Não é novidade para ninguém que a leitura digital chegou para ficar. Segundo uma pesquisa do portal Terra, 56% da população brasileira já se consideram leitores assíduos e 26% deles optam por ler e-Books, ou seja, livros, revistas, mangás digitais entre outros.
Pelo mundo afora, os mangás digitais têm sido líderes de vendas no online, como no próprio Japão que, desde 2017 contabiliza os seus números de vendas superiores às dos impressos. Essa comparação só começou a ser medida pela AJPEA (All Japan Magazine and Book Publisher’s and Editor’s Association) em 2014 e desde então veio se superando a cada ano até que, em 2019, o número de mangás digitais passou a representar 52% de toda a receita da indústria de mangás japonesa, marca nunca antes alcançada.
Já no mercado brasileiro, os mangás chegaram às prateleiras digitais no final do ano de 2017, e eu confesso que não fui a pessoa mais animada por esse avanço na época que aconteceu. A Editora JBC trouxe os primeiros volumes de Nanatsu no Taizai, Blame e Fairy Tail, inicialmente disponibilizados pelo Kindle e pela Amazon e, sinceramente? Embora gostasse muito de Blame na época, não consegui imaginar a troca entre aquela sensação de mangá novinho, físico, cheiroso, por um download frio e rápido.
Além de uma grande barreira enfrentada pelo mercado editorial online, a Pirataria, que dificulta a adesão do público à compra desses produtos, ainda existem poucas obras em lançamento digital no Brasil, muitas vezes sendo mais “fácil” a leitura através de plataformas alternativas não oficiais ou a compra da obra física. Títulos atuais e muito procurados pelos leitores como Given (da Editora New Pop) e Chainsaw Man (Panini) não estão disponibilizados em formato digital.
Em 2019, para um projeto paralelo, fiz uma pesquisa que abordava o quanto um grupo de pessoas que se consideram otakus brasileiros (549, pra ser mais exata), estariam dispostas a aderir aos mangás digitais e os resultados foram animadores, porém, comprovam que precisamos de mais incentivo do mercado editorial de mangás digitais e online, com mais variedade de títulos e facilidade de acesso.
A adesão ao online já existe por parte do consumidor, ele está adaptado ao digital.
Nesse momento, conseguimos ver o quanto ainda existem incertezas com relação às obras trazidas para o Brasil. Muitas vezes ainda, o público precisa ir em busca de outras línguas para consumo da sua obra favorita.
E aqui, mostrando novamente o quanto o desejo pelos mangás digitais existe e é forte a ponto de o consumidor disponibilizar um espaço para um aplicativo onde ele tenha sua obra predileta disponível.
Além de percebermos esse impulso positivo, precisamos falar sobre todos os benefícios que os mangás digitais nos trazem, que além de terem valores mais acessíveis e reduzirem a quantidade de papel em circulação no mundo, também ajudam o mercado a crescer. Isso mesmo, quanto mais mangás digitais nós consumirmos, mais as editoras vão investir no formato e cada vez mais obras teremos!
Por fim, entendemos que sim, mangás digitais no Brasil são um formato muito desejado e até já bem aderido em meios alternativos não oficiais. É preciso então mais incentivo por parte das editoras, investimentos em marketing e apostas em obras diferenciadas. Eu mesma ainda sou um pouco resistente aos títulos digitais, mas talvez se houvesse um grande lançamento digital, talvez de algum mangá exclusivo para o formato, quem sabe não mudasse de ideia.