Inspirado nas obras de arte de Simon Stålenhag, nova série da amazon usa reviravoltas da ficção científica para abordar histórias pessoais simples e emocionantes.
Sinopse: As aventuras dos habitantes de uma cidade que existe acima do “The Loop“, uma máquina construída para descobrir e explorar os mistérios do universo. Assim, as pessoas são capazes de fazer coisas que, até então, só existiam no mundo da ficção científica.
Nova série da Amazon produzida por Matt Reeves, é baseado no livro de arte de Simon Stålenhag e no jogo de mesa de mesmo nome, a série se passa em uma versão alternativa da década de 1970 nos EUA. Em uma pequena cidade de Ohio situada acima do que é chamado de O Loop.
Basicamente, esse Loop é um centro de física experimental que descobre os mistérios do universo. Por sua vez, os habitantes dessa cidade estão sujeitos a alguns acontecimentos alucinantes.
A série exibe um aroma futurista semelhante aos de muitos episódios de Black Mirror, mas é uma visão mais retrofuturista. Vemos robôs e tratores, viajantes do tempo, grandes campos de fazenda, todos entrelaçados em visuais suaves que lembram uma pintura a óleo.
A abundância de tecnologia em exibida na tela se intercala com histórias sobre como navegar por toda a estranheza dos acontecimentos, que acaba sendo misturada sobre o significado do que é ser humano, ou não humano.
No entanto, há um coração nesta série da Amazon que não se propõe a abalar os telespectadores, seus acontecimentos chocantes e aterrorizantes são suavizados a um ponto de não sentirmos o impacto dos dramas contados. Dessa forma, Contos do Loop não mergulha em contos de advertência sobre a tecnologia, como costuma fazer o Black Mirror mas numa maneira mais reflexiva.
O primeiro episódio da série define seu ritmo tão qual seu enigmático narrador, que declara logo nos primeiros segundos: “todos na cidade estão conectados ao loop de uma maneira ou de outra. Você ouvirá todas as histórias deles com o tempo”.
Ao longo de cada episódio, o programa vai usando sua ficção científica para explorar temas mais amplos, o episódio seis que mergulha na vida pessoal de um guarda de segurança estranho, adentrando em sua obsessão e luxúria o que nos levam a uma situação envolvendo infidelidade e universos paralelos.
Uma dos grandes acertos do programa é o seu formato de antologia. A série passa cada um de seus oito episódios focados em diferentes personagens dessa pequena cidade de Ohio que vivem na sombra do Loop ou trabalham nele. Mas não se engane, cada história individual contada é conectada pelo Loop.
Os personagens do programa não ficam chocados ao tropeçar em um robô na floresta ou na neve caindo de repente. Essa mistura do extraordinário ao meio da realidade foi o que tornou as obras de arte de Stålenhag tão atraente.
Robôs gentis, estranhos, inúteis ou sonolentos estão espalhados pelo cenário frio, influenciando todas as vidas na cidade.
A fotografia da série é absolutamente deslumbrante, os diretores incorporam réplicas do trabalho de Stålenhag na narrativa e aproveitam ao máximo como ele mistura ambientes terrestres como bosques, lagos e planícies com a tecnologia futurista.
Acredito que os espectadores de Black Mirror gostarão de Contos do Loop, mas sentirão falta do peso dramático que aqui é mais “gentil”.
Se você estiver procurando respostas para este programa, ficará desapontado. A série busca mais a contemplação do que se aprofundar em seus mistérios. Ela pede para você sentar e absorver, não olhar para o seu telefone, não pensar no mundo exterior por um minuto.
Assistir Contos do Loop é como trabalhar em um quebra-cabeça ou olhar para uma pintura, uma experiência densa em que você pode se perder.
A 1ª temporada de Contos do Loop tem 8 episódios e está disponível na Amazon Prime Video.
Nota Final: 4 / 5