Behind the Frame é uma obra prima

Tenho o costume de anotar nomes de jogos que despertam minha curiosidade, em dezembro de 2021 Behind the Frame: The Finest Scenery foi anunciado para nintendo Switch, e no mesmo dia foi parar na minha caderneta de interesses. Mais de um ano e meio depois, finalmente decidi ver o mundo por trás de sua moldura, e encontrei uma obra de arte de uma beleza sem igual.

O que é

Behind the Frame: The Finest Scenery  se descreve como um jogo de aventura (mas eu tenho que discordar, o jogo puxa muito mais para o lado das visual novels e puzzles)  criado pelo desenvolvedor taiwanês Silver Lining Studio e co-publicado pela Akupara Games e Akatsuki Taiwan Inc. O jogo foi lançado para Microsoft Windows, macOS, iOS e Android em agosto de 2021, e depois para Nintendo Switch e PlayStation 4 em junho de 2022. Optei por jogar no Pc porque no momento em que escrevo esse texto, o jogo está mais barato na Steam, R$23 reais de diferença para ser mais exata. O jogo é curto e a história principal pode ser concluída em menos de uma hora.
No jogo você encarna uma pintora que está preparando sua obra prima, com um objetivo ambicioso em mente, voce se desdobra entre sua arte e atividades cotidianas. Mas embora queira focar em sua arte, não pode deixar de reparar na estranheza de seu vizinho (também pintor), e seu gato, que invade sua casa e te distrai. Aos poucos, o jogo de puzzles leves ganha uma aura de mistério e te deixa com a pulga atrás da orelha para entender quem são as pessoas que te cercam, e quem é você?

Quem onde e quando?

Escrever essa sinopse sem dar nenhum detalhe comprometedor foi um belo malabarismo, pois aqui cada detalhe, cada diálogo, cada cena, cada memória importa. Esse não é um jogo para distrair, é um jogo para te deixar alerta, não dar a devida atenção a um diálogo ou puzzle pode te fazer perder o fio da miada, e não entender o que está acontecendo, ou o final. O fim do jogo é lindo e não subestima a inteligência do jogador, não é um “aconteceu isso e fim”, as peças estão na mesa, e para bom entendedor meia palavra bastará. Se atente a cada etapa para não ficar confuso ao final.
O jogo alterna entre puzzles e cutscenes, interrompidas por algumas informações importantes para a compreensão da trama. Falando assim pode parecer que o jogo é uma obra de Hideo Kojima, mas não se preocupe, as ceninhas são curtas e não estão enchendo linguiça. Os puzzles são simples e vão de atividades cotidianas da moça a preencher lacunas de memória para se conectar aos fatos.

Assim como o cubismo…

Embora eu tenha amado cada segundo dessa experiência, esse tipo de jogo não vai agradar a todos. Se você quer um jogo com muitas opções do que fazer, se quer ser um agente determinante na história, talvez Behind the Frame não seja para você. O game bebe da fonte de visual novels, sua interferência aqui é pouca, você está aqui não como um agente transformador que vai mudar o rumo dos fatos como em Missed messages, mas sim como aquele que vai ligar os fatos que já estão definidos, como em florence.

Arte

O visual apresentado em Behind the frame é lindo e faz jus ao seu tema artístico. As cutscenes são muito bonitas e fluem com muita leveza. O jogo brinca com sua própria arte ao apresentar estilos diferentes para a artista, seus desenhos, outros quadros que entram em cena. Em um game que tem a arte como motor, não poderia ser diferente, o estúdio soube como aproveitar a oportunidade e entregar um jogo fascinante.
A trilha sonora é impecável, as músicas instrumentais complementam tão bem cada momento retratado, que mesmo quando a história ainda não fazia muito sentido para mim, dei uma choradinha ao notar que aquele momento teria um grande peso mais a frente, e é bem isso, você pode não ter pego todos os detalhes da história para entender o que está acontecendo ali, mas a trilha sonora sabe exatamente como fazer seu coração apertar sempre que necessário. A única musica com letras aparece ao fim do jogo, e deixa impossível pular os créditos.

O veredito

Behind the Frame é um jogo lindo e acolhedor, que aproveita sua premissa ao máximo e foge do que teríamos normalmente em uma visual novel. Estou me coçando para dar spoilers mas qualquer revelação  poderia estragar sua experiência, até o nome da protagonista pode ser um spoiler relacionado a uma música da trilha, então só digo que o jogo merece seu voto de confiança, caso goste de uma boa narrativa e de bancar o detetive, essa obra prima vai te surpreender. Ah, e após a história principal tem um capítulo bônus!

Gráficos: 5/5
Jogabilidade: 5/5
História: 5/5
Diversão: 5/5
Som: 5/5
Geral: 5/5