Olá jovens do NSV – Mundo Geek! Aqui é o Vulpixs para mais um texto sobre o Japão. Desta vez vamos abordar um tema um pouco mais sério. Você já pensou em sair do seu próprio país pra ganhar mais dinheiro em terras nipônicas? Será que realmente vale a pena? Descubra aqui no NSV!
Por que tantas pessoas saem de seus países para ganhar dinheiro?
Para o tema proposto neste post, vamos considerar somente o Brasil. Como sabemos, se ganha muito pouco no Brasil, tão pouco que as vezes não é o suficiente pra conseguir sustentar uma família inteira. Por causa de situações como essa, muita gente se vê na esperança de tentar arrumar um outro meio para conseguir o seu “ganha-pão“. Se mudar para um outro país fim de ter uma maior renda mensal é uma das opções a ser cogitada nas ultimas décadas.
Muitas das famílias acabam enviando o homem da casa (no caso o marido) para ir trabalhar como operário, com o objetivo de ganhar mais dinheiro do que ganharia no Brasil. Assim o mesmo enviaria o dinheiro para que a sua família pudesse ter o sustento necessário para o mês.
O Japão é uma boa escolha?
Nesses meus 20 anos de Japão, pude conhecer muita gente que veio pra cá com tal objetivo em mente, cumpri-la e depois retornar ao seu país de origem junto de sua família. Mas como sabemos, nem tudo é um mar de rosas. Muitas das vezes acabam encontrando obstáculos e desvios, fazendo os mesmos se distanciarem cada vez mais do objetivo.
Até que enfim, podemos chegar a uma conclusão. O JAPÃO NÃO É MAIS UM PAÍS PARA SE JUNTAR DINHEIRO.
“Mas Vulpixs, você afirma com tanta certeza só de se basear nestes argumentos simples e vazios?” Não. Existe muitos outros motivos e exemplos pelo qual o Japão deixou de ser um país para se juntar dinheiro e passou a se tornar um país comodo.
Mas enfim, quais os problemas?
Primeiro de tudo, o objetivo em mente é juntar dinheiro. Ao decorrer do tempo em que você não consegue mais guardar dinheiro e começa a ter mais gastos do que “poupança“, isso cria um efeito bola de neve, que se torna extremamente difícil de lidar.
Muitas das famílias que vem pra cá pensando em juntar dinheiro caem sempre no mesmo problema. Comodismo rotineiro. A semana de um operário no Japão é muito desgastante pela enorme carga horária se serviço, as vezes poucas folgas e também pelo cansaço psicológico de ter que ir trabalhar em um lugar onde odeia ou não quer estar.
Se ganha muito dinheiro no Japão. Verdade ou mito?
Eu me canso de ouvir tal afirmação “Vocês ganham bem aí no Japão, então qual o problema?“. Comparado a outros países, até com o Brasil, se ganha muito sim. Porém o maior problema enfrentado aqui é o custo de vida altíssimo. Do que adianta você ganhar bem, se todo esse dinheiro acaba indo embora em um piscar de olhos?
Economizar não é uma opção. Posso afirmar com toda a certeza que pelo menos 90% das famílias que vem ao Japão com o objetivo de juntar dinheiro, sempre tentam economizar o máximo possível. Chegando até a fazer alguns sacrifícios de desejos pessoais, para conseguir ter o suficiente para o seu sustento.
Aqui no Japão, o imposto nos produtos é fixado em 8%, que antes era apenas 5% e neste ano é capaz que suba para 10%. A quantidade de impostos que se paga aqui é absurda. Outra que uma certa porcentagem é descontada do seu salário mensal, baseado na carga horária que o operário trabalhou no mês. Ou seja, quanto mais trabalho mais dinheiro, e ao mesmo tempo, quanto mais trabalho, menos dinheiro. Se torna um paradoxo.
Fora esses problemas de impostos, tudo no Japão acaba sendo muito longe ou precisa se gastar um tanto para chegar até algum lugar. Não é simplesmente um “vou até lá na esquina e já volto”. Principalmente em cidades no interior, que pra chegar a algum lugar, é praticamente obrigatório ter um carro. Mesmo que exista várias estações de trem espalhadas por aí, não é que nem nas grandes cidades. Bicicletas também acabam sendo um pouco inconveniente, pois acabam sendo muito trabalhosas devido as circunstâncias do Japão. Os transportes públicos como ônibus não são os meios mais utilizados pela população daqui, como é no Brasil por exemplo.
Fazendo os cálculos
Imagino que só explicar com palavras soltas em um texto, não traga muita firmeza. Então, vou dar alguns números baseados na minha própria experiência de vida como um trabalhador operário estrangeiro no Japão. E também, é claro que não estou rotulando todas as famílias como se eles seguissem todos os padrões impostos aqui.
Diferente do Brasil, que maior parte das vezes o salário já tem um valor fixado, aqui no Japão se ganha por horas trabalhadas. O mínimo de horas trabalhadas no japão é de 160 horas o que equivale 8 horas por dia, 5 dos 7 dias da semana. Agora joguemos o valor de um brasileiro e pai de família assalariado. Em torno de 1.200 ienes/hora (41 reais). Para mulher 950 ienes/hora (32 reais).
Antigamente se ganhava muito mais no Japão e até era um país viável para se juntar dinheiro. Mas algo que o fez mudar tão drasticamente foi a crise em 2018, com a quebra do banco americano Lehman Brothers. Que refletiu na economia do Japão, fazendo o país quase entrar em falência. (Foi realmente um ano de vacas magras).
Fazendo o cálculo mensal de um homem assalariado baseado nas informações anteriores, ele deve tirar em torno de 192 mil ienes (6.595 reais). “É MUITOOO DINHEIROOOOO!!!“. É o que eu sempre escuto quando eu faço a conversão pra alguém de fora. A pergunta é: O quão caro é o custo de vida para que esse valor se torne tão nulo?
Se você tem um filho (obviamente brasileiro) e prefere em optar por coloca-lo em uma escola particular brasileira, uma mensalidade deve ser paga. Agora imagine que essa mensalidade pode vir a custar em torno de 1.000 reais mensais. É praticamente um salário mínimo do Brasil. Fora as contas de casa para pagar, transporte, comida e extras que surgirem no dia a dia, como hospital e compras pessoais.
Então muitas das pessoas se veem obrigadas a fazer horas extras em seu serviço, pois se não, o dinheiro não irá render para o mês todo. E que enfim chegamos ao comodismo rotineiro, onde a família se verá sempre na situação de aperto e passará a ter a mesma rotina. Semana por semana, meses por meses e anos por anos; repetindo este ciclo infinitamente até que um um milagre caia do céu.
Enfim! Chegamos ao final de mais um texto. Se você gostou, comente aqui em baixo e compartilhe com os seus amigos. Eu, Vulpixs, vou ficando por aqui e até a próxima matéria.