Análise NSV – Alive!

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Olá pessoas, bem-vindas a nosso novo domicílio virtual. Bom, neste pequeno espaço que me foi cedido, falarei sobre alguns dos mangás que estão em lançamento no país, sejam eles de volume único ou de múltiplos (talvez infinitos) volumes. E para começar, trago nesta primeira edição minhas impressões sobre Alive!, da autoria de Takahashi Tsutomo, nova aposta da Panini para mangás menos conhecidos do grande público, e que abordam temas mais sombrios. Vamos à análise;

OBS: Devo advertir a todos que nessa análise, assim como em todas as posteriores, eu irei falar sobre o enredo da obra por completo, então HAVERÃO SPOILERS DO MANGÁ. Leiam apenas se realmente quiserem.

OBS2: Toda e qualquer opinião dada aqui reflete apenas a MINHA experiência ao ler as referidas obras, e não representa a opinião dos demais membros da equipe.

Dados Técnicos

Título: Alive!
Editora: Panini / Planet Mangás
Roteiro/Arte: Takahashi Tsutomu
Formato: 13,7 x 20 cm
Acabamento: Brochura com orelhas
Capa: Laminação fosca com hotstamping prateado
Número de páginas: 296
Papel: Offset
Lançado em: Dezembro de 2017

Sinopse:

Alive! conta a estória do escritor Yashiro Tenshu, que foi parar no corredor da morte após assassinar quatro pessoas, incluindo sua namorada. Entretanto, enquanto esperava sua execução, uma organização secreta do governo japonês aparece, dizendo que o tirará do corredor da morte caso ele aceite se tornar a cobaia de um novo experimento que, segundo eles, requer alguém com intenções assassinas.

 

Neste suposto “convite”, é esclarecido que Tenshu seria considerado morto, e não poderia ter nenhum tipo de contato com qualquer pessoa. Além dele, outro preso chamado Gondo é levado para um prédio onde ambos ficam confinados em uma sala, sendo que a partir de então deverão viver, longe do convívio humano.

Durante os momentos do experimento, é apresentada uma dita entidade que habita o corpo de uma jovem, Saegusa Yurika, encarcerada na sala ao lado de onde se localizam Gondo e Yashiro. Os testes tem a finalidade de fazer essa entidade abandonar o corpo da moça e transferi-la para um dos ex-condenados. Tal aconteceria caso uma vontade assssina mais forte fosse detectada pelo espectro, e para instigar os dois confinados, alguns cenários abusivos são aplicados.

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© Takahashi Tsutomu / SHUEISHA / Panini

Após Gondo ser atraído e morto pela entidade, Tenshu recebe uma provação da criatura e, por ser considerado digno, recebe os poderes da mesma. Conseguindo novas habilidades, ele decide proteger Yurika, e finge tomá-la como refém para tentar fugir do local. Ele acaba matando o pesquisador-chefe e o agente que supervisionava o projeto, mas é impedido pela pesquisadora Saegusa, irmã mais velha de Yurika, que tenta fazer a entidade ser transferida para si, no intuito de evitar que ela continue a existir.

Por fim, vemos que Tenshu resolve que ele deve ser aquele a desaparecer com a criatura, e após voltar a ver o céu azul e sentir a liberdade uma última vez, ele se suicida com um tiro na boca, supostamente pondo um fim no ser que o habitava.

 

Logo no começo da obra podemos perceber o tipo de narrativa que nos espera. Ambientes escuros e um claro terror habitam a ala da prisão onde Yashiro permanece, com um clima bastante reforçado tanto pelo traço sutil do autor, quanto pelos diálogos apresentados, com tons que variam do desespero ao respeito, muito emotivos ou completamente impassíveis.

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© Takahashi Tsutomu / SHUEISHA / Panini

Além disso, é durante o breve momento em que estão juntos que se percebe como Gondo e Yashiro representam lados opostos da psiquê humana. Enquanto o escritor sente-se angustiado em estar novamente preso, e demonstra remorso por suas ações passadas, Gondo mostra não ligar para onde esteja desde que permaneça vivo e tenha seus prazeres mundanos atendidos. Este não demonstra o mesmo arrependimento que Yashiro, sendo uma boa representação de um “assassino frio”.

A obra acaba por apostar em alguns clichês, como o envolvimento do governo com a intenção de usar o poder da entidade como arma, e o fato da Drª Saegusa ser irmã de Yurika. Porém, o autor consegue aplicá-los de forma convincente à proposta do mangá. Da mesma forma, a dita origem da criatura, por mais estranha que possa parecer, consegue se encaixar com alguma naturalidade na narrativa, e visto que se trata de um one-shot, não há a necessidade da mesma ser muito elaborada.

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© Takahashi Tsutomu / SHUEISHA / Panini

E até por se tratar de um one-shot, não se torna obrigatória uma construção de mundo grandiosa, como as que são mostradas em obras mais longas. Apesar disso, os pontos chave da narrativa são bem expostos e desenvolvidos de forma a ser compreensíveis mesmo na falta de maiores detalhamentos.

O momento final de Yashiro, onde ele revê o espírito de sua ex-namorada e promete que nunca mais irá deixá-la sozinha, mostra bem a busca por redenção do escritor, que nunca deixou de se culpar por um suposto tratamento arredio dado à garota após o estupro que ela sofreu.

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© Takahashi Tsutomu / SHUEISHA / Panini

Na última página da estória, é dito que ele escolheu morrer para viver, no que creio ser uma alegoria para o fato de que ele não só encontrou a liberdade definitiva na morte, como também para indicar que (pondo de lado as implicações religiosas que se desejem aplicar aqui) ele agora poderia viver junto de sua amada e pedir perdão por não ter apoiado ela apropriadamente quando ela mais necessitou.

Por fim, falando sobre a entidade, vemos que esta possui origem animal, e que tal como um, ela evolui conforme avança de hospedeiro, sendo atraída pelo instinto assassino daquele onde pretende se alojar. Esta origem, como citei antes, pode ser considerada fantasiosa demais, ou pouco verossímil, mas dada o teor da obra, ela acaba sendo satisfatória, por ser algo simples e facilmente aceitável no escopo de sua utilização.

Além disso, suas habilidades baseadas no controle de ilusões que atiçam o medo de seus oponentes e/ou presas representam um fator interessante, até mesmo do ponto de vista bélico, visto que a possibilidade de eliminar inimigos através de sua própria mente pode se mostrar vantajosa, ao evitar gastos com combates longos e perdas aliadas.

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© Takahashi Tsutomu / SHUEISHA / Panini

Os momentos em que tal poder são mostrados também são muito bem feitos, em cenas aterradoras onde o mais profundo medo de seus alvos os atormenta até sua inevitável morte, com uma até possível evolução desse poder, materializando a ilusão no mundo real, como visto quando Yashiro ataca o agente que está fora da sala de contenção para tentar abrí-la.

Em si, a obra consegue expor de forma convincente a situação dos personagens e apresentar tanto a criatura como seus poderes, em um ritmo bastante agradável para um one-shot ao mesmo tempo em que apresenta uma narrativa e personagens suficientemente carismáticos para conseguir prender a atenção do leitor. Sem sombra de dúvidas, Alive! é uma excelente obra deste segmento ainda pouco explorado no nosso mercado de mangás.

 

Pontos Positivos:

  • Ambientação propícia para o estilo da obra;
  • Personagens interessantes e carismáticos;
  • Narrativa bem construída e com bom ritmo, dado o tamanho do mangá;
  • Cenas bem feitas de uso dos poderes sobrenaturais;
  • Uso interessante de alguns conceitos mais filosóficos, como liberdade e vida.

 

Pontos Negativos:

  • Traço do autor pode ser considerado feio por alguns;
  • Origem muito fantasiosa da entidade;
  • Uso de alguns clichês, como o envolvimento do governo em experimentos com interesse bélico;
  • Algumas pessoas podem achar que o autor entregou muito cedo algumas informações-chave do enredo.

 

Nota Final: 4,5

E assim termino essa minha primeira análise, pessoas. Caso seja de interesse de vocês, podem deixar suas críticas, sugestões, elogios, ou ódio gratuito nos comentários, que eu irei ler e analisar com cuidado o que posso usar para melhorar por aqui.  Então aproveitem, e até a próxima.