A Garota Ideal – Alguém para todos amarem.

Este é um filme um pouco mais antigo, lançado em 2007, porém aborda um assunto bem delicado, a história de um rapaz chamado Lars (Ryan Gosling) que possui uma timidez extrema e isso o impede de manter relações mais íntimas com qualquer pessoa, isso até ele encontrar a garota ideal. Ela causa uma grande mudança em sua vida e na vida de todos da pequena cidade onde vive. Com uma sensibilidade incrível, o Diretor Craig Gillespie, consegue extrair uma história linda de empatia e solidariedade

Lars é um rapaz tranquilo e muito educado, que vive na garagem de seu irmão e possui um grande apreço da sociedade, principalmente da jovem Margo (Kelli Garner), que demonstra desde o início que possui interesse no jovem. No entanto, ele está sempre sozinho e com uma dificuldade imensa de permitir que outras pessoas se aproximem, seu estilo recluso é tão extremo que até mesmo seu irmão Gus (Paul Schneider) e sua cunhada Karin (Emily Mortimer), têm dificuldades para interagir com ele.

A surpresa acontece quando Lars anuncia para Gus e Karin, que recebeu uma visita e que gostaria de apresentá-la. Fez diversas recomendações, pois se tratava de Bianca, uma moça missionária, religiosa e que possuía uma deficiência e por isso precisava de cadeira de rodas. Imediatamente eles concordam e ficam até empolgados com a história, mas o que eles não esperavam é que a moça na verdade fosse uma boneca sexual feita de silicone, que Lars encomendara pela internet.

A história seria cômica se não ficasse tão evidente que isso se tratava de um sério transtorno psicológico. Preocupados, Gus e Karin convencem Lars que Bianca precisa consultar um médico, para ter certeza de que está bem. Na verdade, foi uma artimanha utilizada para fazer com que Lars consultasse uma psiquiatra, Dra. Dagmar (Patrícia Clarkson), que percebe a situação e resolve continuar com a suposta farsa e ainda pede a colaboração de todos.

 

Seu irmão se preocupa que tudo isso vire uma piada, mas ao mesmo tempo se culpa por ter saído de casa tão cedo e abandonado o irmão, mas para a surpresa de Gus, todos entendem a situação de Lars e resolvem cooperar, acolhendo a boneca Bianca na comunidade e a tratando como uma pessoa real. Isso permite que Lars tenha uma vida social bem mais agitada e que Bianca também receba uma agenda bem movimentada. Paralelo a isso, a Dra. Dagmar aproveita as sessões de Bianca para continuar o tratamento de Lars.

Uma situação bastante peculiar é o fato dos diálogos e problemas referentes a vida de Bianca serem um reflexo dos pensamentos e experiências vivenciadas pelo próprio Lars, em alguns momentos o casal chega a ter discussões e brigas que são presenciadas e discutidas com ele através de outras pessoas. É notável o quanto esta atividade beneficia a vida de Lars, faz com que ele reflita sobre a vida e sobre como viver em sociedade. Para o final do enredo, Lars decide que o problema médico de Bianca é muito sério e ela não irá resistir, sendo assim, seu fim está próximo.

Após a morte de Bianca, Margo se aproxima novamente de Lars, que se apresenta agora bem mais receptivo. O filme todo é bem parado, mas a história é envolvente o suficiente para manter o interesse na trama. Outro ponto interessante é ver como a comunidade inteira se comporta de maneira empática e ensina a todo espectador como se colocar no lugar do próximo. A atuação de Ryan é maravilhosa, e o roteiro, lindo. Mesmo sendo um filme mais antigo é extremamente atual em sua abordagem. Com ele entendemos a importância que deve ser dada à saúde mental, a respeitar o doente mental e ter empatia. Realmente, vale muito a pena conferir.