Em Nomadland, após o colapso econômico de uma cidade empresarial na zona rural de Nevada, Fern (Frances McDormand) faz as malas com sua van e parte na estrada explorando uma vida fora da sociedade convencional como uma nômade moderna
O grande vencedor do Oscar desse ano. Levou o prêmio nas categorias Melhor Filme, Melhor Atriz e Melhor Direção. Chloé Zhao, inclusive, se tornou a segunda mulher a receber esse prêmio.
CONTEXTO HISTÓRICO
Para entender melhor o filme, precisamos entender o que estava acontecendo nos EUA. A Grande Recessão decorreu do colapso do mercado imobiliário dos Estados Unidos em relação à crise financeira de 2007-2008 e à crise das hipotecas.
A personagem Fern, então, sem ter aonde morar, decide virar nômade. Sua vida consiste em ter empregos temporários e vagar por diversas cidades. Sem ter um lar fixo, ela conhece diversas pessoas pelo caminho. Experienciamos a vida nômade através de seus olhos e também de outras pessoas que estão nessa mesma situação.
A solidão é grande e é uma vida melancólica, mas também de diversas amizades e conexões pelo caminho. Fern perdeu o marido e vive sozinha em seu trailer. Mas também possui diversos conhecidos e cria amizades que se encontram, desencontram e reencontram de novo durante a vida na estrada.
Isso é muito bem representado pela fala de um personagem que diz que ele pode se despedir das pessoas, mas que em algum momento eles se reencontrarão. Isso vale também para as pessoas que perdemos durante a vida.
PESSOAS REAIS
A grande sacada de Nomadland e um destaque da direção de Chloé Zhao é o fato de o filme usar pessoas reais e não atores profissionais para contracenar com Frances McDormand. O filme é de uma realidade incrível, poderia até ser um documentário sobre essas pessoas.
Dirigir pessoas reais não é algo fácil, ainda mais pessoas que não tem experiência com atuação. Combinar isso com uma atriz habilidosa requer muito cuidado e atenção.
O fato de o filme mostrar muitas histórias reais e simplesmente documentar a vida de Fern na estrada, o filme pode parecer não ter história. Mas tem. Só é um filme que não tem início, meio e fim definidos. É simplesmente um recorte da vida de Fern e um vislumbre do que pessoas nômades reais passam.
Junto de pessoas reais e não atores, a atuação de Frances McDormand se destaca e ao mesmo tempo se mescla com as “atuações” das pessoas que estão em cena com ela. A atriz, inclusive, passou um tempo isolada, fora dos holofotes, para se preparar para o papel. Algo que é possível notar em sua atuação. É de uma verdade incrível e de uma melancolia que nos atinge muito. O grande destaque do filme é mesmo a atuação e direção, mas também tem uma fotografia muito bonita.