Saekano: how to raise a boring girlfriend conta a história de Aki Tomoya, um jovem que durante suas férias experiencia uma cena direto de uma obra de romance e decide fazer um jogo a partir disso.
Inicialmente acho importante ressaltar que o Tomoya é dublado pelo Yoshitsugu Matsuoka, que já deu voz a vários outros protagonistas de harém. Dentre os exemplos, incluem: o Kirito de Sword Art Online, o Uesugi de Quintessential Quintuplets, e o dono do maior harém de todos, Inosuke de Demon Slayer, qual o harém se forma na vida real com todos que assistiram ao anime.
Os personagens
Tomoya é um otaku, isso é claro desde o início do anime, em seu quarto há vários pôsteres e figures de animes conhecidos. O que destoa bastante do resto do cenário e dos personagens, pois a figures são fotos dos bonecos de verdade e por serem as artes oficiais, os pôsteres não combinam com o anime em si.
A representação inicial do Tomoya não é das melhores: o otaku excluído que seriamente fala “por que eu me declararia para uma garota 3D?”. Entretanto, Saekano não romantiza isso, já que ele é zoado por todo o resto do elenco por isso. A representação de otakus não se prende ao Tomoya, e ao apresentar cada personagem vou falar sobre isso.
Para a criação de seu jogo, ele decide chamar sua amiga de infância Swamura Spence Eriri (Oonishi Saori), que é uma renomada artista no meio otaku, conhecida como Kashiwagi Eri. A Eriri é extremamente popular na escola, sobre seu lado otaku, ela esconde isso, as únicas pessoas do colégio que sabem sobre isso são o restante do elenco.
No entanto, a popularidade dela no meio otaku vem de sua participação em grupos que fazem doujins adultos. A parte estranha é que por ser menor de idade ela não pode vender suas revistas em eventos, e quem faz isso são seus pais, e o pai dela é um diplomata britânico.
Outra personagem importante é Kasumigaoka Utaha (Kayano Ai), a aluna mais inteligente da escola, apesar de estar sempre dormindo e não fazer as lições de casa. Ela, por sua vez, escreve uma renomada light novel de romance com mais de 500 mil cópias. Kasumigaoka Utaha demonstra constantemente um ar maduro de frieza e lógica, mas provavelmente do elenco principal ela é a personagem mais excêntrica.
Por último, Kato Megumi (Yasuno Kiyono) é a pessoa com quem o Tomoya se encontrou nas férias e ele teve a grande cena da vida dele que lhe inspirou em criar o jogo. Porém, a Megumi não tem presença para as pessoas, tanto que mesmo que tenham estudado juntos por mais de um ano, ele não a reconheceu na tal cena.
Ela acaba entrando para a equipe do jogo incialmente como a modelo de protagonista. Porém, por ser muito apagada, acaba jogando vários simuladores de romance para aprender como são as heroínas desse tipo de jogo. Assim podendo ser uma forma dela ficar menos apagada para o mundo.
Apesar de no mundo do anime ela ser meio invisível, para quem assiste ao anime, definitivamente não é caso. A Megumi não serve apenas de modelo, mas ao decorrer do anime, aprender um pouco de programação para ajudar o Tomoya. Além de acabar como vice-diretora do jogo e da empresa de jogos que eles abrem, a Blessing Software.
A dinâmica de personagens em Saekano
Ao chamar a Eriri e a Kasumigaoka Utaha, ambas recusam, por razões distintas, mas nos dois casos ele as convence a escutar mais uma vez a proposta dele, pois ele vai apresentar corretamente. As duas não se suportam, para quem conhece One Piece, a relação das duas se assemelha bastante a do Zoro e Sanji, com as duas provocando-se a todo momento.
A introdução das duas é feita duma forma interessante, como se fosse a propaganda das heroínas de um jogo, as qualidades dela de porque deveria seguir sua rota. O que não acontece com a Megumi.
Como um harém, todas as garotas acabam interessadas no Tomoya pelas mais diferentes razões, o que apesar da parte ruim da personalidade dele, faz sentido. Dito isso, eu espero que Hyoudou Michiro (Yahigi Sayuri) seja a exceção que não goste dele romanticamente, pois eles são primos. O que não significa que ela não o provoque o tempo todo, em sua introdução.
Eu ri bastante com o caso da Michiro, pois ela odeia otakus, exceto que sem saber ela faz parte de uma banda cover de músicas de anime. O que a faz a pessoa perfeita para compor as músicas do jogo, pois nepotismo.
Sobre a Megumi, o desenvolvimento de personagem dela do início ao final da obra é notável. Principalmente em relação a ela se posicionar em frente ao Tomoya, não apenas com seu sarcasmo, mas conseguir transmitir que ela também tem personalidade e não vai aceitar as decisões egoístas dele sem uma conversa. Apesar disso, ela não perde um certo ar de frieza e calma em suas falas.
Falando principalmente do Tomoya, da Eriri e da Kasumigaoka Utaha, Saekano retrata pessoas excêntricas e a excentricidade delas batendo de frente uma com a outra.
O jogo feito em Saekano
O jogo desenvolvido pela Blessing Software é uma parte central da história de Saekano do início ao fim. O Tomoya tem cada vez mais ideias e coisas absurdas, mas que são controladas pela Megumi ou pela Kasumigaoka Utaha por não fazerem sentido narrativo. Os prazos apertados, os atrasos, as convenções de otaku onde eles divulgam o projeto e conhecem outros círculos.
O processo desgastante de desenvolver um jogo com poucas pessoas, o bloqueio criativo em escrever, e tentativa de perfeição na arte. Mas um ponto de atrito importante se dá em como o Tomoya não sabe ser um diretor. Ao dar muito tempo e liberdade para o trabalho criativo, sem cobrar os prazos, o artista não se desenvolve.
Devido ao nível das ideias do Tomoya, a equipe precisa dividir o trabalho artístico. Por exemplo, sobre o roteiro, a Kasumigaoka Utaha não faz todo o jogo, mas uma rota, o Tomoya assume o papel de escrever outras rotas. Apesar de não ser tão bom quanto ela escrevendo.
Todo o processo de criação do jogo dá base para boa parte do drama da série, não apenas sobre os prazos, mas as relações interpessoais e as dinâmicas entre personagens.
Considerações finais
Por muito tempo eu olhei para animes de harém com desgosto. Não queria chegar perto, ouvir fala, absolutamente não queria relações. Mas eu vi Saekano por achar o título engraçado e os visuais bonitos. O estúdio A1-Pictures fez um ótimo trabalho em deixar as duas temporadas deslumbrantes. Dito isso, apesar de ser também muito bonito, o filme feito pela CloverWorks deixa a desejar em alguns momentos. Principalmente no que tange a algumas proporções.
Saekano e Quintessential Quintuplets foram animes que me fizeram perceber que animes de harém podem ser interessantes. Apesar de, em Saekano, obviamente haver o aspecto do protagonista com quem o publico otaku enrustido pode se identificar, não é só isso. Há de fato uma história de romance se desenvolvendo, personagens crescendo. Mas o principal ponto para mim, é a comédia eu morro de rir assistindo.
Dito isso, o fan service é algo recorrente nas duas temporadas. Não é muito pesado, mas não é exatamente leve também.
A primeira temporada de Saekano está disponível na Crunchyroll e na Funimation, e a segunda na Amazon Prime.