Hitobashira – O sacrifício e oferenda de humanos nas construções japonesas

Olá leitores do NSV – Mundo Geek! Aqui é o Vulpixs para mais um texto sobre lendas urbanas que rondam pelo Japão. Você já ouviu falar em Hitobashira e os contos que envolvem esta lenda japonesa? Me acompanhe neste texto e descubra mais sobre o lado “sombrio” do país nipônico.

Das junções dos dois kanjis japoneses “Hito – Pessoa” e “Hashira/Bashira – Pilar“, formamos a palavra Hitobashira que em português significa “pilar humano”. Ao pensarmos nesta tradução nos vem muita coisa na cabeça para o seu significado por traz do termo, e a que você provavelmente pensou deve ser a resposta certa caso tenha pensado em construções feitas usando pessoas mortas ou até mesmo vivas em algumas ocasiões.

Hitobashira é uma lenda urbana e uma tradição japonesa que diz ter a prática de enterrar pessoas para a construção de estruturas importantes, como por exemplo: castelos, pontes, poços, canais, aterros, barragens e santuários.

Um mito percorria durante a época que afirmava dizer das construções com o Hitobashira ser muito mais resistente e ser protegido de desastres naturais, especialmente em áreas propensas a inundações. Essa tradição perdurou até o século 18 e alguns ainda acreditam que a prática tenha se estendido até meados do século 20. Na verdade, essa prática de construir edifícios usando de humanos como materiais veio de uma crença japonesa no que deuses podem ser incorporados em pilares ou árvores. Selar os humanos a estes pilares significa que eles podem ser mais resistentes e duradouros.

Embora hitobashira literalmente signifique pilar humano, o significado real é um pouco mais complexo. Pilares e o xintoísmo têm uma ligação muito forte entre eles – assim como deuses podem  consagrados em árvores sagradas, o mesmo serve aos pilares no xintoísmo. Os santuários mais antigos foram construídos sobre pilares, e a palavra “hashira”, além do significado de pilar, também é usado como “josūshi“, um conta-palavra japonesa, para os deuses. O bashira em hitobashira não se refere literalmente a um pilar, e sim a essa palavra que serve como um contador numérico no Japão.

Sobre as histórias e lendas que circulam com o Hitobashira, temos uma das mais famosas que é o Castelo Maruoka, localizado na prefeitura de Fukui, na região de Chubu. Arqueólogos chegaram a encontrar crânios e ossos humanos no fundo de castelos de séculos antigos. Dizem que o Castelo Maruoka, o castelo mais antigo do Japão, usou os seres humanos como base para a sua construção, aplicando do Hitobashira. Segundo uma lenda contada e espalhada por gerações, durante sua construção, o castelo era tão instável que eles decidiram ser preciso um sacrifício humano como oferenda para solidificar e trazer prosperidade ao local.

Assim, eles foram em busca de uma pessoa que cumprisse com seus requisitos e que seria de agrado aos superiores. Em um dia, eles encontraram O-shizu, uma bela e jovem caolha. Ao ser violentamente arrastada a força para o ritual, a jovem concordou em ser dada como oferenda, mas com uma condição. Esta condição era que tornassem um de seus filhos num grande samurai e honrado. Os homens concordaram e ela foi usada como parte do pilar central deste castelo Maruoka.

Logo depois disso, a construção da fortaleza do castelo foi concluída com sucesso. Porém, o governador de Fukui foi transferido para outra província e a promessa ao filho de O-shizu foi caída no esquecimento. Seu espírito ficou ressentido e fez suas lágrimas transbordarem junto com as grandes chuvas da primavera, que acontecia todos os anos no mês de abril. As pessoas chamavam de “A chuva pelas lágrimas da tristeza de O-shizu” e ergueram uma pequena tumba para acalmar seu espírito. Há um poema transmitido para esta mensagem: A chuva que cai quando chega a estação dos cortes das algas, são as chuvas que lembram as lágrimas da tristeza da pobre O-shizu.

Algumas pessoas diziam na época que a instabilidade e tremores durante a chuva que sentiam no castelo nessas épocas de chuvam e alagamento do piso, era gerado por rancor e sede de vingança da moça usada como oferenda. Embora, com o passar do tempo, por pesquisas feitas, foi dito que a instabilidade das muralhas do castelo de Maruoka provavelmente foi causada pelo design do castelo. Embora o projeto tenha mais destaque no período de Momoyama (1568~1600), a base íngreme apresenta estacas de pedra de estilo aleatório, transparecendo várias instabilidade nas paredes, o que pode ter levado ao uso de um pilar humano durante sua construção.

Outra das mais famosas histórias conta sobre a construção da Ponte Matsue Ohashi, no período Keichou (1596~1615) quando o general Horio Yoshiharu se comprometeu em tentar terminar esta construção que antes tinha vitimizado com a morte de um dos trabalhadores. Os construtores pareciam trabalhar sem gerar resultado algum, pois parecia não haver fundo sólido para os pilares da ponte repousarem. Após várias e várias tentativas, todas as vezes que a ponte era erguida, o mesmo voltava a ser levada pelo rio da noite para o dia.

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Cansado desta dor de cabeça que a ponte lhe estava causando, o general decidiu usar de um corpo humano como oferenda na prática do Hitobashi para a construção definitiva da ponte. Um homem foi colocado e enterrado vivo no leito do rio, logo abaixo desta ponte. Pelas graças do Hitobashira (assim acreditam eles), esta ponte durou por mais de 300 anos. E quando uma reforma precisou ser feito, muitos tinham medo de passar por perto da área com medo de ser preciso uma nova oferenda para a reforma da ponte Matsue Ohashi.

Por último, não há de fato provas científicas que realmente comprovem a existência do Hitobashira, porém em Hokkaido, foram encontrados vestígios de crânios e ossos humanos dentro de túneis e pontes. Em 1968, durante a reforma do túnel Jumon, construído em 1914 para dar acesso à llinha ferroviária Sekihoku Line, os operários encontraram esqueletos humanos empilhados e cerrados no interior destas muralhas. Assim como grande quantidade de ossos foram encontrados ao redor deste túnel, após uma busca mais especializada ao resgate de possíveis provas que confirmem a prática do Hitobashira.

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Enfim pessoal, este foi mais um texto no NSV para falar sobre lendas urbanas que circulam pelas terras nipônicas. Gostou? Quer mais? Comente aqui em baixo!