Abe – Uma mistura de sabores

Abe

Abe é um filme de 2019 dirigido pelo brasileiro Fernando Grostein Andrade e estrelado por Noah Schnapp (o Will de Stranger Things) e Seu Jorge. O filme é uma colaboração Brasil-Estados Unidos.

Abe, um menino de 12 anos, mora no Brooklyn, em Nova York, com a mãe judia de origem israelense e o pai palestino de origem muçulmana. O garoto, aprendiz de um chef de cozinha brasileiro, ama gastronomia e tenta usar desse artifício para manter sua família unida.

DIVISÃO FAMILIAR E CONFLITOS

Abe, além de estar em uma ideia difícil, tentando encontrar sua identidade, ainda se vê dividido pela diversidade de sua família. O filme todo é do ponto de vista dele, então mergulhamos a fundo em como o menino vê o mundo: através de sua grande paixão, a culinária.

Começando pelo seu nome, que tem variações dependendo do lado da família, ele se sente perdido. Mas desde o início o garoto está certo que se vê como Abe. Apesar de ter essa certeza, ele não sabe que lado de sua descendência explorar, se a muçulmana ou israelense. Não ajuda em nada que esses dois povos sempre se estranharam, o que gera vários conflitos entre seus avós.

Abe é leve, um filme divertido, bem sessão da tarde, mas que vai crescendo e conquistando quem assiste aos poucos. Apesar de não ser inesquecível, é sim um bom passa tempo, que vai deixar quem assiste com um sorriso no rosto quando o filme termina.

Apesar de tocar em temas difíceis, como os conflitos entre israelenses e muçulmanos, o filme não chega a ser dramático e sim leva tudo mais para o lado do humor.

©Blue Fox Entertainment

O BRASIL E SUAS MISTURAS

Procurando encontrar a mistura perfeita e uma forma de unir sua família, Abe acaba encontrando o chef de cozinha Chico (Seu Jorge). Chico está em Nova York e é especialista justamente em misturas culinárias. Acredito que foi um grande acerto fazer essa mistura no filme e mostrar a culinária do Brasil. Por que, afinal, que país seria mais misturado e cheio de culturas diversas que o Brasil? É a culinária perfeita para ser explorada no filme, além, claro, das culinárias da família de Abe. Ele tenta juntar tudo como uma forma de unir sua família. Cozinhar é, também, um refúgio para Abe e o que ele realmente ama fazer. Abe tem muito talento, mas precisa de uma direção.

Aí então que entra Chico. O personagem de Seu Jorge não é simpático de início, mas logo a relação dele com Abe vai se desenvolvendo. Primeiramente, ele não confia muito no interesse de Abe, um garoto branco. Mas, eventualmente, todos ao redor de Abe percebem que ele tem talento e o garoto vai amadurecendo. Nenhum outro personagem é aprofundado e por vezes o papel de Chico se mostra muito superficial, servindo apenas como uma forma de Abe avançar na história. Apesar disso, outro acerto é a trilha sonora cheia de músicas brasileiras.

Sem muitas dificuldades e um final feliz, Abe não se mostra muito complexo, mas entrega o que se propõe: um filme que explora a culinária e como ela pode servir como uma forma tanto de separar como de unir as pessoas.