Lion Man, Uma Dádiva dos Ninjas!

Estava lá o Caio numa boa, assistindo u̶m̶ ̶p̶o̶r̶n̶ô̶ ̶d̶e̶ ̶k̶a̶m̶e̶n̶ ̶r̶i̶d̶e̶r̶, digo, um documentário sobre lhamas quando me perguntam se eu poderia escrever um texto sobre Lion Man. É tipo perguntar se a Tohru gosta da Kobayashi, é CLARO QUE VOU FALAR DE LION MAN! Então vistam suas mochilas-foguete, peguem suas espadas mágicas e bora pro Japão feudal conferir as aventuras – e loucuras – do Poderoso Lion Man!

Sinopse:

Dan Shimaru é um jovem samurai que vê a honra de sua família manchada quando seu irmão é assassinado à mando do terrível Mantor do Diabo. Ele então parte atrás de vingança, equipado com uma mochila a jato movida a pólvora que lhe permite voar para as estrelas e retornar como um leão armado com uma katana e faminto por justiça, o Lion Man.

©P Productions

Antes de mais nada vocês já devem ter reparado algo estranho… Temos um Lion Man branco na imagem de destaque mas logo depois um Lion Man laranja no texto! Como pode isso? Pra explicar essa treta vamos ter que nos lembrar da saudosa, idolatrada, salve-salve TV Manchete. Quando tokusatsu estava no auge (teve ano em que passavam umas 15 séries ao mesmo tempo aqui no Brasil) as emissoras começaram a caçar cada vez mais produtos novos pra passar pra garotada que já estava começando a perder o tesão no Jaspion.

A distribuidora Top Tape acabou adquirindo duas séries, Kaiketsu Lion Maru (o branco) e sua sequência, Fuun Lion Maru (o laranja)… Sem nenhuma explicação. Afinal ambas as séries são do começo dos anos 70 e muito mais “toscas” que os enlatados oitentistas que a molecada estava acostumada. E pra deixar ainda mais confuso aqui trocaram tudo: passaram primeiro o Laranja (provavelmente por ser bem mais curto, com só 25 episódios) e anos depois colocaram no ar uns 15 episódios do Branco como se fosse uma continuação… Depois não entendem porque não fez sucesso né?

©P Productions

Lion Man já se diferencia de tudo que passou aqui no Brasil logo de cara: ao invés de estarmos no presente (vulgo os anos 80) ou no futuro (vulgo os anos… 90) toda a série é ambientada no Japão feudal. Esqueçam as motos estilosas e digam olá ao bom e velho cavalo mesmo! Além disso a estrutura de seus episódios também era bem diferente dos Metal Heroes da Toei que fizeram tanto sucesso por essas bandas.  Ao invés de seguir a linha investigativa, Shimaru e sua trupe eram basicamente andarilhos indo de vilarejo em vilarejo resolvendo os problemas que os seguidores do vilão da série, o Mantor do Diabo, estivessem causando por lá. Quem acompanha o Porão vai ver algumas similaridades com o Zubat lá do meu primeiro texto.

Aliás todo mundo gosta de tirar sarro do visual “bichinho de pelúcia” do nosso heróis mas, caramba… os inimigos eram infinitamente piores! Ambas as séries são da lendária P Production (famosa no Brasil por Vingadores do Espaço e, claro, Spectreman) e tem um valor de produção ainda mais baixo do que outras séries, mesmo da época. Impossível ter certeza do motivo para isso ter acontecido, mas vale lembrar que original o Lion Man seria um herói gigante à lá Ultraman, mudando meio que de última hora seu visual e premissa. Coincidentemente foi bem quando surgiu o primeiro Kamen Rider… Hmmm…

©P Productions

Lion Man é um tokusatsu único por aqui, difícil comparar com outras coisas. Perfeitamente compreensível a criançada da época não ter ido com a cara do sujeito mas pode reparar que quase todo mundo que pegou pra ver depois acabou descobrindo uma verdadeira pérola. O setting de filme de samurai é bem interessante, as lutas de espada no estilo chanbara são de cair o queixo e temos frases memoráveis da dublagem nacional, como o clássico “eu só não gosto do seu jeitinho afeminado!”. Se você nunca teve coragem, recomendo dar uma chance!

Ah, e pra quem quiser algo mais moderno tem também o Lion Man G, onde o herói é um gigolô. Não, é sério mesmo! Depois dessa vou até voltar pro meu Porão…