Rurouni Kenshin: O medo que congela até samurais!

Alerta de spoiler para quem não conhece Rurouni Kenshin!

Todo mundo sente medo de alguma coisa. Não sentir medo é algo fora do comum, falta alguma clareza. Bebês não sentem medo de cair do parapeito de um prédio de 20 andares, falta conhecer o medo para saber que não se anda de qualquer jeito no parapeito do prédio.

O medo é uma ferramenta poderosa quando usada a nosso favor, pois nos protege de situações que podem nos levar (no pior dos casos) a perder a vida. Contra nós, o medo nos paraliza e não tomamos decisões ou atitudes que precisamos para que as coisas aconteçam.

Hoje, falando especificamente de Rurouni Kenshin, quero lembrar de quando Kenshin vai até seu mestre, Seijuuro Hiko, pedindo para ensinar a técnica suprema. De maneira indireta, também pede ajuda para superar o retalhador que vive dentro dele.

O momento que o retalhador desperta é no momento da batalha ao jogar todo o medo de morrer para longe. Foi uma ação necessária que surgiu de todas as situações ele enfrentou. Quem enfrentou uma situação real de risco de vida sabe que a ação muda completamente nesse instante. Se não houver a prática do aqui e agora (be here now), não é possível encontrar ações.

 

O medo de morrer paraliza, o retalhador precisou se livrar disso para se salvar e ganhar inúmeras batalhas. Ao não se preocupar com a vontade de viver, ele se torna tão frágil quanto o bebê no prédio, mas ganha a concentração total da batalha. Eis o problema de ser um retalhador para este personagem, ele não valoriza a vida (a sua e a dos outros), mas sua técnica é suprema.

 

Kenshin que está no meio do furacão interno de sentimentos não percebe, mas o mestre percebe o que acontece na primeira situação. Assim começa o ensinamento base da técnica suprema: não é possível aprender a técnica suprema, Amakakeru-ryuu-no-hirameki, sem desejar viver.

Um samurai precisa agir, para isso não pode ser dominado pelo medo de morrer. A primeira forma que Kenshin encontrou para resolver isso, foi sem valorizar a vida. Ao mudar sua maneira de pensar e tomar ações para outro caminho e perceber que isso não é efetivo, ele paraliza novamente. O medo de voltar a ser quem não se quer mais, o medo de trilhar o mesmo caminho que ele decidiu não trilhar.

Esse medo é tal que não o deixa agir como ou quando ele precisa. Ele tem noção das consequências de suas ações, mas não percebe o que tem dentro dele que provoca isso. Foram anos agindo dessa forma. Como o mestre o ajudou? Colocou ele de frente com o medo que ele ainda enfrentava (e não percebia) e o que precisava ser feito ao mesmo tempo. Ele precisa viver!

Ele pode morrer, ele precisa entender isso para ver que ele VIVE! Assim ele passa a valorizar a vida em suas ações, o seu brandir de espada passa a ter outra força, que não vem do abandono da sua vida, que vem da sua vida!

Você precisa mudar a essência do seu pensar para superar a si mesmo. Encarando de frente seus medos.