Tokyo Revengers, um anime épico e polêmico

Tokyo Revengers capa

Estreando na temporada de primavera de 2021 e sendo adaptação de um mangá premiado no Japão, o anime Tokyo Revengers conta com 24 episódios, dividido em três arcos, que falam sobre as gangues citadas na obra.

A História

Tokyo Revengers narra a trajetória de Takemichi Hanagaki a partir de quando ele descobre que a sua ex – e única – namorada, Hinata Tachibana, junto com o irmão mais novo dela, Naoto, foram mortos pela gangue Manji de Tóquio ou mais conhecida como a Toman.

No dia seguinte, ainda espantado com a notícia, acaba sendo empurrado nos trilhos do trem, mas ao invés de morrer, acaba viajando doze anos no passado. Entretanto ao ver o seu eu da época de escola, ele se espanta, pois se lembra de que era um delinquente.

Diante disso, nesse meio tempo, ele reencontra a sua ex – mas agora namorada– junto com o irmão dela e emocionado pede para que o mais novo cuide para que não aconteça o assassinato. Assim que se cumprimentam uma luz é colocado entre os dois e ambos retornam para o futuro.

Contudo, o futuro já não é mais o mesmo, pois o menor conseguiu se salvar, mas a sua irmã acabou sendo morta do mesmo jeito. Já mais velho e trabalhando como investigador policial, Naoto encontra Takemichi e diz que por conta do aviso que recebeu do mesmo no passado, ele conseguiu sobreviver, e pede para que juntos consigam bolar um plano para salvar a sua irmã.

Assim, em todo o decorrer da obra essa missão é colocada em prática, mas com os diversos plots twists que a trama oferece, essa questão de salvar a namorada é estendida para “salvar todos os seus amigos”. Já que em cada arco acontece uma morte e o protagonista precisa retornar sempre ao futuro para descobrir como evitar que isso aconteça.

A Viagem no Tempo

Viagem no tempo Tokyo Revengers
Imagem: LIDENFILMS

A premissa de viagem no tempo já foi muito usada em outras obras do tipo, como em Boku Dake ga Inai Machi (2016), onde o personagem retornava ao passado para salvar a mãe. Porém diferente do anterior, Tokyo Revengers mostra um protagonista totalmente perdido, sem lembrar dos acontecimentos da época, mantendo a sua mentalidade “mais velha” do futuro e, por conta disso, não conseguindo brigar e apanhando de todo mundo.

O que salva e destaca a obra de fato são os vilões. Primeiro conhecemos Mikey, líder da Toman, um garoto pequeno e com uma aparência frágil e infantil, mas que possuiu técnicas de artes marciais extremamente fortes, conseguindo derrotar seus inimigos apenas com um chute.

Sem dúvidas, quem leu o mangá já esperava por ele e pelos seus “comparsas”, já que todos possuem habilidades incríveis e fazem as melhores cenas de luta do anime. Mas, diferente do futuro, essa Toman é apenas um divertimento, em que cada um dos envolvidos são apenas adolescentes que buscam na violência uma espécie de escape para seus traumas pessoais.

O protagonista que conhece o destino da gangue e de seus integrantes, tenta impedir que algumas coisas aconteçam, mas em cada uma de suas tentativas, o futuro é alterado para algo pior do que a que ele veio mudar. De fato, o que faz a história ser interessante é a forma como mostra o porquê cada um escolheu essa vida do crime e como ela influencia no dia a dia de outras pessoas, tanto no passado quanto no futuro.

A Violência Explícita

Tokyo Revengers não poupa na violência, com ossos quebrados, mortes cruéis e muito sangue, além de uma trilha sonora que ajuda na tensão do seu espectador.

O ápice da obra acontece quando os líderes da gangue Moebius e Valhalla aparecem, nesse momento rolam traições, reviravoltas e, no arco final, temos o ‘Halloweende Sangue” onde Mikey e Kazutora, que antes eram amigos e fundadores da Toman, brigam até a morte.

Certamente a determinação do protagonista de tentar impedir que isso aconteça é a sua maior evolução na trama. Neste momento, Takemichi mostra de fato toda a sua maturidade, mas já não é suficiente para que as coisas mudem para o melhor.

A Polêmica do Símbolo “Manji”

Símbolo Manji em Tokyo Revengers
Imagem: LIDENFILMS

Apesar de o mangá não ser recente, a sua animação o fez ganhar uma repercussão maior, principalmente quando perceberam a presença de uma suástica em seu figurino e passaram a questionar o que de fato se trata o anime .

Primeiramente para entender o uso desse símbolo na obra, precisamos saber do que ele se trata. A suástica – ou Manji – como conhecemos hoje é um símbolo de origem hindu – que posteriormente foi utilizado no budismo – de aproximadamente 7.000 a.C, no entanto, existem registros de símbolos semelhantes em outras civilizações, como na Grécia e no Egito, por exemplo.

Os significados podem variar entre bem estar, boa sorte ou até mesmo “paz” – o que é irônico, considerando o modo como esse símbolo acabou sendo usado no futuro – e existem pelo menos quatro variações do símbolo, a mais conhecida justamente por ter sido usada pelo nazismo, em que as direções das linhas sobre a cruz apontam para a direita.

Os motivos que levaram Hitler a utilizar a suástica foi por acreditar, assim como muitos nazistas, que alemães e indianos seriam descendentes da mesma raça, que seria a raça ariana e, nas ideias distorcidas do partido, fazer o uso de um símbolo de paz para justificar extermínios e atrocidades poderia significar que assim ele traria a paz ao mundo.

Hoje, a suástica ainda é utilizada como símbolo hinduísta e em algumas correntes no budismo, porém o uso deste símbolo é proibido em diversos países – especialmente na Alemanha – e inclusive no Brasil.

Um exemplo disso é o anime Yu Yu Hakusho, que era transmitido pela Rede Manchete e por conta de um de seus personagens ter esse símbolo na testa, a emissora o editou e apagou, para que não houvesse qualquer resquício disso durante a sua exibição.

No caso de Tokyo Revengers, a Crunchyroll o censurou com um borrão onde aparecia a suástica nos uniformes, porém no mangá o caso é totalmente diferente, pois ela se encontra desde nos uniformes até nas motos e logotipo da obra, o que causa uma certa estranheza no público.

Mas, a obra deixa claro que esse símbolo não tem nada haver com o nazismo e sim como uma espécie de homenagem ao líder da gangue, Mikey, que tem como nome original Sano Manjiro. Ele acaba nomeando o grupo como “Manji” e utiliza do símbolo como um significado de vida longa e boa sorte para seus companheiros.

Conclusão

Sendo assim, Tokyo Revengers é um ótimo anime, superando em audiência e vendas Shingeki no Kyojin, onde fala sobre amizade, grupos sociais, o peso da falta de maturidade na adolescência e como esse comportamento pode ser ruim a curto e a longo prazo.

Recentemente foi anunciado uma segunda temporada para 2022, mas ela ainda não tem uma data de estreia. A primeira temporada se encontra disponível e legendada na Crunchyroll.