A nova produção da Netflix está prometendo ser uma verdadeira sensação, Resgate estreou no final do mês de abril, 2020, e já é um sucesso. O desenvolvimento frenético e suas cenas de ação deixa o telespectador vidrado e empolgado para descobrir como a trama inteira vai acabar. Para aqueles que ainda não assistiram vale a pena conferir, e para quem já assistiu fica o gostinho de quero mais.
A história do filme é baseada nos quadrinhos Ciudad, de Ande Parks e os irmão Joe e Anthony Russo, porém a trama original acontece em Ciudad del Este, Paraguai, fato que dá nome para nome a obra e, a pessoa a ser resgatada é na verdade uma menina, filha de um traficante brasileiro.
A trama se inicia em Mumbai, Índia, quando o filho do maior traficante da região é raptado e levado para Dhaka, Bangladesh, a pedido do traficante rival e neste momento já é possível perceber que a história abordará críticas polêmicas e não vai hesitar em utilizar cenas impactantes e distribuição de violência gratuita.
Ovi Mahajan (Rudhraksh Jaiswal) é um adolescente comum, exceto por ser filho do rei do tráfico Ovi Mahajan Sr (Pankaj Tripathi) que se encontra preso. Após receber um convite, Ovi encontra seus amigos em um Club da cidade e, como uma rebeldia jovem, acabam saindo para experimentar um baseado, neste momento são abordados pelas autoridades corruptas locais que, de maneira explicita, executam um de seus colegas e o raptam, a pedido de Amir Asif (Priyanshu Painyuli) rival de seu pai e considerado o Pablo Escobar de Dhaka (em termos de poder, não de popularidade).
Saju (Randeep Hooda) empregado de confiança de Ovi Mahajan Sr, transmite as condições do resgate (que são exorbitantes) para ele na cadeia, que sem outra alternativa resolve contratar uma equipe de mercenários para resgatar seu filho, o escolhido é Tyler Rake (Chris Hemsworth) que sem grandes propósitos na vida acaba aceitando a missão suicida. Neste ponto é perceptível a alusão crítica sobre o poder dos criminosos, que mesmo presos ainda comandam suas facções.
Com um prazo curto de apenas 16 horas, o roteiro introduz as qualidades do herói solitário Tyler, que se encontra com os raptores para uma negociação, claro que nada dá certo e começa uma das melhores sequências de cenas de ação atualmente, em um determinado momento o filme chega a estabelecer aproximadamente 12 minutos intensos de pura porradaria e tiros, e assume esta abordagem como característica, nos deixando presos para os acontecimentos futuros.
A extradição do garoto quase dá certo, mas então ocorre a intervenção de Saju, que ataca Tyler a mando de Ovi Sr e, tenta recuperar o garoto por conta própria não cumprindo sua parte no trato estabelecido junto aos mercenários, após Tyler fazer o serviço sujo. Isso demonstra que como todo bom criminoso as intenções nunca são as apresentadas. Os mercenários sugerem encerrar o trato, porém Tyler se recusa a abandonar o garoto, coloca uma carga emocional no filme e tenta desesperadamente salvar os dois de uma cidade inteira que os quer morto.
Mesmo com a ajuda das autoridades (neste caso, trata-se de exposição aberta mesmo sobre a corrupção dos agentes da lei) e de seus próprios homens Amir Asif não consegue recuperar o garoto e resolve fechar a cidade. Tyler pede ajuda para um antigo companheiro que mora em Dhaka, Gaspar (David Harbour) e que lhe deve um favor após Tyler salvar sua vida, porém a cabeça do garoto está a prêmio e Gaspar, cego pela ganância, acaba traindo-os e tenta matar Tyler, o garoto salva os dois.
Já sem saída Tyler pede ajuda a Saju (uma atitude que mesmo sendo clichê, nos faz torcer por um final feliz) e a sequência de acontecimentos que ocorre após isso é angustiante, a colocação de um obstáculo tão simples, simplesmente atravessar uma ponte, contrasta com a dificuldade de execução e desde helicópteros, até atirador de elite são incluídos nesta travessia, Saju e Tyler dão tudo de si e finalmente conseguem resgatar o garoto, mas não sem um alto custo.
A conclusão da história não deixa tudo claro, Amir Asif é punido por consequência de seus atos e os mocinhos (que na verdade não existem) conseguem atingir seus objetivos. O filme, mesmo possuindo um roteiro simples e direto, deixa várias lacunas que permitem a execução de novas produções, intenção clara dos produtores, principalmente Joe Russo, que já confirmou uma sequência, mas não informou como ela ocorrerá.
Um filme empolgante, com cenas fortes de violência, maus tratos e utilização de crianças para fins ilícitos, utilização de apelos emocionais, histórias secundárias e superação. O filme te deixa numa atmosfera de games em primeira pessoa, sempre com a sensação de que a qualquer momento acontecerá um “mission failed”.