Paripi Koumei ainda não fez o sucesso que deveria aqui no Brasil, mas precisa ser dito que o anime é bom para caramba e tem a abertura mais empolgante possível (com direito a dancinha que faz uma bela trend no tiktok).
E não é por acaso que a abertura (OP) se tornou um sucesso. O marketing para esse anime parece ter sido elaborado em sincronia com o ponto central da trama que é unir o ótimo ao agradável com técnicas de ouro.
Novas batalhas para uma grande figura histórica
Também conhecido como Ya Boy Kongming, esse anime mescla dois elementos muito diferentes entre si, ao primeiro olhar. Estamos falando de música e táticas de guerra. Quem diria que os públicos desses dois poderiam se juntar numa só obra, hein?
Para quem acha que isso não combina: agora é o momento para descobrir um novo mundo com esse projeto de isekai ao contrário com viagem no tempo e planos de ataque traduzidos para a indústria musical.
Se tivessem me dito que era um anime sobre cara, que usa roupas tradicionais chinesas e fala como se fosse de séculos passados, no meio de Tóquio querendo fazer sua idol favorita vingar eu acharia estranho, mas dá aquela curiosidade.
Portanto, imagine só a protagonista se deparando com um cara totalmente fora da realidade, que se enturma com todo mundo e parece um daqueles gênios com QI altíssimo.
O negócio já mostra que é bom quando insere aleatoriamente um dos grandes estrategistas da China antiga numa festa do século XXI no Japão. Em vez do homem surtar, ele entra na onda e aí começa um dos plots mais divertidos e interessantes criados para animes (ainda mais se for comparar especificamente com Isekai que é um gênero que se repete tanto).
Cada episódio traz a menção de algum acontecimento, tipo de estratégia ou inspirações relacionadas ao heroico Zhuge Liang (também chamado de Kongming ou Koumei, que dá nome ao anime).
Isso vem para dar destaque ao que está em andamento no tempo atual com a brilhante cantora Eiko. Não tem forma melhor de virar uma cantora bem sucedida do que contratar um estrategista de guerra de séculos atrás como fiel escudeiro, não é mesmo?
Quem foi Zhuge Liang?
Kongming, ou Zhuge Liang, ficou conhecido como o Dragão Adormecido. Ele foi um dos maiores estrategistas da era dos Três Reinos da China e teve ideias que até hoje recebem destaque.
Inclusive, Zhuge Liang tem muita evidência no Romance dos Três Reinos. (Nada mais é que o mais famoso romance histórico chinês escrito por Luo Guanzhong)
As inovações do Kongming iam desde de criação de objetos para facilitar alguma empreitada até a planos muito bem bolados. Nisso se incluem melhorias de armas tradicionais da época, formas de manter o poder e até mitos (já que as pessoas atribuem muita coisa mirabolante a ele). E é daí que vem algumas dessas sacadas reformuladas e citadas no anime.
Sobre o anime:
Paripi Koumei ou Ya Boy Kongming tem esse nome para mostrar a essência festeira do anime. Paripi é uma expressão que se refere ao pessoal rolêzeiro/baladeiro, então já dá uma noção da mudança de imagem.
O anime é uma imersão no mundo das festas, das baladas noturnas, dos shows e principalmente da vida da protagonista que deseja ser reconhecida. É um olhar um pouco diferente de animes de idols ou animes melodramáticos de música, pois sempre leva tudo entre uma grandíssima zoação e o pé no chão de estar tratando do futuro de uma pessoa que quer viver de música.
Quem gosta de saber o background vai adorar esse anime. Paripi Koumei faz uma forte crítica em relação a indústria musical ao mesmo tempo que mostra o esforço de diversos artistas do segmento tentando se adequar ou não para chegar onde sonham.
A obra foi animada pelo estúdio P.A. Works. Mas isso não quer dizer nada, já que existem animes como Angel Beats, Another e Charlotte do estúdio que despontaram e depois de Ya Boy Kongming veio Akiba Meido Sensou que é um negócio extremamente trash. (Paripi Koumei é mirabolante mas não chega a ser um caos duvidoso desse último anime aí)
Enfim, a história do conselheiro de guerra que ajuda uma carismática cantora de bar a ir além tem 12 episódios e é uma série bem fechadinha. Nesses minutos, o anime vai jogando, propositalmente ou de maneira disfarçada, aulas sobre história, a indústria do entretenimento e até como se entrosar. Tudo isso envolvido por músicas boas de se ouvir e a torcida de dar certo.
As músicas no ar
E não pense que esse artigo não vai citar as músicas! Se estamos falando de estratégia, não podemos deixar de saber que a equipe soube se aproveitar disso. Por ser um anime de música, Paripi Koumei divulgou algumas versões próprias de músicas bem conhecidas. Se prepare para o momento nostalgia:
Ou seja, além de começar com uma abertura super descontraída e com uma pitada de estilo kitsch (uma produção cheia de elementos, considerada brega), Ya Boy Kongming tem uma ótima revelação musical. O terreno foi muito bem preparado, como esperado do Dragão Adormecido. E as próprias canções da Eiko durante a trama também estão de parabéns.
Obs: Tanto a música quanto a dancinha da abertura tem inspiração húngara. Ou seja, Chitty Chitty Bang Bang do Queendom é a versão japonesa de Bulikirály do cantor Jolly. Abaixo o clipe do Queendom, com sua vibe anos 80, com 90, com 2000:
A grande constatação é: Paripi Koumei é divertido e sabe misturar vários gêneros, criando um novo digno de uma salva de palmas. O anime não precisa apelar para harém, nem drama excessivo e as piadocas são engraçadas. É um puro exemplo de que dá para fazer algo bom, besta e bem estruturado.
Tenho que dizer que fui convencida a assistir principalmente por ter me contagiado com a música de abertura. Não cheguei a descobrir os vídeos cover antes, mas foi uma ótima surpresa depois de ter terminado esse anime.
E, caramba, como uma pessoa que detesta animes que ficam descrevendo táticas de guerra, achei esse uma delícia de ver. Ansiava por saber qual estratégia ou qual trecho da história de Kongming iria passar no começo de cada episódio e para saber o que seria da vida da Eiko com esse tio do passado aproveitando o Japão da night.