Você entende a dor de não poder tocar alguém que ama? Os personagens Gin e Hotaru de Hotarubi no Mori E entendem melhor do que ninguém o que é amar e não poder partilhar de seus sentimentos. Neste texto trago uma análise aprofundada sobre este filme de curta duração que arrancou lágrimas de muita gente.
Hotarubi no Mori E (A Luz de uma Floresta de Vagalumes) é originado do mangá shoujo de volume único, escrito por Midorikawa Yuki (mesma autora de Natsume Yuujinchou), publicado pela editora Hakusensha em julho de 2002. No ano de 2011, 9 anos após a publicação do mangá, a obra ganhou uma adaptação em um filme animado de 44 minutos.
A história nos apresenta Gin, um Youkai (ser espiritual) de aparência humana, e Hotaru, uma menina de 6 anos, doce e inocente que se perdeu na floresta durante a viagem para a casa de seu tio, no interior de uma cidade distante. Em uma reação natural de Gin por ser um espírito que não tinha maldade alguma em seu coração, decide ajudar Hotaru a encontrar a saída da floresta.
Já de começo, parece mais um anime qualquer de romance até que o drama se torna o ponto chave para todo o sentimento que carregamos com Hotarubi. A história se torna muito mais tensa ao lhe passar o plot central, em que Gin não poderia ser tocado por nenhum humano, pois caso contrário, o mesmo se desintegraria e desapareceria do mundo humano.
Não é preciso que o filme te diga mais nada para fazer você colocar as mãos na cabeça e dizer para si mesmo “isso não vai acabar bem”. Sim, o filme realmente já te dá de bandeja o final da história por ser algo muito previsível. Mas, não pense que este fator é um ponto negativo para a equação do sucesso de sua repercussão. Diria até que foi uma ideia brilhante da autora em nos jogar de cara e deixar tão explícito como a obra poderia ser finalizada.
Uma ideia brilhante? Claro que sim! As vezes precisamos parar de olhar somente o que tem a nossa frente e começar a olhar para os diferentes lados, afim de tentar entender a proposta de quem roteirizou uma narrativa. O que eu quero dizer com isso é que Midorikawa Yuki estava visando mostrar e nos fazer sentir a mesma dor e melancolia dos protagonistas dessa obra. E vamos ser sinceros aqui. Ela conseguiu fazer muito bem.
Prosseguindo na história, ao longo do filme, nosso medo com o final só vinha se tornando realidade a cada vez que nas férias de verão, Hotaru sempre voltara para ver seu amigo Gin, na floresta em que havia se perdido, quando tinha 6 anos. Todos os anos… Aos seus 7 anos. Aos seus 8 anos. Aos seus 9 anos. Aos seus 10 anos. E assim em diante. Mesmo que fosse por apenas uma semana no ano, era como se aquele momento junto fosse o mais precioso para ambos. 358 dias do ano separados que cada um deles pareciam durar uma eternidade, e 7 dias juntos que passavam em um piscar de olhos.
O anime é bem simplista em sua proposta e nunca te esconde nada. É tudo suave e a narrativa é muito bem trabalhada para que os pontos cruciais da evolução dos personagens sejam mostrado e dando ênfase no momento certeiro. De um lado temos a evolução natural de um ser humano que cresce, adquire conhecimento e vivencia as experiências da vida. Por outro lado temos a evolução espírita, onde o personagem Gin tenta entender sua existência e o real motivo por não poder ser tocado por um humano. Contudo, existe um sentimento que tanto Hotaru quanto Gin vem sentindo e acumulando cada vez mais. Sentimento esse chamado amor.
É justamente esta parte que pega o espectador. Quando você quer que os dois fiquem juntos, mas sabe que é impossível para eles. Um amor sem poder se tocar é algo tão cruel para Hotaru, mas muito pior para Gin que a única coisa para ele, era a própria Hotaru. A gente enxerga a dor da Hotaru e a avalanche de emoções dela quando em um devido momento da história, Gin tenta pega-la ao estar caindo de uma árvore. Felizmente ou infelizmente, Gin não estende as mãos por completo, pois se fizesse isso, ele sabia que desapareceria. Nossa protagonista nota o quanto sofredor é amar alguém e não poder tocar ou abraçar. Junto da personagem, você acaba se emocionando junto.
Todos já estavam esperando o final que abalasse o coração de ambos os personagens, mas não sabiamos em que momento da história chegaria, além da forma que seria trabalhada para o ápice da trama. Algo que achei um pouco mal trabalhado, foi a própria decisão da autora de fazê-lo tocar em uma criança humana qualquer, simplesmente por ter tropeçado. Ainda não acho que Gin se descuidaria tanto ao ponto de esquecer que não poderia tocar em um humano. Principalmente por estar em um festival da cidade.
Deixando toda essa parte de lado, levando agora ao emocional. A cena de despedia entre Hotaru e Gin é carregada de fortes emoções para ambos. Tudo o que sempre quiseram era poder sentir um ao outro em um abraço apertado. O triste é que o devido momento de felicidade durou como a velocidade de um meteoro passando pela Terra. Apenas um abraço e tudo se acabou. Exceto pelo sentimento de Hotaru por Gin que se eternizaria em seu coração.