Caso você tenha perdido o ano de 2016, Pokémon Go foi lançado pela Niantic, para mobile. O lançamento mobilizou tanto a fanbase fiel de Pokémon, quanto aqueles que já não acompanhavam a franquia à anos. Me lembro de chegar na universidade e ser arrastada na multidão de jogadores, de uma menina colocar o celular na minha cara e perguntar “QUAL É ESSE?”, alunos saindo das aulas pra girar pokestops, montar grupos para derrubar ginásios inimigos, etc. Mas a febre não foi exclusividade Br, vez ou outra aparecia um vídeo viral de uma multidão correndo para pegar algum Pokémon. Quando o jogo foi lançado , mesmo com a dex limitada aos monstrinhos de Kanto, o jogo foi um marco.
O começo de um sonho
Niantic sempre focou no discurso de que Pokémon Go não é apenas sobre sair de casa, mas sobre criar uma comunidade. Colocar mais fãs em contato uns com os outros. Essa ideia de comunidade ficou clara no lançamento do jogo, e em outros eventos que passaram a acontecer. Principalmente nos hemisfério norte.
Mas desde o começo o jogo tinha seus problemas, a dex limitada, pouco a se fazer além de capturar, mas a prioridade a grandes centros (apesar de ter motivos óbvios) desencorajava muitos. Eu poderia jogar pela manhã na universidade, pela tarde no estágio, mas no momento que voltava para casa e chegava em minha cidade, o jogo não me oferecia recursos. Sem ginásios e sem pokestops, morar longe do centro era uma missão impossível, no momento que suas pokebolas acabaram, a única alternativa possível era fechar o jogo e esperar ir para a capital pegar recursos.
Com o passar dos anos o jogo expandiu sua dex, criou eventos e sua identidade própria, além de mais pokestops e ginásios, até chegar ao pinto em que alguns jogadores podem sugerir novos pontos, e coma chegada de ginásios na minha cidade, pude voltar a jogar. Mas alguns há alguns públicos as melhorias não chegavam, Pokémon Go não é um jogo que te incentiva a sair, é um jogo que te obriga a sair.
Para quem não pode sair
Aqui quero citar minha querida e amada melhor amiga: Mari. Mari é PDC e tem mobilidade reduzida. Quando fazíamos cosplay juntas, me lembro da Mari sempre no Pokémon Go, porque o dia em que conseguia sair de casa era o dia em que conseguia pegar recursos e capturar. Se Mari não poderia sair, ela não poderia jogar. Sendo assim, qualquer jogo de console era mais acessível para ela do que Pokémon Go. Para ela e para muitos. Lembrando que esse é apenas UM dos diversos problemas de acessibilidade no jogo.
Pandemia
Com a chegada da pandemia, um jogo que exige que você saia de casa é inviável, para dizer o mínimo, a Niantic entendeu o problema e a solução veio através de flexibilizações que lhe permitiam jogar em casa. Balões que lhes entregam recursos, maiores facilidades para chocar ovos, maior spawn de Pokémon, incenso atraindo 1 pkm por minuto, mas certamente a medida mais popular foi o Passe para raids a distância. Esses passes permitem ao jogador participar de batalhas raid em outras cidades/estados/países. Eu nunca participei de rais 5 estrelas locais, porque onde moro não consigo jogadores o bastante para derrotar um chefe. Graças aos passes a distância pude capturar lendários e até mesmo fazer amigos.
Menos de dois anos após o começo da pandemia, Niantic decidiu suspender a maior parte desses benefícios, e a comunidade não lidou bem com essas mudanças. Afinal, as mudanças pelas quais o jogo passou durante a pandemia melhoraram infinitamente a jogabilidade, finalmente tornando Pokémon Go um jogo acessível para pessoas que como eu, moram em lugares sem tantos pokestops e ginásios, e para Mari e outras pessoas que por N motivos não podem se deslocar para jogar. Após muitas críticas, alguns benefícios foram mantidos.
A crescente união
Uma das maiores mobilizações globais geradas no jogo aconteceu neste ano, com a chegada das Vivillon. Para capturar todas as variações de vivillon é preciso adicionar e salvar cartões postais de todo o globo. Com isso, a mobilização para adicionar amigos de todo o globo deu mais uma onda de gás ao jogo. Mas em uma última atualização a comunidade, Niantic anunciou mais mudanças para acabar com as medidas dá pandemia. Dessa vez a vítima foram os passes a distância, além de um aumento no preço dos passes, eles serão ainda mais nerfados, além de uma limitação diária para uso dos passes.
Limites da aventura
As mudanças impostas desde 2021 aliadas a alguns outros poblemas que o jogo sempre teve, desencorajam jogadores. Alguns míticos só podem ser obtidos caso você tenha um nintendo switch com jogos específicos, menos moedas por ginásio, limite de presentes diários, dia comunitário teve a duração de 6h diminuída para apenas 3h, limite de distância para troca de Pokémon entre amigos, entre outros. Todas as medidas recentes feitas pela Niantic parecem ter o objetivo de afastar a comunidade, podemos interagir e nos ajudar cada vez menos. O aumento do valor impacta principalmente aqueles que por N motivos não podem sair de casa, se você não sai, não tem como por pokémon em ginásio, sem ginásio não é possível conseguir moedas de forma gratuita, e você precisa recorrer a transações in game. Se não consegue reunir jogadores de lvl alto o bastante para raid 5 estrelas, precisa de amigos remotos, se esses amigos ultrapassaram seus limites diários, ou não tem moedas, não poderão ajudar.
Desabafo
Com as recentes mudanças, Pokémon Go se torna um jogo cada vez mais restrito, para o jogador do interior, para o jogador PDC, Niantic parece se esforçar cada vez mais para que os eventos de Pokémon estejam cada vez mais inacessíveis, e olha que nem tocamos no preço dos passes de evento. Falando como fã de Pokémon, parece que a cada decisão da Niantic a nossa experiência é nerfada e a magia se perde, é revoltante abrir o jogo sabendo que minha melhor amiga que gosta de Pokémon simplesmente não pode aproveitá-lo pois a empresa a cada update tira as medidas que o tornavam acessíveis.
Ao acessar o site da Niantic, é bem fácil encontrar sua missão, missão,visão e valores são os pilares são as partes de uma das mais importantes ferramentas de gestão que as empresas podem usar para definir a sua estratégia de negócio, para uma empresa que diz ter como missão a criação de conexões, Niantic se mostra muito esforçada em destruir as conexões e comunidades criadas por jogadores, ou pelo menos, excluir parte deles.