Psycho Pass – A distopia futurista do século 22 no combate ao crime

Segundo o artigo 11º da Declaração Universal dos Direitos Humanos(DUDH): “Toda a pessoa acusada de um delito presume-se inocente, até que a sua culpa fique legalmente provada no decurso de um processo público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas”, ou na frase popular “Todos são considerados inocentes até que se prove o contrário“. Porém, em um mundo futurista como em Psycho-Pass, as leis não funcionam desta maneira. Eu sou o Vulpixs e desta vez vamos falar da obra que retrata uma distopia futurista e tecnológica.

Apresentando o tema

Neste texto sem spoilers não citarei nome de nenhum personagem até porque este não é o foco do debate. Me proponho aqui a trazer questionamentos sobre a verdadeira representação de uma utopia universal para um futuro no qual queremos atingir. Afinal, o ser humano sempre busca pela sua própria utopia, que assim como o seu próprio significado traz uma idealização perfeita que parece ser inalcançável, quase próxima a um devaneio.

Estando por dentro do universo de Psycho-Pass

A história se situa no século 22, em um mundo onde o estado psicológico e a potência criminal de uma pessoa pode ser medida através de um sistema tecnológico e futurista. Enquanto todos os tipos de dados de um ser humano são registrados e policiados, esses números medidos usados ​​para julgar as almas das pessoas passaram a se chamar de PSYCHO-PASS.

No futuro, o nome Sibyl Sistem (Sistema Sibyl) é dado para uma empresa policial em cooperação com o governo para poder combater o crime que se espalha no mundo e também os possíveis crimes que ainda não foram cometidos. Este sistema é o único no mundo inteiro que pode ser capaz de coletar dados e fazer um julgamento “inteligente” sobre a tendência criminal de uma pessoa. O Sistema Sibyl tem o poder total do controle das aplicações das leis e também do controle das forças policiais que estão sob este sistema.

O MWPSB – Ministry of Welfare Public Safety Bureau (Ministério da Agência de Segurança do Bem-Estar Bureau) é o centro político do Japão no século em que se passa a história. E finalmente, chegamos ao ponto em que estamos sempre situados dentro do anime, que é o CID – Criminal Investigation Department (Departamento de Investigação Criminal). Os membros deste departamento tem a função de botar em prática todo esse conceito teórico e utópico. Os agentes são dividos em 3 grupos para os serviços de aplicação das leis no combate ao crime: Inspetores, Analistas e Executores.

O serviço dos Agentes de inspeção é sair para coletar dados e informações de algum delito cometido ou de alguma possível suspeita de alteração no Psycho-Pass (estado mental) de um cidadão. Quando estes dados são coletados, os mesmos são passados aos agentes de análises para que possam avaliartodos estas informações e processar em seus computadores o índice e a potência crimal do sujeito. Se as análises mostrarem um coeficiente de risco para a sociedade, o MWPSB envia agentes executores do CID para que possam apreender ou fazer um extermínio completo da pessoa com o Psycho-Pass condenável.

Dominator – Os olhos da Sibyl

Dominator é a arma de fogo do futuro, carregada pelos Inspetores e Executores à serviço do MWPSB. Esta arma é capaz de determinar a identidade de seu titular (como se aparecesse um RG holográfico da pessoa) e a porcentagem do Psycho-Pass no qual a arma é apontada para a pessoa.

A arma Dominator é um acesso exclusivo para o Ministério da Agência de Segurança, e tem o apelido de “Os olhos da Sibyl”. Este apelido é dado porque é o Dominator quem fará todo o julgamento, se o indivíduo no qual teve a arma apontada é uma potência criminal para a sociedade ou não. Confiando todo o sistema em uma arma tecnológica, os inspetores e executores agem através da decisão destas armas, pois somente com elas que as pessoas no século 22 podem apontar uma arma de fogo para alguém, sem que o seu próprio Psycho-Pass se torne impuro. Afinal, você estará punindo um ser com a morte.

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O Dominator tem vários tipos de gatilhos dentro da mesma arma e ela é alterada automaticamente de acordo com o coeficiente criminal que o mesmo julga preciso ser utilizado no combate contra o certo indivíduo. Primeiro temos o Non-Lethal Paralyzer que causa um atordoamento com a finalidade de levar o criminoso até o ministério e qreceber um julgamento para decidir se o mesmo ainda tem serventia para a sociedade. Nos casos em que o Psycho-Pass de alguém ultrapassa os 300 pontos, a arma altera para o modo Lethal Eliminator, abatendo o indivíduo com um tiro explosivo e certeiro. Por último temos o Destroy Composer, usado para destruir apenas veículos largos e drones que estão como obstáculo para a execução de um criminoso.

E então, por que uma distopia?

Após uma longa exploração no universo de Psycho-Pass, finalmente chegamos à questão que eu queria trazer para cá. E então, por que uma distopia? Por que tratar como a representação da antítese de uma convenção social? Simples. Pois o anime não quer te mostrar no quão assertivo é o sistema impregnado no futuro do século 22, e sim nas características totalitárias, do controle de um sistema sob uma sociedade. E como sabemos, as máquinas não têm sentimentos e nem um raciocínio emocional para um julgamento. Com isso, falhas começam a aparecer por todos os lados, tornando este sistema Sibyl, um sinônimo de uma distopia e um perigo para a sociedade.

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Vamos lá, pense comigo. Se um sistema feito para trabalhar com algo tão delicado que é analisar as atividades e intenções do cérebro humano, como poderia dar errado? A resposta é que tudo poderia dar errado. No começo deste texto eu coloquei o artigo número 11 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, e esta lei retrata muito bem o que estou abordando neste texto.

Temos de recordar que ninguém é igual a ninguém. Cada indivíduo é uma pessoa diferente, com pensamentos, dogmas e princípios distintos. Isso faz com que abra várias questões das possibilidades e números que um computador conseguiria trabalhar e processar os dados já registrados anteriormente. No momento em que o Dominator é apontado para alguém, ele logo avalia o Psycho-Pass, determinando se ele é um perigo para a sociedade ou não, mesmo que não tenha cometido nenhum crime.

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A minha conclusão com este sistema é que o Psycho-Pass não mede as ações das pessoas, e sim a saúde mental delas. Se isso for realmente verdade, teremos um problema muito maior para se trabalhar do que um crime. As vezes, um trauma ou uma desestabilização momentânea pode ser o suficiente para que o sistema confunda os dados do Psycho-Pass e fazê-lo se tornar um perigo.

Quando a idealização se torna um problema irreversível

Mesmo que seja um texto sem spoiler, sem estragar a sua experiência com o anime, darei pequenos exemplos de como o sistema pode vir a falhar e muito. Imagine que um estuprador comete atrocidades com uma mulher, e acaba causando feridas no psicológico dela. Sua mente se corrompe com todo o medo e um possível trauma que seria gerado a partir daquele momento. Quando isso acontece, o Psycho-Pass desta jovem se torna um perigo para ela mesmo e para a sociedade. Desta forma, os Olhos da Sybyl determina que ela já não é mais de serventia e que não seria possível se recuperar deste episódio infeliz. Julgando desta forma, o Dominator conclui que… Esta mulher já não serve para um progresso da sociedade em que está situada e a elimina, sem deixar vestígios.

Percebe o quão aterrorizante e problemático seria viver sob um sistema tão perigoso assim? O problema não são as pessoas que trabalham no sistema, pois os mesmos tem a liberdade de apertar ou não o gatilho, assim que o Dominator é apontado para a pessoa com um alto índice de tendência criminal. Mas, e se o caso for o contrário? Como tudo é questão de saber controlar o estado mental, um ser humano for muito esperto, pode até ser capaz de confundir o sistema. Isso abre muitas possibilidades para que ele saia por aí cometendo loucuras e saindo impune.

“Se isso acontecer, basta pegar uma arma de fogo comum dos dias de hoje e executá-lo da mesma forma” – Não! Desta forma você será pego nas mãos do sistema e isso te fará um criminoso, mesmo sendo um agente da CID. Está vendo como o sistema projetado parece um queijo Suíço, cheio de buracos? E nem podemos dizer que é uma falha da obra, pois o mesmo deixa bem claro que essas pontas abertas sejam a base do desenvolvimento e progressão da série, com a proposta de nos fazer refletir sobre estes casos.

Para finalizar, mais uma evidência. O sistema Sibyl costuma dividir as pessoas na CID de acordo com o que seriam de maior aptidão para os servições dentro do sistema. Um executor não deve se intrometer sem autorização nos serviços de um analista e um inspetor. Um analista e um inspetor não deve sair para a execução e abate sem que tenha a devida autorização do departamento. Afinal, todos estes serviços de trabalhar com crimes pode deixar o Psycho-Pass do agente impuro, caso ele se envolva profundamente com o caso e não tenha sucesso em cumprir os seus deveres. É algo mais ou menos conhecido como um uma doença psicológica causado pela sua própria insuficiência existencial e/ou incopetência.

Temporadas e filmes

  • Psycho-Pass: 22 episódios
  • Psycho-Pass 2: 11 episódios
  • Psycho-Pass 3: 8 episódios
  • Psycho-Pass Extended version: 11 episódios (esta é a primeira temporada com cenas extras e com episódios duplos na duração de 46 minutos).
  • Psycho Pass Sinners of the System(1~3): 3 filmes curtos com 1 hora de duração.

Enfim, chegamos ao final de mais um texto no NSV. Gostou? Já assistiu o anime? Comente aqui em baixo para que possamos trocar uma ideia!