Shigatsu wa Kimi no Uso – As 7 cores da sinfonia traz o brilho à uma vida monótona

Por muitas das vezes andei refletindo sobre o propósito por traz de um dos animes de drama e musical mais falados nesta ultima década. Shigatsu wa Kimi no Uso tocou o coração de muitos e sempre consegue arrancar fortes emoções daqueles que pegam alguma cena para relembrar. E foi aí que pensei sobre o verdadeiro propósito de Shigatsu — afinal, o que esta obra quis nos mostrar? — e é com esta pergunta que abro o texto de hoje. Eu sou o Vulpixs e sejam bem vindo a mais um texto reflexivo no NSV – Mundo Geek.

Tentando atingir diferentes perspectivas

Primeiro de tudo quero deixar bem claro que esta matéria abordará sobre os eventos da história como um todo, portanto se você não assistiu ao anime ou leu o mangá, os spoilers serão por sua própria conta e risco.

Shigatsu wa Kimi no Uso (Your Lie in April) é um drama musical que mexeu com muita gente por causa do rumo que a história seguiu. Um rumo triste. Ou… Ou será que nem tão triste quanto nós pensamos? Durante esses 5 anos que se passaram desde a conclusão da história, sempre volto a refletir e a me perguntar por quantas interpretações diferentes eu conseguiria enxergar sobre o final de Shigatsu. O que eu conclui com isso é que são infinitas possibilidades.

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Para alguns, um final é um final. Eles não estão errados em pensar desta forma, mas todas as histórias, sem exceção alguma, têm o objetivo de transmitir uma mensagem. Essa mensagem pode variar de pessoa para pessoa já que ninguém é igual a ninguém e todos temos formas diferentes de absorver informações e de tirar conclusões. Além disso, o momento no qual se está passando pela vida também pode mudar a perspectiva da assimilação com a devida experiência.

Uma carta. um sentimento… Uma despedida

No mais claro que temos sobre a mensagem final é da carta de Miyazono Kaori sobre seus verdadeiros sentimentos e também da revelação da tal “mentira em abril”. A imersão pra dentro da história se torna tão pesado após as revelações dadas pela carta, que fica até difícil de não se emocionar. Quando pensamos em Shigatsu, acredito que o que nos vêm a mente é a famosa mensagem de despedida para o protagonista Arima Kousei.

Esta carta traz as mais sinceras palavras da jovem violinista que já havia deixado este mundo. Por mais jovem que fosse, por mais triste que fosse, Kaori conseguiu partir sem deixar arrependimentos ou sentimentos pendentes. Tudo o que precisava ser revelado ao remetente estava lá.

Em uma despedida, a enfraquecida Kaori conta sobre sua mentira para poder se aproximar de Kousei, aquele a quem tanto admirava. Sua mentira foi — Eu, Miyazono Kaori, gosto do Watari Ryouta — e foi esta mentira, no mês de abril, que trouxe Arima para perto dela. Em sua carta, se desculpa dezenas de vezes, mas ao mesmo tempo debochando do quanto o garoto era bobinho. Ela até queria ter entrado normalmente no grupinho da amizade de Arima, Tsubaki e Ryouta; mas este grupo era fechado demais para um 4º integrante.

Começa a se lembrar dos bons e curtos momentos que passou com o Kousei, além de lhe deixar vários avisos que mais pareciam uma ordem “não vá me esquecer”, “não vale apertar o botão de reset”, “acha que eu consegui morar no seu coração?”. E por fim para terminar a carta com a cereja do bolo, um “obrigado” e “eu te amo”.

A cena casa muito bem no emocional ao somar com a música “kirameki” do primeiro tema de encerramento na versão acústica. Eu tenho certeza que muitos se emocionaram como eu me emocionei. É algo que ficará marcado dentre os maiores dramas animados. Sua mensagem com esta carta retrata muito bem de não deixar para trás algo com que você possa se arrepender no futuro. Se está com dúvida, vá lá e faça. Parece clichê, mas quando a frase é bem trabalhada como Shigatsu conseguiu fazer, está frase acaba encaixando perfeitamente — Prefira se arrepender de ter falhado do que se arrepender de nunca ter tentado.

As 7 cores da sinfonia traz o brilho à uma vida monótona

Em minha primeira experiência com o anime, foi exatamente com esta frase que identifiquei a proposta de Shigatsu wa Kimi no Uso — As 7 cores da sinfonia trouxe de volta o brilho à uma vida monótona — O interessante disto é em poder assemelhar com o nome da segunda abertura do anime “A Sinfonia das 7 cores” que demonstra bem sobre as duas palavras mais importantes desta obra: Cor e Música. Por todos os episódios estamos envolto destas duas bases, a música por ser o gênero e plot central da história, e a cor por representar os sentimentos dos personagens da trama.

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A música em Shigatsu retrata mais do que um simples gosto pela arte sonora. Ele retrata sobre sentimentos, vida, decisões, destinos, traumas, depressões e virtudes; estes 7 itens fazem parte do que é a música em Shigatsu para  nosso protagonista Arima Kousei, que passa por um sentimento de apatia gerada por um trauma e depressão causado pelas suas decisões da vida, no qual teve sua virtude transformada em nada, como se fosse uma “punição” do destino.

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Kousei sempre se culpou pela morte de sua mãe, ou pelo menos por achar que agravou os últimos momentos de vida dela. A maior dor para ele é de não poder ter se despedido de uma forma apropriada. Sua mãe era muito rigorosa para lhe fazer se tornar o pianista número 1, em fazer o filho alcançar o sonho que ela jamais conseguiu na sua carreira. O menino já não tinha mais sentimento algum nas músicas em que tocava, tanto que ganhou o apelido de “metrônomo” pelos jurados.

Se alguém me perguntar qual versão eu recomendaria entre o mangá e o anime de Shigatsu, sem sombras de dúvidas eu diria anime. Além do mangá não poder representar a música sem ser por gravuras e texto, o preto e branco não é o suficiente pra mostrar as beldades que ele tem a oferecer. As cores são muito definidas para cada parte da história. O começo do anime é carregado de cores quentes como: vermelho, laranja e amarelo; unicamente para reproduzir a energia que Kaori esbanja com a sua forma de lidar com as situações do cotidiano. Por um outro lado, na segunda metade do anime já denotamos uma mudança com cores mais frias tocados pelos tons de azul e cinza. O que novamente representa a vida da nossa protagonista feminina.

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Ao final, as cores representativas nesta conotação se adere unicamente à Kaori, porém tudo isso é montado para que possa ser transferido para o nosso protagonista Arima Kousei. Muitas das vezes enxergávamos pelo ponto de vista de Arima. E o que víamos através do olho dele? Pois é, um mundo cinza e sem vida. A minha compreensão sobre esta forma de enxergar Shigatsu se dispõe de mostrar o quanto a Kaori conseguiu mudar a vida do Kousei… Ou melhor, de como ela trouxe DE VOLTA às cores para a vida do jovem pianista.

A missão de uma estrela cadente

Em pensar e repensar sobre o trajeto que Shigatsu teve, consegui analisar por um outro aspecto que até posso ser considerado como um lunático. Se eu disser que a Miyazono Kaori é como uma estrela cadente, vocês depositariam suas fichas nessa minha perspectiva a respeito da personagem? Calma, eu vou explicar!

E o que nós sabemos no mais leigo possível sobre o conceito de estrela cadente? Que ela é um meteoro que entra na atmosfera da Terra e deixa rapidamente uma luz no céu noturno. Segundo, quando uma pessoa vê uma estrela cadente, logo tenta fazer um pedido para que possa ser realizado. Simples.

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Se pararmos para refletir sobre o tempo que Kaori permaneceu ao lado de Arima Kousei na história, não durou nem 1 ano completo já que eles se conheceram na primavera (abril) e a história finaliza com a aproximação da primavera do ano seguinte, muito perceptível na última cena do anime em que Kousei diz “A primavera chegará logo. A estação em que eu a conheci está chegando. Uma primavera sem você… Logo chegará”.

Além do tempo, podemos ver no quanto a Kaori sempre tentou mostrar ser reluzente e despreocupada com o seu sorriso no rosto, assim como uma estrela que ofuscasse tudo em sua volta. Alguém aqui lembra da musiquinha de criança que é tocada várias vezes no longo da história, principalmente pela própria Kaori? Pois sim, “Brilha brilha estrelinha”. A música é composta por 2 estrofes que se repetem várias vezes.

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Twinkle Twinkle Little Star

(1)
Brilha brilha Estrelinha
Como eu me pergunto o que é você
  x2

(2)
Acima do mundo tão alto
Como um diamante lá no céu
  x2

Isso me parece tanto uma frase pronta perguntando para Kaori sobre o que ela é, o que ela quer se tornar e o que fará para tornar esse desejo tão inalcançável em algo acessível. E ao juntarmos todas essas peças, notamos que Kaori entrou de uma maneira espontânea na vida de Kousei — sem nem tirar os sapatos — deu a ele um novo sentido para a vida. Uma nova razão para voltar a tocar piano. E por fim, desaparecer sem deixar vestígios. Ou nem tão sem vestígios assim, afinal Miyazono Kaori morará eternamente dentro do coração de Arima Kousei.

Enfim pessoal! Este foi mais um texto reflexível aqui no NSV – Mundo Geek. Gostou? Comente e passe para aquele seu amiguinho que também derramou muitas lágrimas com este anime sensacional.