O universo de animação japonesa possui seus vários gêneros onde os fãs conseguem se aventurar entre vários estilos de anime. Um desses gêneros acaba ganhando destaque por retratar as experiências quotidianas dos personagens, que é o slice of life. Assim, em busca de mostrar o dia a dia de um personagem, especificamente a rotina escolar, o anime Kimi to Boku leva esse gênero totalmente a risca, podendo agradar muitos espectadores pela sua proposta.
Kimi to Boku (tradução: Você e Eu) é um anime adaptado de um mangá escrito e ilustrado por Hotta Kiichi. A história mostra a rotina decinco amigos vivendo seus últimos anos do colegial, mostrando as relações desses amigos, tanto na época do jardim de infância, até atualmente. O anime foi produzido pelo estúdio J.C. Staff no ano de 2011 e contou com duas temporadas. As duas temporadas podem ser assistidas na plataforma da Crunchyroll.
Desse modo, Kimi to Boku segue a risca o gênero slice of life. É um anime episódico, que mostra problemas bem comuns de uma rotina de adolescentes em seu ensino médio. Portanto, quando assistimos essa rotina, sentimos a verossimilhança desses pequenos conflitos que os personagens vivem. É criado então uma empatia pelo espectador, tanto pelo enredo, como também pelos personagens, o que é então a maior proposta de um anime do gênero slice of life.
A força do slice of life
Falando um pouco mais sobre o gênero, slice of life demonstra o uso do realismo em experiências cotidianas em arte e entretenimento. No mundo dos animes e mangás, o gênero slice of life, muitas vezes se assemelha á um melodrama adolescente, mas também temos esse gênero presente em animes que mostram a rotina de trabalho de personagens.
Especificamente, em animes rotineiros escolares, como Kimi to Boku, podemos ter dois tipos de propostas de enredo: O primeiro, onde os personagens se envolvem em um problema central onde que, por mais que eles se envolvam em outros mini-conflitos (pequenos arcos), um problema central ainda cerca eles. Podemos dar o exemplo do anime Kokoro Connect, que trabalha com o conflito central do sobrenatural, ou até Hyouka, com o foco do clube de literatura. O segundo tipo de proposta pode-se caracterizar por animes slice of life que não possui conflitos nenhum. Desse modo, só acompanhamos temas que são retratados em um único episódio e Kimi to Boku trabalha com essa proposta.
A construção de personagem em Kimi to Boku
Em Kimi to Boku, a história consegue absorver situações básicas e banais de uma rotina escolar de uma forma singela. Acompanhamos então os cinco personagens principais, Shun, Kaname, os gêmeos Yuuki e Yuuta, e Chizuru, que chega mais tarde para o grupo. Os mesmos enfrentam problemas comuns que alunos podem conviver no ensino médio: amizades, inseguranças, primeiro amor e entre outros temas…
Assim, em muitos animes slice of life, um dos pontos mais importantes é a construção dos personagens na história. Não são todos os animes que necessariamente acompanhamos a construção de seus personagens, onde posso dar o exemplo de Tsuredure Children que já analisei aqui no site do NSV Mundo Geek. O anime não tem a necessidade de mostrar a evolução de seus personagens, e sim apenas situações de romance para o espectador criar empatia pelas pequenas histórias apresentadas.
Em Kimi to Boku, a construção de personagem é feita de uma forma muito leve. Primeiramente, um dos pontos mais fortes dos personagens são suas personalidades. Temos, por exemplo, o personagem Shun, que é mais tímido e fofo, amável com seus amigos. Kaname, o inteligente e “inquebrável”, mas se mostra sensível às vezes quando é retratado sobre seu primeiro amor. O mesmo pode-se dizer de Yuuki, que se mostra desinteressado com algumas coisas mas se comporta diferente, inclusive também sobre seu primeiro amor, surpreendendo tanto ele e nós. Yuuta, o outro irmão gêmeo, que é bastante popular, mas também tem suas preocupações com seus colegas. E por fim Chizuru, o personagem mais barulhento do grupo, mas também possui suas preocupações e se comporta de uma forma interessante ao tentar resolver seus pequenos conflitos.
Assim, por mais que não tenhamos um conflito central no anime, conseguimos ver os personagens crescendo enquanto o ano letivo vai terminando. Os pensamentos e comportamentos dos cinco personagens principais vão mudando e evoluindo, assim, trazendo a proposta clara da evolução desses personagens. Portanto, é preciso fazer esses personagens passarem por situações banais para conseguirem crescer.
É cansativo acompanhar a rotina de um personagem?
Necessariamente, a proposta de trabalhar uma rotina ao extremo não agrada muitos fãs de animes. Os fãs não estão acostumados a assistirem uma obra que possui um ponto de conflito central em seu enredo. Assim, ao assistirem Kimi to Boku,normalmente, muitos acabam estranhando a proposta, achando que o anime pode ser lento ou entedioso. No entanto, isso não verdade.
Desse modo, não é cansativo acompanhar esses cinco personagens em suas rotinas comuns. Criamos empatia por cada personagem. Seja por situações que são retratadas quando eles são crianças, no jardim de infância, ou até em momentos de seu ensino médio. Sentimos empatia pelos personagens e as situações mostradas pois podemos ter convivido em nossas vidas. Assim, retratar a rotina de um estudante no ensino médio chega até levar ao lado pessoal para o espectador, podendo ser uma experiência muito positiva. Assim, quando o espectador consegue criar essa empatia pelo enredo, o anime slice of life consegue atingir seu objetivo.