais.

Beleza Eterna é escrito e dirigido por Craig Roberts, que se baseou em uma pessoa que ele conhecia para criar a personagem de Jane (Hawkins). Jane é uma mulher que precisa lidar com a esquizofrenia e a falta do entendimento de sua família quanto a sua condição. Seus sintomas começam a ficar mais intensos depois que ela é abandonada por seu noivo no altar e de ser substituída por sua irmã mais nova nos concursos de beleza que participava.

©Sony Pictures

O diretor, inclusive, disse em entrevista que ficou muito animado pelo seu elenco, principalmente por ter Sally Hawkins no papel de Jane. Ele ainda disse que teria escrito o papel com a atriz em mente e, de fato, Jane é uma personagem que casou muito bem com a interpretação e a imagem da atriz. Ela traz um tom melancólico e ao mesmo tempo simpático a personagem que nos faz nos importarmos com ela e até querermos ajudá-la de alguma forma. A forma sutil com a qual Jane demonstra seus sentimentos e a forma abrupta com a qual os sintomas da esquizofrenia afetam seu dia a dia são um trunfo muito grande na atuação de Hawkins.

Além de Sally Hawkins, quem se destaca também é David Tewlis, que interpreta Mike, um homem que também está lidando com seus próprios traumas e se interessa por Jane. O ator, mesmo no seu pouco tempo de tela, entrega uma interpretação que combina muito com a personagem de Jane e faz com que quem assiste torça pelos dois. As cenas dos dois também são as mais engraçadas do longa.

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Outro fator que ajuda muito em contar a história de Jane é o uso da iluminação entre as cenas e, principalmente, as cores. No início do filme, não temos muitas cores predominantes, mas, enquanto Jane começa a piorar de seus sintomas, os tons ficam azulados (até a roupa que ela usa muito é azul), remetendo, segundo o diretor, a expressão em inglês “feeling blue” (se “sentindo azul” = triste). O fato de o filme não ter sido filmado digitalmente também dá um tom ainda mais peculiar ao filme. A filmagem em película deixa a imagem com uma forma meio “granulada” que dá um charme a mais.

©Sony Pictures

Beleza Eterna é um filme sensível e, por vezes, muito engraçado, que lida com temas sérios como esquizofrenia e depressão. É importante, ainda mais nesse período que estamos vivendo (e o Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio), estarmos de olho em nossos entes queridos e perceber quando alguém precisa de ajuda. Beleza Eterna também nos faz pensar naqueles momentos em que olhamos para fotografias do passado e pensamos “nossa, como eu estava bem nessa foto”, cobrando-nos muito quanto a nossa aparência. Além disso, Jane e Mike se perguntam muito sobre o que é ser normal. Por que, afinal, pessoas como eles são as diferentes e, os outros, normais? Quem criou esse normal e o que isso pode nos ensinar como vemos a nós mesmos e aos outros? Ficam esses questionamentos e também cabe a nossa força de vontade de enxergar a beleza que sempre haverá em nós mesmos.