Adoráveis Mulheres – Um novo olhar para um clássico

Hoje vim falar sobre uma história que já rendeu várias adaptações cinematográficas (oito no total): Adoráveis Mulheres. O livro que deu origem ao filme se chama Little Women, da escritora Louisa May Alcott, e foi lançado no Brasil com o nome de Mulherzinhas.

Adoráveis Mulheres é um filme do gênero de drama, lançado em 2019, dirigido e escrito por Greta Gerwig (Lady Bird). O elenco é de peso, contando com Saoirse Ronan (que interpreta a personagem principal, Jo), Emma Watson (Meg), Florence Pugh (Amy) e Eliza Scanlen (Beth). Além disso, o elenco ainda conta com Timothée Chalamet (como Laurie) e uma participação de Meryl Streep (como a tia March).

©Sony Pictures

Nos anos 1861, na Nova Inglaterra, durante a Guerra Civil Americana, a história foca em uma família composta de quatro irmãs e sua mãe (Laura Dern) e o pai da família (Bob Odenkirk), que está lutando na guerra. O filme foca na vida adulta das irmãs e as dificuldades que as mulheres passavam naquela época, principalmente porque é esperado das irmãs que elas se casem e nada mais, apesar do todas elas possuírem talentos distintos. Jo é uma grande escritora, Beth toca piano, Amy é pintora e Meg gosta de atuar, mas, apesar de elas possuírem essas paixões, era difícil que elas conseguissem sucesso naquilo que gostavam de fazer. Somente os homens tinham oportunidades e o filme explora isso muito bem, sem ficar repetitivo.

O filme começa em 1868, mostrando Jo tentando vender um de seus escritos para um editor de um jornal e o que ele diz dá o tom do filme e muito do que é trabalhado na história. Ele diz: “você tem que fazer a personagem casar. Ou morrer. Um dos dois”. Jo é resistente e tenta desde sempre ir contra as “regras” da sociedade da época. Ela é persistente e muito determinada, o que faz de Jo uma pessoa cativante de se acompanhar. A atriz Saoirse Ronan está muito bem no papel e é ótima como personagem principal do filme, o que lhe rendeu uma indicação ao Oscar muito merecida. Esse filme marca também a segunda parceria da atriz com a diretora Greta Gerwig. As duas haviam trabalhado juntas em Lady Bird.

Além da atuação de sua atriz principal, o resto do elenco também está muito bem em seus papéis e as cenas são muito dinâmicas, o que é um ponto forte na direção de Greta Gerwig. As irmãs March tem uma forte ligação e isso é passado para o público de maneira muito verdadeira, mostrando o carinho e também as dificuldades de relacionamento entre as irmãs que, apesar de unidas, tem personalidades completamente diferentes. Amy e Jo tem um temperamento forte o que faz com que as duas briguem bastante, enquanto Meg é a mais centrada e Beth a mais quieta. Esse choque de personalidades faz com que o público crie uma ligação com as personagens e se importe com o que acontece com elas.

Greta Gerwig também se destaca pelo roteiro escrito por ela, que recebeu uma indicação ao Oscar por Melhor Roteiro Adaptado. A diretora mudou algumas coisas quando passou a história do livro para o roteiro, o que fez com que o filme ficasse mais atual e funcionasse da melhor maneira possível para as telonas. É triste, porém, que a diretora não tenha sido indicada ao Oscar de Melhor Direção, algo que acho que ela merecia muito, pois a diretora conseguiu fazer uma adaptação com bastante atenção e carinho, já que ela se diz muito fã do livro.

©Sony Pictures

Algo que se destaca ainda mais na produção do filme é a montagem. As cenas são muito bem encaixadas e o salto de tempo, indo do passado para o presente, transitando do ano de 1861 e 1868 faz com que o ritmo do filme fique muito mais dinâmico, o que acho que foi uma escolha certeira. A montagem faz com que a história contada não fique cansativa. O paralelismo criado também é algo importante, mostrando cenas que tem ligação uma com a outra, como, por exemplo, quando Jo acorda e encontra Beth recuperada de sua doença. Essa cena é mostrada em paralelo com a cena em que Jo acorda e descobre que Beth morreu. A carga dramática se intensifica e o impacto sentido é grande.

Fora isso, a fotografia também ajuda a marcar a diferença de tempo entre uma cena e outra, as luzes e cores usadas para o presente e o passado são diferentes e marcantes, vezes pelas cores quentes e outras vezes pelas cores mais frias, em tons de azul, por exemplo. Outro ponto forte de Adoráveis Mulheres é seu figurino, que levou o Oscar nessa categoria.

É sabido que, quando uma história já possui várias adaptações cinematográficas, uma nova versão pode se mostrar cansativa e, por vezes, desnecessária. Mesmo assim, é óbvio o sucesso que essa versão de Adoráveis Mulheres fez. É preciso dar esse mérito a Greta Gerwig por uma (quase que) impecável adaptação dessa adorável história. Posso dizer, com certeza, que espero ansiosamente pelo próximo filme da diretora.