Review: THE WITCHER

De olho nos fãs órfãos de Game Of Thrones, a Netflix decidiu apostar alto numa série medieval que pudesse herdar o público que ainda busca uma sucessora da série da HBO. A alta expectativa do público em torno de The Witcher se deve pelo enorme sucesso que a franquia teve recentemente nos jogos, mas será que a série de Geralt de Rivia conseguiu atingir as expectativas ?    

Obs: A crítica contém pequenos spoilers da série.

Sinopse: The Witcher é um conto épico sobre destino e família. Geralt de Rivia é um caçador de monstros solitário que luta para encontrar seu lugar em um mundo onde as pessoas são mais perversas do que as criaturas que ele caça. Quando o destino leva Geralt a uma poderosa feiticeira, e a uma jovem princesa com um segredo perigoso, os três devem aprender a navegar juntos pelo crescente e volátil Continente.

Baseado nos livros de Andrzej Sapkowski, The Witcher conta os contos de Geralt of Rivia (Henry Cavill), um bruxo. Os bruxos são mutantes com poderes mágicos e trabalham como mercenários matando monstros em troca de dinheiro.

A obra The Witcher já era famosa na europa graças a seus livros, mas a história alcançou um novo nível de popularidade global graças a uma série de jogos desenvolvido pela cd projekt red. The Witcher 3: Wild Hunt lançado em 2015, levou a franquia ao status de grande sucesso.

Dada a complexidade desse mundo fantasioso, a série possui uma boa introdução mostrando Geralt enfrentando uma espécie de aranha gigante, que veremos mais tarde que é uma kikimora. Certamente as pessoas que nunca ouviram falar da obra, deduziram que Geralt não é um humano normal e que ele caça monstros. 

Logo após introduzir nosso protagonista na cidade de Blaviken a série muda de cenário e vai para o reino de Cintra, governado pela rainha Calanthe. Nota-se que Cintra é um reino rico e que aparenta estar em paz com os outros reinos. E é no clima de comemorações que somos apresentados a Cirilla, frequentemente chamada de Ciri.

Neta de Calanthe, Ciri está sendo preparada para herdar o trono de sua avó e governar Cintra. É no meio dos festejos que a rainha Calanthe é avisada de que o reino de Nilfgaard está invadindo Cintra, com esse prenúncio de guerra logo somos levados para o campo de batalha.

Enfim, logo após ler essa introdução você não se sentiu confuso ?              

Logo é assim que o telespectador se sente ao assistir os três primeiros episódios da série, muitas histórias são introduzidas sem que haja o mínimo de explicação para quem não leu os livros.

Porque Nilfgaard está atacando ?                                                                                           

Quem são os pais de Ciri ?

Como a história de Geralt e Cintra estão conectadas ?

A série vai deixando muitas perguntas em aberto no início, mas que serão respondidas no futuro.

As histórias do nosso protagonista Geralt são contadas de forma episódica, a cada novo episódio uma nova missão é introduzida, bem como uma quest de um jogo de videogame. É fácil do público acompanhá-lo, pois os objetivos são explicados minuciosamente.

©Netflix

Quando ele vai em busca de uma criatura assassina, ele rapidamente descobre que há mais na história, geralmente envolvendo seres humanos culpando monstros por seus próprios pecados. Porque como ele bem sabe, “são as pessoas que são os verdadeiros monstros”.

A maior parte do segundo episódio é dedicada a jovem Yennefer (Anya Chalotra), cujo pai a vende para uma feiticeira chamada Tissaia de Vries (MyAnna Buring). Tissaia vê em Yennefer algumas habilidades mágicas inexploradas, e ela a matriculada na Escola Mágica de aretuza, onde Tissaia é a reitora.

Yennefer é a personagem mais bem desenvolvida ao longo de toda a série, vemos todas as suas dificuldades ao longo da vida, e como sua personalidade vai evoluindo juntamente de sua magia.

Ao final do segundo episódio os espectadores que não leram o livro, terão a  sensação de receber um jogo de tabuleiro com um grande número de peças, sem nenhum manual de como jogar.

Erros e Acertos

Apesar do alto orçamento, o CGI decepciona em alguns monstros e em outros a maquiagem é mal feita, coisa inadmissível se tratando de uma história de uma caçador de monstros.

Frases e monólogos clichês aparecem ocasionalmente: Um vilão dizendo: “Não somos tão diferentes” durante uma briga com Gerald.

The Witcher não se desenrola de maneira linear, e não há indicação explícita de que você está assistindo uma cena do passado ou do presente. Em vez disso, você precisa buscar em pistas em qual contexto o personagem está. O que não é ajudado pelo fato de que bruxos e feiticeiros não envelhecem.

Levei alguns episódios para ter uma noção de qual linha do tempo cada personagem estava, a paciência para passar os primeiros episódios confusos são necessárias nesse caso.

Assim como Game of Thrones ou Outlander, The Witcher é feito para dois tipos de públicos, de um lado, pessoas que querem ver uma boa obra fantasia medieval para TV, e do outro um público já aprofundado na história dos livros e jogos.

Enquanto o primeiro vai demorar mais episódios para finalmente entender como cada personagem está conectado a obra, o segundo vai assimilar com mais rapidez e vislumbrar momentos que foram pouco aprofundados nos livros.

Os atores são um dos maiores acertos da série, Henry Cavill é o nome mais famoso na obra, sua inexpressão característica vem a calhar como Geralt, pois bruxos não costumam expressar sentimentos.

©Netflix

Anya Chalotra intérprete de Yennefer rouba a série para si, sua atuação é de tirar o fôlego desde sua primeira aparição, até nos momentos mais dramáticos, e fiquem ligados, pois não é difícil de se imaginar que esse nome logo aparecerá em vários filmes. 

Por fim, Freya Allan interpreta Ciri, a personagem mais jovem da série. Embora ela comece meio acanhada, logo com o decorrer dos episódios a leoa de Cintra mostra suas garras, como o centro emocional da série.

©Netflix

Os cenários são impressionantes, principalmente aretuza, os figurinos que são bem feitos e bem escolhidos pela produção. Pois, cada pequeno detalhe formam a arquitetura desse mundo de fantasia. 

Os combates corpo a corpo são de primeira qualidade. Tanto que, o momento mais marcante do primeiro episódio sai de uma luta de espadas que Geralt se envolve no final do episódio.

O programa é dirigido por uma mulher (Lauren Schmidt), que se sai muito bem na direção, e que soube mostrar muito bem como as mulheres são o ponto-chave dessa trama. Vemos rainhas que lutam no campo de batalha empunhando suas espadas, feiticeiras que exercem influência sobre reis e vários outros exemplos de mulheres moldando esse mundo, em vez de simplesmente residirem nele.

Geralt é um personagem mais sombrio, e Jaskier (Joey Batey) aparece sendo  alívio cômico da trama seguindo no bruxo por todo canto, apesar de não ser bem-vindo, transforma as façanhas de Geralt em músicas, algumas ficaram grudadas na sua cabeça por um tempo. 

The Witcher não é sobre política como Game of Thrones, nem sobre grandes guerras como em Vikings, mas sim sobre como pessoas podem evoluir, vemos ao final da temporada Gerald nutrir sentimentos, Yennefer mostrar todo o seu poder e a pequena Ciri compreender o seu destino.  

Nota Final: 4.0 / 5

A 1ª temporada de The Witcher está disponível na Netflix..