Cells at Work: O quanto é necessário trabalhar para o bem do corpo humano?

Cells at Work

Sendo elogiado por cientistas e médicos, até pelo próprio Atila Iamarino,  biólogo e pesquisador brasileiro, o anime Cells at Work tornou-se popular após sua estréia no ano de 2018. Trazendo uma proposta totalmente diferente do que estamos acostumados, o anime consegue mostrar como funciona o trabalho das células de um corpo humano. Além desta proposta, conseguimos destacar outras mensagens que o anime traz para o espectador. 

Cells at Work, ou seu nome em japonês, Hataraku Saibou, é um mangá escrito e ilustrado por Akane Shimizu. A adaptação para anime foi feita pelo estúdio David Production. A história acompanha células antropomorfizadas de um corpo humano, com os dois principais protagonistas, sendo um Glóbulo Vermelho e um Neutrófilo. A série ainda possui um spin off chamado Cells At Work Code Black, que também ganhou uma adaptação para anime no ano de 2021 e está sendo lançado com a segunda temporada da série principal.  O anime pode ser assistido na Crunchyroll, Netflix e até na Funimation, o serviço encarregado de lançar semanalmente os episódios da segunda temporada de ambas as séries. 

Analisando então a primeira temporada do anime, junto com as estreias deste ano de 2021, Cells at Work, além de mostrar de uma forma criativa então sobre a funcionalidade do corpo humano, temos mensagens sobre o propósito de um trabalho, o quanto precisamos sacrificar pelo bem de um bem maior, ou seja, pelo bem do corpo humano?   

A construção das células para o roteiro

O roteiro de Cells At Work é bem episódico, ou seja, os conflitos conseguem ser resolvidos em menos de um episódio, às vezes se estendendo para mais episódios, como estamos vendo nessa segunda temporada do anime e em seu spin off.  

Assim, o interessante de se analisar em Cells at Work é como é construído a história e os princípios dos personagens com base nas caraterísticas de uma célula real. Temos por exemplo então os Glóbulos Vermelhos, que sempre estão levando oxigênio para o corpo humano, ou também os Glóbulos Brancos, ou Neutrófilos, que sempre estão trabalhando pela defesa do corpo humano.  

Agora, analisando a construção dos personagens, os mesmos não possuem uma grande profundidade, não sendo um problema, já que a proposta do anime não é essa. No entanto, as células antropomorfizadas possuem de certa forma um lado cômico, personalidades construídas para servirem de alívio cômico. Então temos as Plaquetas que são garotas “fofas”. Também temos a Célula Vermelha, que é atrapalhada entregando os oxigênios e sempre está em perigo, os Glóbulos Brancos também, que possuem “um clima” de assassinos atrás de vírus e bactérias….

Sobre a demonstração dos personagens e algumas outras questões, temos a forma roteirizada, como já analisamos, que o anime dá características e funções para a células, que são assemelhadas a uma célula real que, ao assistir o anime, conseguimos entender. Mas também temos uma forma mais explicativa de comentar alguns pontos, como explicação de doenças, bactérias e outras funções das células. Às vezes temos um narrador que conta certas funcionalidades para o entendimento do público. Em outros tipos de série, esse tipo de saída muitas vezes não é interessante,mas como a proposta de Cells at Work é trazer o entendimento das células, a narração funciona para um entendimento mais fácil.

Os contrastes dos dois animes 

Essas características pessoais de cada personagem também são mostradas nas células do anime Cells at Work Code Black. No spin off, acompanhamos um organismo afetado por estresse, álcool e tabaco e assim, vemos as células tentando dar o seu melhor para o corpo. Então, ao analisar a construção dos personagens em ambos animes, por mais que as motivações pareçam iguais, elas são trabalhadas em dois cenários totalmente diferentes, um corpo que parece naturalmente saudável, e outro que está desgastado pelo estresse e consequentemente, por outras doenças. 

Então, no spin off Code Black, não temos plaquetas que são totalmente “fofas”. Elas são duronas e tratam os outros com certa grosseria. Neste corpo também, os Linfócitos T, que possuem a função imunológica de efetivação de respostas antivirais, se demonstram mais sérios e bravos, em relação às células do anime original. No entanto, as células que mais se caracterizam pela construção são as principais já citadas, o Glóbulo Vermelho e o Branco. Ainda mais os dois protagonistas, os Glóbulos Vermelhos, ambos possuem um forte ideal da importância de trabalhar para o bem do corpo humano. 

A questão do trabalho

Assim, uma das questões mais importantes para ambos os animes que é debatida é a questão do trabalho. Quanto é preciso trabalhar para o bem do corpo humano? Em Code Black, esse tema é muito mais debatido já que o indivíduo não parece trazer melhoras, querendo constantemente beber e fumar, o que traz certo desânimo para as células presentes no corpo. As células começam a questionar se realmente precisam trabalhar já que este corpo parece fadado a morrer a qualquer momento.

Ao mesmo tempo, temos células que buscam trabalhar muito mais para que isso não aconteça, que é no caso do protagonista, mas que leva seu trabalho ao limite até o momento de não aguentar.  Outra questão debatida é a função de cada célula, “a única função que posso fazer”, o que fala muito o Glóbulo Vermelho de Code Black. Nenhum trabalho pode ser visto como inútil no corpo humano, cada função é importante para a funcionalidade do corpo. Esses temas e ideais debatidos são muito interessantes de acompanhar, ao ponto de trazer esse debate ao nosso estilo de vida. 

Portanto, mesmo que Cells at Work traga a proposta de demonstrar a funcionalidade das células em um corpo humano, seja ele saudável, ou não, ainda temos outras questões que são debatidas e que não podemos deixar de notá-las. Mesmo se tratando de células, podemos trazer essas questões para nossa vida pessoal, assim entendendo melhor como estes personagens se sentem ao trabalharem tanto por um “bem maior” e coletivo.