Dynazenon: robô, luto e mudanças

Dynazenon

SSSS.DYNAZENON é a mais recente colaboração entre o Estúdio Trigger (responsável por animes como Kill la Kill, Promare e Little Witch Academia) e a Tsuburaya Productions (franquia Ultraman). Essa união já ocorrera antes, em 2018, com SSSS.GRIDMAN. Os dois animes es dentro do mesmo universo, mas são histórias isoladas, com seus próprios enredos e personagens.

Gridman de Hyper Agent (Denko Choujin Gridman, no original) é uma série de Tokusatsu que foi ao ar originalmente em abril de 1993. A série teve um destino bem parecido com ao dos Super Sentais indo para o ocidente na forma de Power Rangers. No caso de Gridman, a série americanizada foi chamada de Superhuman Samurai Syber-Squad (SSSS), que foi dublada e passou no Brasil.

A Trigger fez sua primeira homenagem a Gridman em 2015 na Japan Animator Expo, através de um curta metragem Gridman The Hyper Agent: boys invente great hero, dirigido por Akira Amemiya (que mais tarde seria o diretor de SSSS.Gridman de Dynazenon).

Não entrarei em spoilers sobre nenhum dos animes. Porém, devo ressaltar que SSSS.Gridman é um anime que tem um foco em seu enredo, no desenvolvimento da trama e de reviravoltas. Por outro lado, Dynazenon é um anime em que o enredo não é o principal, e sim o desenvolvimento dos personagens e em como eles lidam com seus problemas.

A trama de Dynazenon

Dynazenon não tenta esconder o que é, ele é bem direto ao ponto em muitas coisas que faz, não há uma grande reviravolta que transforma toda a percepção da série, ela diz que vai fazer algo e desenvolve isso.

Podemos dividir a maioria dos episódios numa primeira parte acerca dos personagens de seus problemas, e uma segunda parte sobre as lutas, a formação do robô gigante. Apesar disso, essa parte da ação é mais sucinta e menos interessante da série. O que não quer dizer que não seja bem-feito, mas não é o foco do anime e ele não perde mais tempo do que o necessário com isso.

Em Dynazenon acompanhamos Gauma (dublado por Daiki Hamano), um Controlador de Kaijus que não tem mais seus poderes e agora luta contra os monstros pilotando um robô gigante.

O drama do Gauma se baseia em sua crença de que uma certa pessoa, que lhe foi importante há muito tempo, está viva e quer reencontrá-la. Por causa dessa pessoa, ele traiu seus antigos companheiros, os Eugenistas de Kaiju, que são os vilões da série.

Gauma é o personagem do elenco principal que tem sua história diretamente envolvido com o desenvolvimento do enredo geral da série, mas vemos esse anime sobre o ponto de vista de Asanaka Yomogi (Enoki Junya), um jovem normal que está no ensino médio que encontra o Gauma esfomeado embaixo de uma ponte e lhe dá comida.

A trama do Yomogi de longe não é a mais importante ou a mais impactante do anime. Inicialmente, ela fica nebulosa, mas quando ele expõe seus problemas, ele mesmo admite que não é nada demais e é até meio bobo. O que é bem real, o mundo não é apenas feito de grandes dramas e muitas pessoas são impedidas de seguir em frente por “coisas pequenas”.

Exceto pelo Gauma, as tramas dos personagens são palpáveis para nossa realidade, como por exemplo: lidar com o luto de perder alguém próximo, não conseguir ir à escola por medo, não ver perspectiva de mudança na vida.

A destruição causada pelos conflitos não é ignorada ou magicamente somem, as consequências da batalha se mantêm e os personagens sabem disso. No episódio 2, uma das coisas feitas pelo Yomogi é visitar o local do confronto do primeiro episódio e ver o estado que se encontra.

É interessante ver como o elenco funciona em relação a serem o grupo que luta contra a força destrutiva dos Kaijus. Eles não têm um detector de Kaijus para saber quando terão de fazer um confronto, eles veem os noticiários e só após isso vão enfrentá-lo. Por outro lado, os vilões não criam os Kaijus, eles os controlam, e eles encontram os Kaijus para controlar e destruir tudo via redes sociais.

Os combates

A ação de Dynazenon está concentrada na parte da luta contra os Kaijus, os protagonistas utilizam quatro robôs que juntos formam o “Dynazenon”. As cenas transmitem dinamicidade, as lutas são cativantes, cada Kaiju é diferente e dá um contexto único a cada confronto. Porém, a problemática das lutas raramente está ligada a “um Kaiju muito poderoso, não conseguimos fazer nada” (acontece, mas muito pouco). A verdadeira dificuldade está no estado dos personagens, eles precisam lutas juntos e caso não estejam em sincronia, tudo vai por água abaixo.

Quando há a união dos robôs para formar o Dynazenon, os personagens dizem em voz alta “Combinação Dragão, Dynazenon”, e cada vez é diferente. Os personagens podem estar completamente fora de sincronia, um personagem está doente então fala mais baixo e lentamente. É uma das formas que o anime tem de mostrar o estado mental deles.

A cena da formação do Dynazenon nos primeiros episódios é fantástica. Não apenas a animação, mas começa uma trilha sonora de fundo, como se fosse um coral falando o nome do robô. Eu acho extremamente brega, mas é por isso que é tão incrível. Além das cenas de união e de novas formas do mecha serem um deslumbre visual.

Dynarex

Conclusão

Dynazenon é um anime muito divertido que merece uma chance, principalmente pelos fãs de tokustasu. Não é necessário ter visto o tokusatsu original da década de 90, nem o anime de 2018. Porém, existem referências que não vão ser entendidas se você não as ver. O que, por sua vez, não influencia no aproveitamento e entendimento da obra.

Você pode conferir SSSS.Dynazenon e SSSS.Gridman na Funimation.