Às vezes a vida nos introduz, de forma banal, a pessoas que vão mudar sua vida, e nesse encontro a primeira vista, você nem imagina o que está por vir. Foi mais ou menos dessa forma que conheci Florence, o vencedor do premio Apple de ́ ́Melhor Jogo Mobile de 2018“. Baixando aquele aplicativo sem dar muita importância, totalmente alheia a tudo que iria conhecer.
O que é?
Não vou fazer suspense, chamar esse jogo de bom seria um eufemismo, ele é magnífico, e é ainda mais surpreendente saber que é o primeiro jogo lançado pelo Australian Studio Mountain. Disponível para Mobile (IOS e Android), o game também conta com versões para PC e Nintendo Switch. Uma graphic Novel curta mas com enredo tão envolvente que te deixará colado na tela até o fim, e com um gosto de quero mais ao final da história.
Essa review está livre de spoilers quanto a narrativa que encabeça o jogo. Aqui acompanhamos Florence Yeon, uma jovem de 25 anos presa em uma rotina monótona. Apesar de estar atolada em seus documentos de contabilidade, ela não desistiu do seu sonho de ser aquarelista profissional. Sua rotina é abalada quando ela conhece Krish Hemrajani, o indo-autraliano que toca violoncelo no parque. Acompanhe o nascer desse romance de conto de fadas, e ajude-a a enfrentar o dilema : O que deve ser prioridade na sua vida?
O destino imutável
Saiba que o jogo não possui rotas, o final está definido desde o princípio, apesar do aparente ´´poder de decisão“ dado em algumas situações, você não pode progredir até optar pela opção correta. Isso poderia facilmente se tornar um problema, mas é compreensível que desenvolvedores de jogos pautados em histórias emocionalmente complexas priorizem a narrativa ao invés da gameplay, e Florence consegue entregar uma gameplay agradável e que condiz com a narrativa agridoce.
As peças para uma boa relação
Como quando Florence e Krish começam seu relacionamento, quanto mais afinidades eles tem, menos puzzles temos para solucionar. Mas quando a relação passa por turbulências, mini games antigos voltam com maior complexidade, e puzzles que literalmente se recusam a serem completados e peças ´´fogem“, demonstrando a situação enfrentada no jogo. Os puzzles aparecem como problemas a serem resolvidos como na vida real, em meio a um cenário totalmente casual acontece algo caótico, a complexidade não está presente somente na narrativa, mas na gameplay em momentos mais acalorados . A quantidade de puzzles é um acerto, não muitos para torrar sua paciência, ou poucos demais para te deixar como um observador passivo.
Arte
Confesso que o que me atraiu para esse game em um primeiro momento foi sua estética, o visual é lindo à primeira vista, mas é ainda melhor passear pelo jogo e ver como esse estilo gráfico é aproveitado ao máximo e de forma muito criativa pelo estúdio. A mudança de cores em momentos cruciais, a ausência de cores que por si só fala muito sobre a história naquele momento, a presença constante de azul e cinza em certas situações, etc. Outro grande acerto é a trilha sonora, que é crucial para certos acontecimentos na trama, mas mesmo em momentos mais casuais, consegue abraçar o enredo de forma bela e coesa.
O veredito
Florence é uma obra de arte, tanto por seus aspectos estáticos como por sua narrativa e trilha sonora. Você já conhece histórias de amor, mas tenho certeza que nunca jogou nada como essa. O jogo usa puzzles com maestria e na medida certa, usando vários elementos com muita sabedoria para dar mais profundidade a trama. Abordando a doçura, amargura e monotonia da vida, Florence oferece uma experiência única. Sendo fã ou não de Graphic Novels, esse é um jogo que você precisa conhecer.